Casais celebram amor em casamento LGBTI em Cuiabá

O número 13 pode ser considerado de azar para muitas pessoas, mas para os 13 casais que compartilharam o primeiro casamento comunitário LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, transexuais e intersexuais) de Cuiabá, o número trouxe apenas sorte. Na noite de sexta-feira (28), eles celebraram o amor, em uma cerimônia realizada Conselho Municipal de Atenção à Diversidade Sexual, que reuniu amigos, familiares e militantes do movimento LGBTI.

Com o arco-íris estampado em vários locais da decoração, os casais declararam o seu amor e fidelidade em um momento que levou os presentes às lágrimas. Uma das palavras mais usadas da noite foi celebração, seguida pela palavra respeito, que os casais afirmaram lutar todos os dias para ter na sociedade em que vivem.

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Luiz Leite

Lu Mello e Claudete Jaudy

Para alguns, o momento serve para coroar o relacionamento de muitos anos, como a professora Claudete Jaudy e a produtora cultural Lu Mello. Juntas há 28 anos, elas investiram em vestidos de noiva curtos e sapatos prateados para comemorar a nova etapa.

“Nós já passamos por muita coisa. Quando nos conhecemos, não tínhamos nada e conseguimos construir nosso patrimônio. É maravilhoso darem condições para todos possam realizar o sonho, muita gente colaborou, com vestido, decoração, espaço. Só temos que agradecer”, comemora Claudete.

Elas ficaram sabendo do evento por uma rede social e ao serem convidadas, não hesitaram em aceitar a proposta. “Eu vi no Facebook e já pensamos em participar. É um momento ímpar”, afirma Lu.

Luiz Leite

Jeferson Freitas de Souza e Josy Thaylor Santana

Os casais subiram ao altar ao som de “Além do Arco-Íris”, da cantora Luiza Possi, que fala de um relacionamento escrito nas estrelas. “Além do arco-íris, só eu sei, que o amor poderá me dar, tudo o que eu sonhei”.

Entre eles estavam Josy Thaylor Santana e Jeferson Freitas de Souza, que moram juntos há 4 anos e tem um filho de um ano. O casal tinha o sonho de se casar e fazer uma festa, porém, por causa das condições financeiras, acabaram adiando o sonho, que foi realizado junto com outros 12 casais.

“A nossa causa, a nossa luta, estão cada vez vencendo mais. Ganhando agora o apoio da Prefeitura, do governo. Queremos mostrar que também temos direitos”, enfatizou Josy.

Vice-presidente da ONG Livremente, Clóvis Arantes falou sobre amor, celebrar a vida e o respeito. “A visibilidade é o que nos mantém vivos. E nesse dia 28 de junho, Dia Internacional dos Direitos da População LGBTI+, celebramos todas as possibilidades de ser e estar no mundo. Nós existimos, temos direitos e exigimos respeito”.

Luiz Leite

Casamento comunitário LGBTI

Mesmo em dia de festa, as lutas da população LGBTI e o preconceito enfrentado não deixaram de ser lembrados. Juiz do trabalho, Plínio Podolan, um dos apoiadores do evento, falou sobre a decisão judicial de 2011 que permitiu que pessoas do mesmo sexo pudessem se casar.

“Essa decisão veio tarde, mas pelo menos veio, porque em mais de 60 países o amor entre duas pessoas do mesmo sexo é crime. Somos sim famílias e devemos ser respeitados como família. Precisamos mostrar ao mundo o nosso amor e enquanto continuarmos mostrando o nosso afeto, as próximas gerações terão menos obstáculos que nós tivemos”, discursou Plínio, emocionado.