Comerciantes estão aflitos com desocupação do Mercado Municipal

Comerciantes do Mercado Municipal de Cuiabá estão angustiados com o despejo promovido pela Prefeitura de Cuiabá para iniciar uma revitalização no local. Lojistas devem sair do espaço ainda essa semana. Há 30 anos com loja de ervas no centro comercial, o comerciante Aziz Dogan disse que o sentimento é de estar começando tudo de novo.

Prefeito de Cuiabá, Emanuel Pinheiro (MDB), apresentou o projeto de revitalização do mercado em abril de 2021, contendo 3 pavimentos e estacionamento rotativo com cerca de 600 vagas. Ordem de serviço foi assinada em 21 de dezembro de 2022 entre a prefeitura e o Consórcio C.S.Mobi, que fará o empreendimento.

“Estamos aqui, mais ou menos, há 30 anos e ter que sair daqui, deixar a nossa clientela, o nosso ponto, é bem difícil. Achamos uma loja em conta para alugar atrás na (Estação) Bispo e vamos para lá ver o que vai dar. O sentimento é de estar começando tudo de novo. Uma nova luta e ficamos receosos, pois não é fácil”, disse o comerciante aflito.

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Para Aziz, uma estratégia para não retirar os comerciantes dos boxes seria dividir a construção, começando de um lado e encerrando do outro. No entanto, segundo a Prefeitura de Cuiabá, o local será totalmente demolido para a construção do novo prédio.

Otmar Oliveira

 

Mercado Municipal foi inaugurado na década de 60, na então gestão do prefeito Vicente Vuolo. Espaço, que conseguiu manter cerca de 80 boxes, com cuiabanos comprando com qualidade hortifrutigranjeira, carnes, erva, artesanatos e até roupas, atualmente está abandonado agonizando em ruínas, com coberturas caindo aos pedaços, espaços sendo moradia de andarilhos e usuários de drogas.

No entanto, há comerciante que garante a segurança dos clientes. É o caso da proprietária do único restaurante que sobrevive no mercado, Mafalda Cícera. Mesmo tendo o seu boxe já invadido por diversas vezes por usuários de drogas durante a madrugada, Mafalda disse que durante o expediente eles nunca causaram “medo”.

“Estou aqui há 8 anos. Desde quando o antigo proprietário passou o ponto para mim, eu tenho movimento aqui, porque meus clientes conhecem a minha comida desde o início. Se eu esperar alguém entrar aqui sem conhecer, vou morrer de fome, porque nesse lugar aqui ninguém entra, porque acha que nem tem gente trabalhando, as pessoas têm medo, é um lugar sombrio. Aqui dentro eles não mexem com ninguém, porque a gente conversa com eles para respeitar os clientes”, comentou a cozinheira.

Mafalda Cícera optou fechar o restaurante após desocupar o boxe. Isso porque, segundo ela, não conseguiu achar um espaço para alugar com valor que caiba em seu orçamento. No entanto, questionada sobre a possibilidade de retornar após a revitalização, ela contou que pretende abrir novamente o seu espaço no Marcado Municipal, mas em outro segmento, como de vestuário.

Otmar de Oliveira/Gazeta Digital

 

Ao , os comerciantes contaram que a Prefeitura de Cuiabá prometeu um aluguel social para que conseguissem locar outro espaço até que o Mercado Municipal fique pronto. No entanto, segundo eles, até o momento não foi comunicado sobre valores e quando começariam os pagamentos.

Conforme o projeto, o Mercado Municipal terá uma ampla variedade de produtos refinados, com bares, restaurantes, consultórios médicos e escritórios de advocacia.

Outro lado

Em nota, a Prefeitura de Cuiabá informou que o prazo para início das obras é 15 de agosto deste ano, com previsão de entrega da primeira fase é dezembro de 2024. Sobre o auxílio social, o Município explicou que o valor é proporcional ao tamanho da área que cada boxe tem, sendo entre R$ 1.300 e R$ 4 mil, e será pago pela concessionária.