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Cuiabá, Domingo 16/11/2025

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URBANIZAÇÃO AMEAÇA VEGETAÇÃO 16.11.2025 | 16h55

Da sombra ao concreto; Cuiabá perde o título de 'Cidade Verde'

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Maria Klara Duque - Especial para o GD

maria.klara@gazetadigital.com.br

Chico Ferreira

Chico Ferreira

“Oh Cuiabá, Cidade Verde, ai, ai, ai, com cheiro de pequizá, ai, ai, ai”. A canção, uma das mais conhecidas da cultura cuiabana, retrata uma cidade arborizada, fresca e marcada pelo verde que ajudou a construir sua identidade. No entanto, essa imagem já não corresponde à realidade há muito tempo.

 

O processo de ocupação urbana em Cuiabá avançou, e segue ocorrendo, sem planejamento adequado para preservar nascentes, córregos e áreas verdes, elementos essenciais para o equilíbrio ambiental e conforto térmico da população.

 

Leia também - Cuiabá registra queda nos casos de Covid-19 e reforça importância da vacinação

 

A redução da vegetação é hoje um dos fenômenos mais evidentes na paisagem da Capital. Loteamentos com um mínimo de árvores, avenidas expandidas sem sombreamento e bairros inteiros pavimentados intensificam o calor e empobrecem a qualidade do ar. A arquiteta e urbanista Ana Silva avalia que o problema não é recente, mas se intensificou com o avanço acelerado da cidade.

 

“Cuiabá cresceu rápido demais e a vegetação não acompanhou esse ritmo. Cada lote limpo sem reposição de árvores e cada rua aberta sem projeto de sombreamento enfraquece o nosso microclima. É um processo silencioso, mas constante”, explica.

No entanto, o diagnóstico mais contundente vem da professora doutora Flávia Santos, especialista em clima urbano e infraestrutura verde, que afirma que Cuiabá não pode ser chamada de Cidade Verde.

 

“Infelizmente, não mais! O crescimento urbano acelerado modificou completamente a estrutura da cidade. Apesar de termos parques importantes, perdemos muita vegetação em lotes e vias públicas, resultado da expansão desordenada e da ausência de políticas públicas que incentivem o plantio e a manutenção das árvores”, pontua.

 

A impermeabilização do solo, causada pelo asfalto e construções, também altera o ciclo da água e prejudica a infiltração natural. Consequentemente, o escoamento superficial aumenta e contribui para enchentes, erosões e alterações no comportamento térmico da cidade.

 

“Quando a vegetação desaparece, perdemos muito mais do que a sombra. O ciclo da água é afetado, a fauna perde espaço, a temperatura sobe e a chuva escoa de forma mais agressiva. É um efeito dominó que já sentimos no cotidiano”, completa Ana.

 

A professora Flávia ainda reforça que a perda de árvores tem ligação direta com o aumento das ilhas de calor na capital mato-grossense.

 

“Quanto mais áreas verdes são substituídas por asfalto e concreto, maior é a absorção e posterior liberação de calor. Esse processo mantém as temperaturas elevadas por mais tempo, intensificando a sensação térmica e agravando o desconforto climático”, explica.

 

Segundo Flávia, a manutenção da arborização deveria ser tratada como prioridade em cidades quentes como Cuiabá.

“O sombreamento não é apenas estética, é saúde pública. A cidade perdeu grande parte de sua vegetação com a expansão desordenada e, sem políticas públicas consistentes, continuará perdendo”, avalia.

 

Tanto Ana quanto Flávia destacam que ainda há possibilidade de reverter parcialmente o cenário, mas isso depende de planejamento, incentivo ao plantio, manutenção adequada e mudança cultural na relação dos moradores com as áreas verdes.

Imagens divulgadas pela página IA em Cuiabá, no Instagram, evidenciam essa transformação. As fotos comparativas da Praça do Porto, registradas em 2006 e 2023, mostram de maneira clara a redução drástica das árvores no local.

 

Onde antes havia copas densas formando corredores sombreados, hoje predominam espaços abertos, pavimentados e com poucas áreas de proteção vegetal. O contraste entre os anos reforça, de forma incontestável, a velocidade com que a Capital vem perdendo sua cobertura arbórea.

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