16.04.2013 | 18h20
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Mato Grosso virou piada e alvo de deboche ao ter parte da história de 4 municípios distorcida de forma pejorativa, inclusive com várias palavras de baixo calão em trechos de textos extraídos de um site da internet e reproduzidos numa cartilha usada num curso de capacitação gratuito oferecido pela Secretaria de Trabalho e Assistência Social (Setas), ou seja, do governo do Estado.
O Instituto Concluir, responsável pela elaboração do material “pedagógico” impresso em pelo menos 40 livros destinados ao curso de Atendente em Hotelaria e Turismo, assumiu toda culpa isentando o governo de Mato Grosso de qualquer responsabilidade sobre o episódio. Presidente do instituto, Edvaldo de Paiva, disse em nota, acreditar tratar-se de alguma “sabotagem” e classificou como “informações equivocadas dos municípios da Baixada Cuiabana”.
Sobre o município de Cáceres, o livro trazia a seguinte informação: “No século XVII um grupo misto de ex-comungados gatos de botas que carregavam bandeiras, índios tabajaras, freiras lésbicas celibatárias, e fugitivos de um circo de horrores holandês fundaram essa cidade.
O progresso da cidade foi vertiginoso, tanto que no início do século XX chegaram as primeiras notícias sobre a invenção da roda e do fogo na cidade. Todavia nem tudo são flores, pois em 1970 uma praga destruiu todos os pés de manga da região, o que resultou num período de fome que matou 40% da população da época”, diz trecho do texto, o mesmo disponível no site “Desciclopédia”.
A instituição realiza parceira com o governo do Estado o Programa Qualifica Mato Grosso, visando atender e qualificar 3.2 mil alunos por meio de 17 cursos oferecidos em 60 municípios e distribuídos em 160 turmas.
Chico Ferreira![]() |
Santo Antônio do Leverger também aparece na apostila distribuída aos inscritos no curso, descrita como “um município que ninguém conhece, no sul de Cuiabá, no caminho para o pantanal e por isso contêm altas doses de isolamento da civilização exterior.
Povoado que surgiu lá pelo século XIX quando bandeirantes paulistas ali chegaram e se depararam com uma vasta beleza natural e diversidade ecológica, e então falaram ‘Que porra de pantanal o quê! Nós viemos aqui para pegar ouro!‘, e assim abriram diversas minas de ouro que durante décadas agrediram continuamente o relevo e solo da região”.
Os trechos publicados no livro são os mesmos que estão disponíveis na internet, o que levanta dúvidas sobre a forma como são elaborados e “revisados” os conteúdos empregados nos livros.
Contudo, o presidente do Instituto Concluir minimiza a situação e garante que “pode-se constatar que houve sabotagem no material didático, em apenas 40 livros, numa dimensão de mais de 7.000 livros. Afirma ainda que o material os materiais “já foram devidamente recolhidos e ajustados para posterior devolução aos alunos, visando com isso, não prejudicar o bom andamento do curso”.
A cidade de Barão de Melgaço é descrita como sendo “um curioso município no sul de Mato Grosso conhecido por seu pântano, natureza selvagem e total falta de ligação com a civilização e mundo exterior. De acordo com as antigas lendas passadas de geração em geração, a primeira habitação naquele cu de mundo foi feita por um tal de Lourenço Tomé em meados do século XIX, que cuidava de uma pequena roça produtora de sanguessugas medicinais”.
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Consta ainda no livro que “durante a Guerra do Paraguai, algumas tropas brasileiras se perderam após o seu barco ter sido atacado por um crocodilo gigante no Rio Paraná, eles acabaram indo parar neste pequeno povoado onde graças aos caipiras locais, conseguiram através de sinais de fumaça em Código Morse se comunicar com o exército. Aquela terra passou a ser do coronel da companhia, que era conhecido como ‘Melgaço‘ devido a seu bizarro costume de beber mel todas as tardes. Dizia que servia como repelente natural contra mosquitos. Povoado tornou-se município em 1953, porque é tão longe de Cuiabá que nem se deram trabalho de tornar essa porcaria num distrito da capital. Atualmente é só mais um fétido brejo no oeste do Brasil”.
Poconé por sua vez é apresentado como um “vilarejo colonizado por faiscadores, muambeiros, aventureiros, meretrizes, mercadores e outros tipos comuns naqueles filmes de faroeste que, seduzidos pela abundância do ouro facilmente extraído acabaram naquele fim de mundo onde ficaram presos para sempre”.
Edvaldo de Paiva garante na nota de esclarecimento que a “Instituição Concluir assume toda e qualquer responsabilidade pela elaboração do material didático, não cabendo nenhuma responsabilidade à Secretaria de Assistência Social/Setas. Por fim, pedidos desculpas a todos os municípios e munícipes, que de alguma forma sentiram-se ofendidos com o teor das informações contidas no interior das apostilas e por todo o equívoco e transtornos ocorridos”. A assessoria de imprensa da Setas disse que a Secretaria Roseli Barbosa ainda está tomando conhecimento do fato que ainda é muito recente. Se houver necessidade, ela deverá se pronunciar em outra ocasião, visto que o Instituto Concluir deixou claro que a secretaria não tem responsabilidade sobre o conteúdo pedagógico publicado nos livros usados nos cursos.
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eduardo coelho de sousa - 26/03/2015
O Instituto Concluir, deve, sim ser responsabilizado ao pagamento das indenizações. A Secretária à época deve sim, ser condenada por peculato e ter sua prisão pedida à Justiça
1 comentários