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produção e sustentabilidade 29.08.2025 | 14h30

Pesquisa da UFMT transforma resíduos doméstico em potente fertilizante

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Aline Costa - Especial para o GD

redacao@gazetadigital

Aline Costa/ Gazeta Digital

Aline Costa/ Gazeta Digital

Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) descobriram como transformar esgoto e resíduos domésticos em fertilizantes para plantas. O resultado é um tipo de adubo foliar que promove crescimento dos cultivos até mesmo em solos degradados e altas temperaturas. Até o momento, os testes foram feitos em plantas de soja, milho, algodão e pastagem direcionada à pecuária. A descoberta é revolucionária, pois, além de promover o reaproveitamento do lixo orgânico das cidades, pode ser aliado à preservação ambiental.

 

As pesquisas acerca do fertilizante à base do esgoto começou há 6 anos, no laboratório da UFMT, lideradas pelo doutor em físico-química, Ailton Terezo. Em agosto deste ano, o método de obtenção dos nanocarbonos foi oficialmente patenteada em nome de um dos membros do grupo de testes.

 

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O trabalho com nanopartículas de carbono começou, primeiramente, tendo resíduos de acerola como matéria-prima, até que Bruno Leonel Rossi, engenheiro sanitarista e colega do líder de laboratório, decidiu testar a produção com esgoto de um hotel de Cuiabá. A partir daí, os resultados foram cada vez mais satisfatórios.

 

“A gente começou esse trabalho porque já tínhamos estudos com nanopartículas, A gente tem muito interesse em nanopartículas que não oferecem riscos aos seres humanos e ao meio ambiente”, explicou Terezo.

 

Aline Costa/ Gazeta Digital

Ailton Terezo, pesquisa, UFMT, cientista, ciência, laboratório

O resultado é um líquido escuro, onde estão os nanocarbonos

Após o sucesso em conseguir nanocarbonos, o próximo passo foi testar o produto em plantas comuns em Mato Grosso, como uma forma de integrar trabalhos que já eram realizados pelo grupo de Ailton Terezo na agricultura. A descoberta atual foi testada em soja, algodão, milho e braquiária, tendo comprovação no aumento das folhagens e parte verde.

 

Terezo explicou que as nanopartículas atuam “capturando” parte dos raios de luz solar que não são utilizados normalmente por plantas. Dessa forma, a planta com os nanocarbonos realizam mais fotossíntese com a luz “capturada” e produzem mais energia, acelerando o crescimento.

 

O resultado da descoberta é um líquido que deve ser aplicado sobre as plantas. Em laboratório, a aplicação é realizada com borrifador, já em larga escala o adubo foliar seria aplicado com pulverizadores e aviões agrícolas.

 

O produto já está pronto para ser testado em larga escala e o grupo estudo maneiras de colocar em prática a descoberta para grandes lavouras. O aumento na produtividade dos grãos ainda é objeto de estudos, a braquiária apresentou os resultados mais satisfatórios. As plantas dessa espécie tratadas com o produto registraram um aumento de 56,3% na massa comestível em relação àquelas não tratadas.

 

A descoberta é importante, pois a braquiária é utilizada na alimentação bovina no estado que tem o maior rebanho do país,  hoje com 32,1 milhões de cabeças. 

 

A produção dos nanocarbonos em amplas quantidades também é algo que deve ser estudado e planejado. No início, produzir um litro do componente poderia levar até 15 dias. Hoje o processo para a mesma quantidade demora apenas 24 horas.

Aline Costa/ Gazeta Digital

Ailton Terezo, pesquisa, UFMT, cientista, ciência, laboratório

A presença das nanopartículas é percebida a partir da luminosidade com luzes ultravioletas

 

Outro ponto destacado pelo pesquisador é que o uso do produto pode elevar a produtividade mesmo em áreas de solo degradadas.

 

Alta produção aliada ao meio ambiente
Além da produção aumentar em espaços de teste com condições adequadas, o uso dos nanocarbonos também apresentou resultados positivos em áreas degradadas. Mesmo que plantadas em solos pobres, espaços com alta temperatura, salinidade ou alta incidência solar, os cultivos apresentaram um bom desempenho e não sofreram problemas de produção.

 

“As plantas, quando tratadas com essa nanotecnologia de carbono, crescem mesmo em condições de adversidades climáticas. Aqui tem outro filão de atuação importante para essa nanotecnologia, que é promover a formação de pastagem em áreas degradadas”, explicou Terezo.

 

Terezo argumenta que áreas já estão degradadas poderão ser utilizadas, sem a necessidade de abertura de novos campos.

 

Aline Costa/ Gazeta Digital

Ailton Terezo, pesquisa, UFMT, cientista, ciência, laboratório

 

“Se a gente conseguir viabilizar a pastagem em áreas degradadas, já é um ganho socioeconômico e ambiental enorme. Quando você consegue utilizar áreas degradadas, você deixa de desmatar para abrir novas áreas. Então existe um impacto ambiental importante aí também”, relatou.

 

Além disso, o produto promove uma alternativa para os resíduos urbanos. O estudo foi inicialmente realizado com esgoto proveniente de um hotel no município de Cuiabá, mas passou para o esgoto doméstico e também para resíduos de suinocultura.

 

Outra alternativa, a obtenção do nanocarbono por meio dos resíduos da acerola, também aponta para a utilização e reaproveitamento de diferentes produtos orgânicos, que seriam considerados lixo.

 

A história da pesquisa
Ailton Terezo costumava trabalhar com pesquisas acerca de baterias de celular, porém, em 2004 ao se mudar para Mato Grosso e se tornar professor na UFMT decidiu procurar por objetos de pesquisa que tivessem em comum com o estado e, assim, iniciou sua pesquisa em nanosensores voltados para pesticidas e agricultura, com o desenvolvimento de sensores.

Reprodução

Ailton Terezo - Químico da UFMT

Ailton Terezo, físico-químico líder do grupo de pesquisas em nanopartículas de carbono

 

 

“A gente desenvolveu sensores, muitos trabalhos, inclusive um deles virou uma patente, que é a construção de todos modificados para medição de pesticida em um tipo de inseticidas. A gente fez isso numa parceria com o Instituto de Física. Esse trabalho foi lá em 2013. Então esse foi o nosso primeiro esforço de nanotecnologia na agricultura, porque essa é uma das áreas em Mato Grosso”, relembrou ele.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

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