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mês do orgulho lgbtqia+ 13.06.2021 | 18h29

Em país homofóbico, estilista cuiabano detalha resistência de ser gay

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Luiz Leite/Gazeta Digital

Selo LGBTQI+

 

No Brasil de ontem e hoje, ser gay mais do que nunca é um ato político. Ainda que o amor seja livre, há quem afirme que existem pessoas que não têm direito sobre ele. Nessas circunstâncias avessas, de amor negado e ódio liberado, a comunidade LGBTQIA+ celebra neste mês de junho orgulho de ser quem se é.


O estilista cuiabano Felipe Fanaia, por exemplo, sempre soube quem ele era. Porém, o processo de se assumir e dizer que é gay foi delicado, já que conforme foi crescendo, precisou se “moldar” ao que a sociedade homofóbica espera.


“A gente cresce e se desenvolve, desde a infância, reprimindo tudo que a gente é, pra poder se adequar à sociedade, pra não ser chacota e virar piada. Então, a gente cresce dentro de uma repressão, né?”, explica.

 

Leia também - Mulheres celebram o amor e relatam os desafios de viver suas liberdades


Ele relembra que sempre foi uma criança que gostava de se apresentar, dançar e brincar, até que passou a ser um adolescente mais retraído.


“Eu lembro que quando fui tomando essa consciência, de que não era 'tão legal' [ser assim], fui começando a ficar mais retraído, me tornei mais introspectivo, mais tímido e isso já na oitava serie, quando você começa a entrar no Ensino Médio. Você começa a ter consciência de que a sociedade não vê isso de uma forma tão natural e você começa a ficar mais travado”, conta.


As coisas realinharam quando Felipe se assumiu para a família. Ele não deixa de reconhecer, também, que esteve numa posição de privilégio, pois sua família aceitou a sua orientação sexual, coisa que, infelizmente, não acontecem com muitos gays.


“Óbvio que tem um início de turbulência ali, porque tem uma adaptação geral, tanto pra mim quanto pros meus pais, então isso gerou alguns conflitos em certos momentos. Mas eles estavam abertos para aprender, a conhecer. Eles sempre foram muito incríveis e respeitaram o meu espaço”, pontua.


Porém, Felipe avalia que quando se abriu e teve acolhimento em casa, nada mais importou. Por isso a importância. “A partir do momento que eu estava aceito dentro de casa, o mundo foi muito mais fácil pra mim. Sair na rua e me assumir pras pessoas, tipo, tanto faz. Porque minha família já estava ali”.


As provocações na escola não deixaram de acontecer. Em um episódio que sofreu homofobia, Felipe ainda estava se assumindo, até que conheceu um menino pela internet. O rapaz morava em São Paulo, e Felipe viajou para encontrá-lo. Na ocasião, eles tiraram uma foto, que foi publicada no perfil do estilista no Fotolog, rede social de fotos da época.


Um menino de outro colégio imprimiu a foto e espalhou pela cidade, como uma forma de fazer chacota e recriminá-lo.
“Num primeiro momento, foi extremamente assustador, porque foi a primeira vez que eu tive contato com uma agressão desse tipo. É uma coisa que afeta bastante a gente. Psicologicamente e tudo mais. Só que, na época, por ser muito novo, eu não tinha ideia de quão grave era essa situação”, comenta.


Porém, Felipe avalia que quando se abriu e teve acolhimento em casa, nada mais importou. Por isso a importância dos pais ou responsáveis em amparar os filhos LGBTQIA+. “A partir do momento que eu estava aceito dentro de casa, o mundo foi muito mais fácil pra mim. Sair na rua e me assumir pras pessoas, tipo, tanto faz. Porque minha família já estava ali”.

 

Reprodução

felipe fanaia

 

Moda e política
No mundo da moda, Felipe Fanaia entrou por acaso: após se formar em Design de Interiores em São Paulo, planejava voltar para Cuiabá quando conheceu Rober Dognani, um estilista experiente da cidade com quem decidiu abrir uma loja. Começou então, desenhando as peças da loja Das Haus.


O designer então teve a oportunidade de participar da Casa de Criadores, em que foi selecionado em primeiro lugar. Agora, 11 anos depois, Felipe já vestiu diversos famosos com a sua marca.


No entanto, o estilista pontua que o setor da moda não foi um meio hostil com ele por ser LGBTQIA+. “No meio da moda, ser LGBTQIA+ nunca foi um problema porque é um meio majoritariamente de gays e mulheres, então dentro nessa parte de design de moda, nunca tive muito problema”.

 

Em 2018, Felipe teve a oportunidade de politizar a passarela, como forma de protesto pelas eleições presidenciais de 2018. Jair Bolsonaro (sem partido) foi eleito, com posicionamento abertamente homofóbico, racista e machista. O desfile foi também um manifesto pelo respeito à diversidade sexual.


Como modelos, o estilista trouxe homens e mulheres trans, a exemplo da cantora Pepita. “Montei como se fosse uma guerrilha, uma forma de resistência, pra dizer que estamos aqui, vamos continuar batalhando. Porque demoramos tanto para chegar nesse lugar e não vamos recuar agora”.

 

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Comentários

Maria Luiza Ribeiro Fanaia Teixeira - 14/06/2021

Profissional competente, exemplo de pessoa. Admiro muito você é seu trabalho

Jorge Nelson de Souza - 13/06/2021

Antigamente todo mundo se respeitava e não tinha esse negócio de homofóbico isso começou depois da esquerda ficar no poder, embora se você verificar em volta nos países que tem governo de esquerda o gay a lésbica são tratados como lixo eles passam uma imagem para mídia diferente mas são mais que homofóbicos.

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