Lindemberg foi criado em Cuiabá

Lindemberg Fernandes Alves, 22, que manteve a namorada Eloá Pimentel por 101 horas como refém em Santo André, no ABC Paulista, e acabou matando a adolescente, cresceu no bairro Dom Aquino, em Cuiabá. Morou no local dos 2 aos 12 anos e para a avó materna dele, Francisca Batista Alves, 75, que ainda mora no mesmo local, é difícil entender o que aconteceu.

Francisca elogia o neto, afirmando que o único defeito que ele tinha era que chorar muito. Mas elogia também Eloá, afirmando que esteve 3 vezes com a adolescente e que ela era muito carinhosa com toda a família de Lindemberg. "Ele era um menino bom. O que ele fez de errado foi se apaixonar demais".

A avó acompanha tudo desde o dia 13, pela televisão, quando o neto entrou no apartamento de Eloá e deu início a mais longa negociação em São Paulo. Afirma que não conseguia acreditar que era o neto que estava lá.

Ontem, via trechos do velório da adolescente. A última vez que esteve com o neto e com Eloá foi em agosto deste ano. Nas outras duas vezes que esteve em Santo André afirma que Eloá era "grudada" com o neto, mas que em agosto a situação estava diferente. Que Eloá estava mais distante e não foi vê-la antes de ir embora. "Eu perguntei se ele ia casar e ele me disse que estava trabalhando para isso".

Francisca afirma que não tem conseguido comer. Com a fotografia do neto de Eloá nas mãos, elogia a beleza da adolescente. A foto fica aos pés de Nossa Senhora Aparecida, "para proteger os dois". "Só posso entregar ele e ela para Jesus".

A avó de Lindemberg agora teme pela vida do neto, que dentro da prisão está recebendo ameaças. "Ele fez coisa errada, mais em estou com dó dele".

A tia de Lindemberg , Maria Rita Fernanda da Silva, também descreve o sobrinho como uma pessoa tranquila. "É difícil para a gente, mas é mais difícil para a outra família, porque eu perdi meu filho há 3 meses e é muito difícil mesmo. Você sente muita falta da pessoa. Seu que a mãe dela (Eloá) está sofrendo muito".

A mãe de Lindemberg , Maria das Dores, está muito abalada segundo a família e não quer nem mesmo retornar para a casa, onde morava sozinha com o filho.

Detalhes sobre Lindemberg - A avó de Lindemberg conta que ele estudou na antiga Prosol. Em uma foto de criança, o menino está com a cabeça baixa, enquanto os outros olham para a câmera. A avó afirma ainda que ele é natural da Paraíba, de onde é a família, mas que não conheceu o pai.

Veio para Cuiabá com a mãe e as outras três irmãs, que já são casadas e não moram mais com ele e a mãe.

Segundo a avó, Lindemberg sempre foi muito atencioso e trabalhador. Quando chegava em casa, após entregar pizza, fazia a comida sozinho e sempre que ela estava lá ia perguntar se precisava de alguma coisa.

Muito abalada ainda com o fato, a avó elogia o trabalho da polícia por um lado, afirmando que "tiveram tanta paciência com ele. Eles não queriam invadir". Mas por outro lado, critica o fato da amiga de Eloá, Nayara Silva, ter retornado com ao apartamento e disse que a mãe de Lindemberg é que deveria ter entrado, porque convenceria o filho de acabar com o sequestro.

A tia de Lindemberg também opina que o sobrinho tinha que ter ficado sem luz, sem ter acesso a televisão e a mãe dele seria a melhor alternativa para negociação.

O sequestro de Eloá Pimentel terminou no final da tarde de sexta-feira (17), quando os policiais invadiram o apartamento. Ela levou um tiro na cabeça e outro na virilha. A adolescente será enterrada na manhã de hoje. A amiga de Eloá levou um tiro no rosto e passa bem. Lindemberg foi dominado e preso.