atendimento em todas unidades 31.01.2025 | 10h37
redacao@gazetadigital.com.br
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Atualizada às 18h58 - Uma mulher de 41 anos, que não teve seu nome divulgado, com suspeita de dengue, morreu horas após receber o atendimento em uma Unidade Básica de Saúde (UBS) do Tijucal, em Cuiabá. Ela chegou a ser transferida para o Hospital Municipal (HMC), mas não resistiu. O Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT) atribui a morte à decisão do prefeito Abilio Brunini (PL), que defende que as unidades recebam o atendimento de demanda espontânea.
Profissionais que participaram do atendimento relataram que a UBS não possuía equipamentos e insumos necessários para a realização de um atendimento de urgência, caso da paciente que faleceu. Conforme consta no prontuário da paciente, ela foi atendida em uma Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) no dia 23 de janeiro e liberada em seguida.
Um dia depois, familiares da mulher a levaram à UBS do Tijucal. Enquanto aguardava atendimento, ela passou mal. Diante da gravidade da situação, o médico iniciou os procedimentos, mas o carrinho de parada (estrutura indispensável para atendimentos de urgência) não tinha os materiais necessários. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) foi acionado e encaminhou a mulher para o HMC, onde ela morreu.
“É muito triste e frustrante dizer isso, mas avisamos que casos assim ocorreriam. As UBSs não possuem nem estrutura e não são feitas para atender este tipo de caso. A Prefeitura de Cuiabá tem estimulado as pessoas a buscarem a UBS, a família desta paciente seguiu a orientação e no local não havia condições de atendê-la, o que levou ao óbito”, destacou o presidente do Conselho Regional de Medicina de Mato Grosso (CRM-MT), Diogo Sampaio.
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Sampaio pontuou que tem havido uma distorção da chamada demanda espontânea, composta pelos atendimentos nas UBSs que não são agendados com antecedência. “O que ocorre hoje em Cuiabá é uma demanda ativa, patrocinada por quem acha ou quer fazer com que as pessoas acreditem que um problema tão complexo seja resolvido de forma tão simples. Mais do que essas declarações, temos informações de que vans estão sendo usadas pelo município para transportar pacientes das UPAs para as UBSs”.
Nesta quinta-feira (30), o CRM-MT realizou uma fiscalização na UBS do Tijucal. Além de requisitar o prontuário médico da paciente, que será analisado na sindicância já instaurada, na ação foram ouvidos diversos profissionais e a equipe constatou uma série de problemas no local. A equipe se deparou com pacientes recebendo soro e medicamento por via intravenosa sentados em cadeiras na recepção. Uma profissional que atua na unidade revelou aos fiscais que não há outro local para a realização do atendimento.
“Além disso, encontramos pelo menos cinco casos de pacientes que não deveriam ser atendidos nas UBSs por conta da gravidade da situação deles”, complementou o presidente do CRM-MT.
Médicos, enfermeiros e técnicos em enfermagem descartaram a hipótese levantada pela prefeitura de que as unidades atendem menos de 10 pacientes por dia.
“Em um dia comum, atendemos por agendamento pelo menos 20 pessoas, sem contar a demanda espontânea. O que o município alega não é de longe a nossa realidade”, revelou um dos profissionais ouvidos pelos fiscais.
Outra reclamação é o aumento no número de casos de agressões verbais e assédio sofridos pelos médicos que atendem na UBS. A porta de um consultório, inclusive, está sem a maçaneta porque ela foi quebrada por uma pessoa.
“A situação é caótica e a ‘solução mágica’ apresentada pela prefeitura tem causado sérios problemas. Não vamos esperar outra pessoa morrer para tomarmos providências. A sindicância vai apurar as responsabilidades neste episódio”, finalizou Diogo.
Leia a nota da Prefeitura:
A Prefeitura de Cuiabá, por meio da Secretaria Municipal de Saúde, esclarece as informações veiculadas sobre o óbito de uma paciente na Unidade Básica de Saúde (UBS) do Tijucal:
A paciente não faleceu na unidade. Seu primeiro atendimento ocorreu três dias antes, em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). No dia 24 de janeiro, ela procurou a UBS do Tijucal, sua área de abrangência, onde recebeu atendimento médico e foi encaminhada ao Hospital Municipal de Cuiabá (HMC) pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU).
No HMC, permaneceu internada na UTI, vindo a óbito quase 24 horas depois, recebendo atendimento necessário.
No dia do atendimento na UBS do Tijucal, havia três médicos na unidade, que atenderam um total de 45 pacientes ao longo do expediente, com uma média de 15 atendimentos por profissional, número dentro da normalidade para unidades de atenção básica com horário estendido. Para efeito de comparação, no mesmo dia, uma UPA com quatro médicos realizou mais de 600 atendimentos.
A Prefeitura de Cuiabá reitera seu compromisso com a transparência e a qualidade dos serviços prestados à população e informa que uma investigação será aberta para esclarecer todos os fatos.
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Jose - 01/02/2025
Na campanha eleitoral o presidente do CRM não se deu ao trabalho de disfarçar seu apoio ao candidato Abílio, não passou um mês que o dito cujo assumiu a prefeitura já esta aí criticando… Ações tem consequências
Márcio Pires - 31/01/2025
O prefeito em nenhum momento falou pra ir qualquer coisa no PSF, foi bem claro que casos graves precisam ir pra upa e hospital. Tem gente bem incomodada com as ações do Abílio, principalmente empresários e o grupo político do ex-prefeito,que devem estar doidos pra derrubar o atual, pois ele está descobrindo cada dia uma bomba nova. Vão plantar ainda muitas informações por aí esse povo e tentar jogar o público contra o prefeito. A política é terrível, não é para fracos.
Ágatha - 31/01/2025
Não é preciso ser especialista para saber que, se procuramos atendimento numa unidade de saúde e não encontramos condições, devemos ir à outro local. Não há palavras para expressar a dor dessa família, mais quando levaram ela no primeiro dia e não obtiveram o atendimento necessário deveriam ter levado em outro lugar. Nada vamos dizer também sobre o profissional que atendeu a moça no primeiro dia e mandou ela pra casa...? Enfim... entendo que o prefeito faz muita coisa que não deveria, mais precisamos entender que ele assumiu há pouco mais de 30 dias e está tentando resolver todos os problemas estando no olho do furacão.
Valéria - 31/01/2025
Mas o Prefeito mandou as pessoas que não são casos grave irem na UBS se o caso dela era grave precisava sim ir na UPA
elias - 31/01/2025
a onde estava o CRM nos 08 anos atrás que nao se posicionava em nada e agora esta muito efeciente na cobrança, estranho a falta de remédios, saúde mental sem medico e tudo + agora estao monstrando trabalho
5 comentários