ENTRE LINHAS E LEMBRANÇAS 26.10.2025 | 10h00

maria.klara@gazetadigital.com.br
Mel Rodrigues/ GD
Entre novelos coloridos, agulhas e bonecas minúsculas, Marina dos Santos, de 64 anos, encontra paz. Cada ponto de crochê que sai de suas mãos carrega um pedaço de história, de uma infância simples, marcada por afeto e descobertas.
“Eu tinha 7 anos quando aprendi a fazer crochê com uma conhecida”, recorda, com o olhar distante. “Um dia, uma vizinha pediu para ela fazer um corpete, e ela olhou para mim e disse: ‘É você que vai fazer.’ Eu fiquei desesperada, mas fui tentando… e deu certo.”
O elogio da vizinha foi o primeiro reconhecimento do talento que Marina só redescobriria décadas depois. A vida seguiu outro rumo: ela se tornou manicure e deixou o crochê guardado no fundo da memória. Mas o destino, paciente como os fios que aguardam ser trançados, esperava o momento certo para se entrelaçar novamente.
Foi durante a pandemia que o crochê voltou a fazer parte de sua rotina, e de sua alma. “Uma cliente me pediu um tapete dupla face. Eu achei que não ia conseguir, mas ela insistiu. Minha filha me mostrou vídeos no YouTube e, quando vi, já estava crocheteando de novo”, conta, sorrindo.
Da linha grossa dos tapetes nasceram miniaturas delicadas: vestidos, chapéus e bolsas para bonecas. “Um dia sonhei com uma bolsinha pequenininha e fiz. Achei tão linda! Depois comecei a fazer roupinhas. É uma coisa tão delicada que me enche de alegria”, diz.
Hoje, Marina divide o tempo entre o salão de beleza e o crochê, mas o que antes era apenas passatempo virou refúgio emocional. “Faço pra distrair a mente. Quando termino uma roupinha, coloco na boneca e deixo em cima da mesa pra meu filho ver. Ele elogia, e isso me dá força pra continuar.”
Ela conta que o público que mais se encanta com suas peças são os adultos, não as crianças. “Antigamente, toda menina queria uma boneca. Hoje, elas não têm tanto interesse”, lamenta. Para ela, suas criações carregam um toque de nostalgia, lembranças de uma infância sem pressa, em que brincar era um gesto de imaginação e ternura.
Em cada ponto, Marina costura mais do que tecidos: costura memórias. O crochê, que começou como um improviso guiado pela mãe, se tornou um fio de continuidade, ligando passado, presente e futuro. “Quando faço uma roupinha e vejo que deu certo, penso: ‘Nossa, eu consigo mesmo’. É uma felicidade que não dá pra explicar.”
Entre as linhas e o silêncio das tardes, Marina tece o que o tempo não apaga: a beleza de criar com as próprias mãos e o poder de transformar simples fios em lembranças que aquecem o coração.
Para encomendar peças com a artesã, é só entrar em contato com o número (65) 99954-6444.
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