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23.05.2017 | 09h00

Médico chora ao falar sobre caos no Hospital Regional de Sorriso

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Reprodução

Médico diz que nunca passou por isso em 30 anos de Medicina

 

Diretor técnico do Hospital Regional de Sorriso, Roberto Satoshi Yoshida, chorou, nesta segunda-feira (22), ao falar com a imprensa sobre a situação precária da unidade, que é referência na saúde pública da região e corre o risco de fechar as portas por falta de repasses estaduais.

"São vidas que...difícil...não tem nem o que falar...Depois de 30 anos de formado, enfrentar uma situação como esta, nunca, nunca...Eu não concordo com isso", desabafou.

“O caos já chegou. Quarta-feira a comida já vai estar no estoque zero. Vamos servir o quê? Água com barro? Na quinta para sexta-feira, gás da cozinha já vai terminar, mas não vai ter comida não precisa de gás também, para quê? Fazer chá? Na sexta-feira o gás medicinal também vai acabar, o oxigênio para pacientes, aqueles que estão na UTI, no respirador, do centro cirúrgico, UTI neo-natal, na enfermaria também às vezes precisam de oxigênio, o que vamos fazer", questiona.

"Se faltar gás medicinal vai começar a morrer gente um atrás do outro", avisa.

Protesto

Equipe da saúde e também moradores de Sorriso orgnaizam um protesto para quinta-feira (25), às 15h30min, saindo da frente da Câmara Municipal de Vereadores.

A intenção é sensibilizar o Governo.

Histórico de problemas

No momento, cerca de 70 médicos, anestesistas e demais integrantes da equipe de saúde estão sem salários há 3 meses. Por isso, não estão trabalhando integralmente, fato que interrompeu em 100% internações e cirurgias eletivas. Só são operados pacientes graves e mantidos internados os sem qualquer condição de alta.

O diretor Yoshida já havia registrado boletim de ocorrência policial, em abril deste ano, para denunciar a falta de medicamentos essenciais à urgência e emergência e para contornar a situação pegou emprestado com a rede privada. Mas, na farmácia do Hospital Regional de Sorriso, remédios essenciais ainda estão em falta, inclusive antibióticos, anestésicos e medicamentos usados na UTI neonatal, onde ficam internados prematuros, em risco de morte.

Único fornecedor de alimentação, um mercado local, já avisou que não tem mais como atender a unidade.

A lavanderia suspendeu parcialmente o atendimento e a empresa que presta serviços de limpeza também.

Telefones estão cortados, exceto para receber ligações.

Repasses

A enfermeira Lígia Souza Leite, diretora do Hospital, afirma que a dívida da unidade é na ordem de R$ 8 milhões e 240 mil. “O Governo não repassou parte de dezembro, parte de janeiro e não repassou nada de fevereiro, março e abril e a média de viagens minhas a Cuiabá, para tratar deste assunto, tem sido de 2 a 3 vezes por mês, sempre voltando sem saída. O discurso da crise, sabemos, não é mentiroso. O Brasil está em crise, mas temos que ter um plano B de gestão da saúde, não podemos continuar assim”, reage a diretora.

Segundo ela, este cenário vem se arrastando desde setembro do ano passado. A unidade era gerida pelo Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDHS), uma Organização Social de Saúde (OSS), mas, pelo histórico de atrasos nos repasses, venceu o contrato e não houve renovação.

Durante 1 ano, de junho de 2015 a junho de 2016, o hospital sofreu intervenção do próprio Estado, mas, de acordo com a diretora, não faltava dinheiro. Depois disso, sob a gestão da Secretaria de Estado de Saúde (SES), “foi ficando difícil e agora muito preocupante”.

Yoshida ressalta que a dívida é grande.

"Eles (Governo do Estado) disseram que vão fazer liquidação, mas liquidar não é quitar, é uma diferença muito grande e os R$ 9 milhões que falam que pagaram é o que deviam o ano passado. Esquece os 9 milhões, vamos partir para o que devem de agora para frente, nos autoriza contratar os funcionários que estão faltando, não vamos mais deixar isso acontecer, todo mês é débito, tem que pagar, tem que fazer essa previsão, um Governo que não tem previsão, aonde vamos parar? - critica o diretor.

Outro lado

O secretário de Estado de Saúde, Luiz Soares, é o quarto a assumir a pasta na administração do governador tucano Pedro Taques. Tomou posse dia 17 de março, deste ano, ou seja, há 2 meses. Ainda não veio a público tratar sobre os problemas dos Hospitais Regionais. Mas já adiantou, por meio da assessoria de imprensa, que, nos próximos dias, vai apresentar um balanço geral e um plano de “choque”.

Sobre o Hospital Regional de Sorriso, por meio de nota, a SES informou que até 8 de maio de 2017, a unidade recebeu R$ 9.747.820,86, entre repasses federal e estadual, sendo do Estado R$ 4.069.844,01 e da União R$ 2.535.894,52. Também foram pagos ao hospital, segundo a SES, R$ 3.142.082,33 mediante bloqueio judicial referente ao período de janeiro a fevereiro de 2017.

A nota diz ainda que em relação às pendências, em 2017 de janeiro a março o valor a ser pago é de R$ 3.995.923,74 referentes a processos na SES.

Deste total, alguns processos aguardam certidões de fornecedores e também as notas fiscais que comprovam a prestação dos serviços. Diz que uma “dívida do exercício de 2016”, no valor de R$ 272.587,52, está sendo programada para ser quitada.

Sobre os valores devidos aos serviços de lavanderia, a SES diz que analisa os documentos para que os pagamentos sejam feitos.

Quanto às despesas com alimentação, diz ter feito um pagamento de R$ 7,5 mil no início deste mês e analisa os documentos do restante, referente a R$ 54 mil.

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Comentários

Wilson - 23/05/2017

Enquanto isso tem dinheiro para festividades em Barra do Bugres ( emenda parlamentar), vem o festival de pesca de Cáceres. Prometeram 3.500.000,00 para revitalizar a lagoa em Poxoréu. Acorda governador. Está dando nojo em assistir blá-blá de políticos.

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