volta de doenças raras ou extintas 26.10.2025 | 13h00

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SECOM-VG
De todas as vacinas aplicadas em crianças, Mato Grosso alcançou a meta de cobertura vacinal em somente uma delas, a BCG, de acordo com dados coletados até 1° de agosto deste ano, disponíveis em painel do Ministério da Saúde. O estado presencia o retorno de casos de sarampo, que pode ser prevenido com duas doses da tríplice viral. Jaqueline Costa Lima, doutora em ciências pela Universidade de São Paulo (USP), desenvolve pesquisas para explicar os motivos da resistência em se vacinar no estado e acredita que a desinformação tem um grande papel neste cenário.
Ainda que em um âmbito estadual a vacina BCG, que previne as formas graves da tuberculose, tenha a média de 99,1% de cobertura, existem municípios que registraram taxas abaixo dos 90%, a meta estabelecida. Porto Estrela, Acorizal e Terra Nova do Norte (194 km, 62 km, 675 km de Cuiabá) são exemplos que ficaram com imunizações inferiores a 70%.
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A vacinação tem um papel importante, principalmente na infância, e a maioria das vacinas deve ser aplicadas nesta fase da vida, seguindo o cronograma indicado pelo Ministério da Saúde. As substâncias ajudam a construir um sistema imunológico forte e aumentam as chances de sobrevivência de um bebê, por exemplo, conforme explica Jaqueline Costa.
“A vacinação na infância é fundamental porque ajuda a proteger as crianças contra doenças graves e potencialmente fatais. Elas são mais vulneráveis a doenças porque seus sistemas imunológicos estão se desenvolvendo. Além disso, a vacinação na infância ajuda a prevenir a propagação de doenças na comunidade”, explicou a pesquisadora.
No estado, dentre as coberturas mais baixas na primeira fase da vida, estão a segunda fase da tríplice viral, que previne o sarampo, caxumba e rubéola. Neste patamar também está o imunizante varicela, contra a catapora. Para a primeira dose da tríplice, o estado atingiu uma cobertura de 90,1%, abaixo da meta de 95%, enquanto para a segunda, a taxa é ainda menor, com apenas 69,48%.
Em Cuiabá, a taxa de cobertura vacinal para a segunda dose da tríplice viral é ainda mais baixa que a média estadual, com apenas 59,06%.
A baixa adesão e cobertura é um dos fatores contribuintes para que doenças retornem, como é o caso do sarampo, que ocorre novamente no estado, após 5 anos sem registros. Mato Grosso teve 4 casos de sarampo confirmados, todos em Primavera do Leste (231 km ao Sul). Até o momento, os estados do Tocantins, Maranhão e de Mato Grosso estão qualificados como em surto de sarampo.
A doutora pesquisadora explicou que, além da questão de mortes por doenças que poderiam ser evitáveis, este é outro problema que a falta de vacinação pode trazer, o retorno e surtos de doenças. Em casos mais extremos, o cenário pode trazer uma sobrecarga dos sistemas de saúde que, em determinadas localidades, já se encontram fragilizados.
Em 2025, Mato Grosso aplicou mais de 2,5 milhões de doses de vacina e recebeu 4 milhões.
Hesitação vacinal
Jaqueline Costa Lima desenvolve uma pesquisa que busca entender os possíveis motivos pelos quais as pessoas resistem em se vacinar, mesmo que saibam da importância das delas e sua proteção contra as doenças. O termo, na saúde, é chamado de hesitação vacinal e ela já trabalha com algumas hipóteses.
A desinformação sobre as vacinas, principalmente nas redes sociais, é um dos principais pontos de investigação que podem fazer com que as pessoas desistam de buscar os imunizantes.
“Infelizmente, existem muitas informações falsas e enganosas sobre as vacinas circulando por aí. Algumas das principais mentiras incluem a afirmação de que as vacinas causam autismo, a ideia de que as vacinas são ineficazes ou até mesmo a crença de que as vacinas contêm substâncias tóxicas ou perigosas”, explicou a pesquisadora.
Por fim, ela destaca que ainda existem aqueles que acreditam que a vacinação é desnecessária, principalmente em casos de doenças raras. Muitas destas doenças, entretanto, só se tornaram “raras” graças ao sucesso das vacinas como forma de prevenção.
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