20.09.2017 | 19h12
Artistas cuiabanos estão convidando sociedade civil para uma reunião pública de manifesto contra a censura ao artista Gervane de Paula, que teve dois de seus quadros retirados da exposição “Amo Cuiabá”, no Pantanal Shopping. A reunião está marcada para as 16h do dia 27 de setembro (quarta-feira) na sede da Ordem dos Advogados do Brasil – Seccional Mato Grosso (OAB-MT).
Luiz Marchetti![]() |
A censura a Gervane ocorreu após vídeo em que uma pessoa surge “atacando” as obras e chamando o espaço de “imundo” circularem pelas redes sociais. Após a polêmica dois de seus quadros foram retirados da exposição.
Reprodução![]() |
Uma das pinturas retrata dois usuários de drogas nus em um fundo preto, com os dizeres em vermelho "Crack is Wack", a gíria "wack", pode ser traduzida como desagradável ou doido, para definir a droga.
Segundo Gervana a obra foi inspirada no pioneiro do grafitismo, o americano Keith Haring (1958 - 1990), que ganhou fama internacional durante exposição de arte nos anos 80 com o quadro “Crack is Wack”. “Usei a mesma frase dele. Tanto a minha obra quanto a de Haring são um alerta ao perigo das drogas. A pessoa que fez o vídeo teve uma interpretação equivocada e disse que era uma apologia ao entorpecente e a pornografia”, diz.
Reprodução ?obra de Keith Haring?![]() |
Outro quadro retirado da exposição, algumas imagens foram consideradas sexuais, como o retrato de um pênis, que formam uma máscara semelhante à do personagem Batman. Na figura, há a frase "Robin, afaste-se dessa droga de arte".
“A exposição é sobre Cuiabá dos 300 anos. E a cidade não é só caju e viola de cocho. Temos que olhar para o Beco do Candeeiro, para a Ilha da Banana, para as mazelas de Cuiabá”, aponta Gervane. “Esta é uma das funções da arte, incomodar, dar luz aos problemas”, explica.
Segundo o artista, as duas obras censuradas fazem parte de um contexto e se complementavam. “Agora minha parte na exposição está capenga. Ou eles voltem com as obras ou tiro as demais”, comenta.
O artista comentou que o país passa por um empobrecimento artístico e que o conservadorismo tem prejudicado o debate e as expressões culturais. Comparou o episódio com o caso da exposição "Queermuseu - cartografias da diferença na arte da brasileira", Porto Alegre, cancelada pelo Santander Brasil por pressão do Movimento Brasil Livre (MBL).
Segundo a OAB, com a intensificação das ações de protesto, boicote e censura às manifestações artísticas, a Comissão de Cultura e Responsabilidade da ordem irá promover a reunião.
De acordo com o vice-presidente da OAB-MT e presidente da comissão, Flávio Ferreira, a finalidade é reunir artistas, profissionais da advocacia e a comunidade em geral para discutir a intransigência que tem se repetido no cenário cultural mato-grossense.
“É uma pressão pequena e que começou a ganhar corpo e isso é muito perigoso”, alertou Flávio Ferreira. Ele ressalta que a OAB-MT, ao longo de sua trajetória, sempre agiu em defesa das liberdades democráticas.
O vice-presidente da OAB-MT pondera que é preciso debater e refletir o que está acontecendo. “Não podemos ficar tranquilos quando se impõe censura à arte principalmente. Então, a finalidade desse encontro é definir como a sociedade pode agir para que atitudes de censura não se perpetuem num ambiente democrático tão duramente conquistado”, disse.
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João Lucas - 21/09/2017
Entendo que a arte deva ser valorizada, contudo e notadamente se percebe que muitas coisas estão sob o manto deste nome, enquanto no fundo não passa de promoção a sexualidade, gênero, pornografia, pedofilia e tantos outros conceito que deveriam, ao meu ver, está sendo respeito como sendo individual e não como "arte", ate porque, o conceito de arte deve está interligado com público e se é público é preciso que tenha o apoio de um grande número da sociedade e aberto a todos os povos; apenas pra exemplificar, muitas mulheres tem tirado a roupa sob o manto que estão fazendo "arte".
Marcílio Souza - 21/09/2017
Entendo que é necessário haver controle sobre o que é exibido por se tratar de um espaço acessível a crianças e pré-adolescentes. Simplesmente fazer a classificação etária da exposição, como feito em filmes, não seria suficiente, pois é uma área aberta, onde circula pré-adolescentes desacompanhados.
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