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16.10.2025 | 09h47

Tudo fica obsoleto, inclusive você

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Eduardo Zugaib

May Rabello

May Rabello

Há apenas três certezas na vida: a morte, os boletos e a mudança. Tudo muda e, pelo bem ou pelo mal, isso inclui você. O que funcionava ontem pode não funcionar amanhã e a estabilidade é uma ilusão passageira. O mundo avança, tecnologias se reinventam, comportamentos se transformam e, quando menos percebemos, nos tornamos obsoletos não pela idade, mas por inércia.


Pense em um atleta no auge da carreira. Ele é veloz, imbatível, dono de reflexos apurados e disciplina invejável. Mas o tempo passa e um novo competidor, mais jovem e adaptado, surge para ocupar o mesmo espaço. A decadência, aqui, não é um acidente. É uma consequência natural de quem acredita que o auge é um lugar onde se pode morar. O mesmo vale para nós, profissionais, líderes, educadores e empreendedores. A pergunta não é se a mudança vai chegar, mas quando. E ela sempre chega, mesmo que você não queira.


A história japonesa dos samurais ilustra bem esse ponto. Por séculos, eles dominaram o Japão com disciplina, honra e maestria no uso da espada. Até que a pólvora chegou. De repente, toda a técnica milenar perdeu espaço diante da força impessoal das armas de fogo. Muitos resistiram, lavaram a honra e morreram lutando contra o inevitável, outros compreenderam que não adiantava enfrentar a realidade com espadas afiadas e se reinventaram como estrategistas, conselheiros, empresários. A realidade não se preocupa com o passado glorioso, apenas com a capacidade de adaptação ao que vem pela frente.


Aprender continuamente, portanto, não é um luxo intelectual, mas necessidade de sobrevivência. Sócrates já dizia: “Só sei que nada sei.” Essa frase não expressa ignorância, e sim humildade, o reconhecimento de que o mundo é maior que o nosso repertório. E tal como a água, quando o conhecimento não se renova, quando não se transforma em sabedoria e posteriormente em atitude, ele simplesmente apodrece.


A todo instante a realidade nos joga na cara exemplos de quem não entendeu isso. Durante décadas, os datilógrafos dominaram o ambiente de trabalho. Até que os computadores chegaram e quem não se adaptou ficou para trás. O mesmo acontece hoje com profissionais que ignoram o impacto da inteligência artificial, da transformação digital ou das novas habilidades comportamentais exigidas pelas empresas, diante de realidades cada vez mais voláteis. Ontem ou hoje, o problema não é a tecnologia substituir pessoas, mas pessoas se recusarem a aprender novas formas de trabalhar.


A obsolescência não acontece de repente; é um processo lento e silencioso, que começa quando alguém acredita que já fez o suficiente. A reinvenção, ao contrário, é um ato de coragem, que podemos também chamar de “a nova competência essencial”. É aceitar que o desconforto faz parte da evolução e que não há crescimento possível sem curiosidade. Manter-se atualizado, observar tendências, experimentar novas habilidades, ouvir o diferente, questionar o próprio modo de pensar... tudo isso é parte da luta diária contra o esquecimento.


Tudo fica obsoleto. As máquinas, as ideias, os métodos e nós também. Mas a boa notícia é que a obsolescência não é o fim da linha, e sim um aviso para quem se recusa a aprender e, por isso, acaba envelhecendo antes do tempo. No fim, o que garante nossa relevância não é o que sabemos, mas o quanto ainda estamos abertos a aprender.

Eduardo Zugaib é educador executivo, professor, escritor best-seller e autor do livro “Filosofia Bruta” (DVS Editora)

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