Animais nas produções de televisão

Eles não falam uma só palavra em cena e também não dão entrevistas e autógrafos. Mesmo assim, de vez em quando se tornam verdadeiras celebridades. Em Alma Gêmea, por exemplo, a pata Doralice tem sido um dos destaques. Já em América, fazem sucesso o labrador Quartz e o carrancudo touro Bandido. Este último, por acaso, já conta até mesmo com linha de produtos exclusiva, composta de canecas, camisetas, bonés, adesivos e um DVD com suas melhores performances nos rodeios. "Ele é um animal muito carismático", enaltece Paulo Emílio Marques, criador e dono do touro.

Carisma também parece não faltar ao labrador Quartz. Tanto que o animal é o mais novo xodó de Marcos Frota, que interpreta o cego Jatobá em América. A convivência do ator com o cão extrapola os limites da ficção e, atualmente, Quartz mora na sua casa. "Ele é um cão muito dócil, além de ser muito inteligente", revela. Relação de intensa amizade também foi o que aconteceu com Françoise Forton, que no momento vive a Arabela de Os Ricos Também Choram, do SBT. Durante a novela Por Amor, da Globo, a atriz levou para casa a pug Alteza. A convivência de oito meses fez com que a atriz ficasse bastante chateada quando teve de devolver Inès, seu verdadeiro nome, ao dono. "Ela era um amor. Quando gravava sem ela, Inès não podia me ver no vídeo, pois começava a chorar", dramatiza.

Mas nem sempre a relação entre atores e animais é tranqüila. Pelo contrário. Que o diga o veterano Tarcísio Meira. Durante a gravação de uma cena da minissérie A Muralha, o ator literalmente caiu do cavalo. Por sorte, não se machucou. "Numa fração de segundo, apenas pensei no trágico acidente com o Christopher Reeves", relembra. Já Stênio Garcia, que contracenou com duas cobras e uma pantera na minissérie Hilda Furacão, também teve problemas. Numa das cenas, a pantera Tereza chegou a rosnar para o ator. "Dei logo um tapão no rosto dela e ela sossegou. Nessas horas, não se pode demonstrar medo", ensina, corajoso.

Medo, na verdade, foi o que sentiu a atriz Fernanda de Souza, assim que soube que iria contracenar com a pata Doralice em Alma Gêmea. A atriz, que nunca teve contato direto com o campo, ainda se apavora ao ficar lado a lado com animais de grande porte. Fernanda, porém, garante que já se acostumou com a penosa. "Ela é imprevisível. Às vezes, está agitada e, outras, está bem calminha. Toda vez que ela sai voando, a gente tenta inserir na cena para ficar mais real", comenta. Responsável pela novela das seis, o autor Walcyr Carrasco é um especialista do mundo animal. Em O Cravo e a Rosa, Januário, personagem de Taumaturgo Ferreira, não abria mão da companhia de um porco. Já em Chocolate Com Pimenta, Timóteo, de Marcello Novaes, batia altos papos com a vaca Estrela. "Como gosto muito de bichos, sempre costumo colocá-los em cena", conta.

Apesar de também gostar de animais, Joana Limaverde, assim como Fernanda de Souza, ficou um pouco assustada quando soube que contracenaria com uma jibóia em Xica da Silva, da extinta Manchete. A atriz ressalta, porém, que o susto passou logo assim que começou a gravar enrolada no réptil. Joana acrescenta que contracenar com uma cobra foi até mais fácil do que montar os cavalos de Estrela de Fogo, da Record. "Eles sempre saem das posições, o que dificulta muito o trabalho. Já as cobras são muito tranqüilas na hora de gravar", compara.

Tranqüilidade também demonstrava o pastor alemão Lobo de O Vigilante Rodoviário. É o que lembra Carlos Miranda, que estrelava o seriado nos anos 60 e 70. O veterano ator conta que o cão assimilava facilmente as ordens do diretor Ary Fernandes e, com poucos ensaios, o resultado era sempre satisfatório. Ele destaca apenas que Lobo mudou de comportamento depois de queimar a pata no escapamento da moto do vigilante. "Ele nunca mais subiu na garupa. Precisamos trocar a motocicleta pelo carro", entrega.