Amazônia é tema do Festival de Cinema de Cuiabá este ano

A 22ª edição do Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá (Cinemato), que será realizado entre os dias 14 e 20 de julho, no teatro da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), traz o tema "Decolonizando a Amazônia" e homenageia o cineasta Silvino Santos. O lançamento foi realizado nesta terça-feira (27).

As inscrições para curta-metragens ficarão abertas até o dia 6 de junho. No dia 15 seguinte, serão divulgados os 6 longa-metragens, sendo dois mato-grossenses, e 14 curtas, sendo 4 mato-grossenses, exibidos ao público. A previsão é que sejam mais de 54 longas - número da última edição - inscritos. A inscrição pode ser feita pelo site www.festivalcinemato.com.br.

Segundo Luiz Carlos de Oliveira Borges, cineasta e idealizador do festival, o tema foi motivado pela situação atual de emergência climática. A edição busca romper com a visão colonizadora sobre a Amazônia e preservar a vivência dos povos da região e o olhar brasileiro sobre o bioma.

"A gente pensou que um lugar importante para ser discutido desse país é a Amazônia. A nossa formação histórica, enquanto colonizados, foi muito forçada pelo conhecimento e pela filosofia da erudição europeia. A gente está tentando, através do cinema, buscar um pouco esses referenciais no próprio pensamento do país, no pensamento do povo brasileiro", explicou ao .

O cineasta Silvino Santos, também conhecido como “cineasta da selva”, será homenageado pela contribuição documental na Amazônia. Nascido em Portugal, ele se estabeleceu em Manaus e é considerado um dos pioneiros do cinema brasileiro, ao lado de nomes como Humberto Mauro.

O documentário "Amazonas, o Maior Rio do Mundo", de Silvino, foi encontrado em 2023, na República Tcheca, após passar quase 100 anos perdido. Em 1921, ele dirigiu "No Paiz das Amazonas", clássico filme que mostra o processo de extração e cultivo de produtos na região Norte do Brasil.

"Silvino Santos foi um cara incrível, que viveu uma vida inteira na Amazônia. Ele encontrava uma forma de fazer cinema, obviamente, patrocinado pelas grandes empresas que exploravam a Amazônia na época da borracha, mas dava suas escapadinhas para fazer o registro da vida, do cotidiano da floresta e dos povos originais. Ele tem um legado fantástico", destaca Luiz Borges.

Silvano Costa

 

30 anos de história
O Cinemato nasceu em 1993 - na época, sob o nome de Mostra de Cinema e Vídeo de Cuiabá. Apesar dos 32 anos de história, esta é apenas a 22ª edição, devido à ausência de investimento público em outras ocasiões. O festival mexeu com a produção audiovisual mato-grossense, sendo não apenas um espaço de exibição, mas um projeto pedagógico e político que transformou a cena cultural local.

Mais do que premiar, o evento formou gerações que hoje atuam no audiovisual mato-grossense e brasileiro. O Cinemato foi palco de primeiras consagrações de grandes nomes como Dira Paes, que recebeu aqui seu primeiro prêmio de Melhor Atriz por “Corisco & Dadá” (1996), Fernando Meirelles, premiado por “Domésticas” (2001) antes de ganhar o mundo com “Cidade de Deus” (2002), e Hilton Lacerda, diretor e roteirista de “Tatuagem” (2014). (Com assessoria)