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importância da primeira infância 04.08.2025 | 08h39

Crianças de até seis anos estão passando o dobro do tempo recomendado em frente às telas

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Divulgação

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Seis a cada 10 bebês e crianças de até 6 anos ficam mais de duas horas por dia na frente de uma tela no Brasil. O número é o dobro do limite recomendado para a faixa etária pela SBP (Sociedade Brasileira de Pediatria), que indica a média de uma hora para crianças de 2 a 5 anos e nenhuma exposição para bebês de até 2 anos.

 

Apesar da alta exposição, 58% dos responsáveis por crianças reconhecem que é importante limitar o uso de televisão, celular, tablet e computador para o bom desenvolvimento infantil.


Os números foram revelados pela pesquisa “Panorama da Primeira Infância: O que o Brasil sabe, pensa e vive sobre os seis primeiros anos de vida”, feita pela Fundação Maria Cecília Souto Vidigal e divulgada nesta segunda-feira (4).

 

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O levantamento ainda indica que falta conhecimento da população sobre a importância da chamada primeira infância, que compreende os seis primeiros anos de vida.

 

Para 41% dos entrevistados, a fase em que o ser humano mais se desenvolve é aos 18 anos. Pesquisas apontam, no entanto, que é até os seis anos o período mais potente do desenvolvimento humano.

 

Levando isso em consideração que nesta semana, o presidente Lula deve assinar a Política Nacional Integrada para a Primeira Infância (PNIPI), iniciativa que coloca o desenvolvimento de bebês e crianças como prioritário para combater às desigualdades sociais (saiba mais abaixo).

 

A medida vai ser lançada em um cenário em que 44% da população acha que, independentemente da lei, a família é quem deve decidir o que é melhor para a criança.

 

O ECA (Estado da Criança e do Adolescente), que neste ano completa 35 anos, estabelece que a família, a sociedade e o Estado têm o dever de assegurar, com prioridade absoluta, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária de crianças e adolescentes.

 

“A gente vê na pesquisa que o conhecimento do tema é muito baixo. A nossa maior curiosidade era de saber o que as pessoas entendem sobre o desenvolvimento na primeira infância, o que acham que está acontecendo com aquela criança pequena”, destaca Paula Perim, diretora de Comunicação da Fundação Maria Cecilia Souto Vidigal.

 

A pesquisa ouviu 2.206 pessoas, com uma amostra que reflete a população brasileira, sendo que 822 entrevistados são responsáveis por cuidados de crianças de zero a seis anos.


Uso da violência para educar
A pesquisa mostra que pelo menos 40% dos responsáveis por crianças têm como estratégia disciplinadora gritar ou brigar e 29% admitem usar a famosa palmada para educar bebês e crianças pequenas. Apesar disso, somente 17% dos cuidadores acreditem na eficácia de dar palmada, beliscão ou aperto.

 

Além disso, para 47% das mulheres, a violência física resulta em comportamentos agressivos nas crianças. Esse índice cai para 36% entre os homens.

 

A Lei Menino Bernardo, também conhecida como Lei da Palmada, estabelece que toda criança têm o direito de ser educada e cuidada sem o uso de castigo físico ou de tratamento cruel ou degradante.

 

“Quem nunca gritou com alguém? Como é que a gente lida com isso? Eu acho que temos que olhar para os nossos valores e padrões. É claro que a categorização do estresse tóxico é justamente essa violência repetida por períodos prolongados e com muita intensidade”, explica Mariana Luz, CEO da fundação.

 

Segundo Paula Perim, apesar da legislação é difícil mudar a forma como as pessoas acreditam que é o certo de educar.

“Você repete aquilo que você viveu. As pessoas dizem que batem por amor, ou para não apanhar da polícia depois. Tem uma questão cultural muito forte A gente está falando de mudança de comportamento. Não acontece, às vezes, nem de uma geração para outra”, detalha.

 

Uso de telas
Outro ponto preocupante é o uso de telas por essas crianças tão pequenas. Muitas vezes os pais recorrem a elas como ajuda para o cuidado.

 

Uma pesquisa da Universidade de Washington descobriu que 44% dos pais e das babás sentem-se culpados por não conseguirem parar de mexer nos celulares enquanto estão cuidando dos filhos.

 

O levantamento da Fundação Maria Cecília Souto Vidigal indica exatamente isso, que apesar de recorrerem às telas, os pais sabem que não é o melhor, e quanto maior for a exposição maior a percepção de impacto pelos cuidadores.

 

Para 56% dos responsáveis, o uso de telas impacta a saúde das crianças. Já entre os que indicam um uso superior a 10 horas diárias, o índice sobe para 85%.

 

“Essas crianças estão aprendendo desde que nasceram. Tem muita gente que brinca com elas com o celular na mão. A mãe amamenta mexendo no celular”, destaca Paula Perim.

 

No entanto, Mariana Luz ressalta que o desafio é ainda maior porque muitas vezes a mãe não tem outra opção, a não ser a tela.

 

“É claro, no caso de uma mãe em situação de vulnerabilidade socioeconômica, que não tem com quem deixar aquela criança, que a tela eventualmente funciona como babá, porque a gente tem que entender o contexto também, de repente gerou um benefício ali naquele momento. Mas assim, do ponto de vista científico, de desenvolvimento, isso não gera benefício para ninguém, nem a violência nem a tela”, explica.

 

Há também uma grande diferença regional quando o assunto é como impedir o uso de tela pelas crianças. A região Sul é que mais acha que a melhor forma é proibir, com 26% apontando essa alternativa.

 

Já no Nordeste, 55% acreditam que o melhor é incentivar brincadeiras ao ar livre e atividades físicas, já no Norte, 57% apostam em estabelecer horários fixos para uso desses equipamentos.


Política nacional
Nesta semana, o presidente Lula deve assinar a Política Nacional Integrada para a Primeira Infância.

 

O objetivo é integrar as esferas municipal, estadual e federal para oferecer melhores serviços para as crianças de até seis anos. Mais da metade das crianças brasileiras na primeira infância vivem em famílias de baixa renda.

 

Entre as políticas que devem ser fortalecidas estão a ampliação de vagas em creche e aumento da vacinação. Também deve ser criado um Sistema de Informação Integrado. O decreto para a criação da política nacional foi assinado no ano passado.

Apesar de ser algo positivo, Mariana Luz alerta que a implementação pode ser complicada.

 

“O Brasil adotar essa estratégia é um passo importante, mas não resolve. Assinar a política, embora seja complexo, é a parte mais fácil. É no descer e chegar na família é onde geralmente a gente escorrega”, afirma.

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