Sem nunca ter saído do Brasil, jornalista se muda para a Inglaterra

Em outubro de 2018, Laura Arruda saiu com apenas com sua filha de 6 anos e mala rumo a uma nova vida na Inglaterra. Sem nunca ter saído do Brasil antes, ela foi morar no mesmo país que o pai da criança vivia há 20 anos, a fim de dar uma experiência em um país diferente para a menina. Mesmo com as dificuldades de adaptação, Laura vive no país até hoje e, com seu diploma de jornalista e advogada, atua em uma rádio com conteúdo para brasileiros, além de ter o próprio site. 

A primeira vez que conheceu um país além do Brasil, foi com sua mudança, já decidida a viver fora. Aqui, ela atuava como jornalista e advogada e partiu com a ideia de, pelo menos no princípio, apenas cuidar de sua família e ter um tempo para si. As primeiras semanas no local, entretanto, trouxeram também a vontade de ter novamente uma fonte de renda própria.

Leia também -Prefeitura e Governo acolhem pessoas em situação de rua durante o frio em Cuiabá

“A ideia inicial era estudar inglês e dar um tempo para minha família, mas a independência financeira é um caminho sem volta, e quando estamos acostumados a ter nosso dinheiro é difícil ficar na dependência do parceiro. Eu senti a necessidade de ter uma renda”, relatou.

Assim, ela começou a procurar um lugar de trabalho no jornalismo, em meio à comunidade brasileira. Atuou produzindo notícias em um portal, conquistou um prêmio em jornalismo e passou a escrever também para sites brasileiros. Após isso, ela também criou seu próprio site, focado em histórias de vida de brasileiros que decidiram empreender fora do país.

Por meio de seu trabalho, Laura se tornou conhecida por um jornalista brasileiro formado na Inglaterra e que tinha o sonho de abrir uma rádio. Ela tinha anos de experiência em uma rádio de Cuiabá e foi convidada para participar do projeto, mesmo antes de se iniciar. Em junho de 2021, o primeiro programa da rádio foi lançado e trouxe desafios, fazendo ela se questionar sobre as formas de comunicação e suas alterações, competindo no espaço da internet, streamings e redes sociais.

“O projeto da rádio foi e continua sendo um desafio porque estamos vivendo um momento de mudanças constantes no ramo da comunicação. O poder da tecnologia unido com a internet tem avançado rapidamente e acompanhar isso é desafiador”, compartilhou. 

Reprodução

 

Hoje, quase 8 anos depois, ela está adaptada ao local, porém, relembrou que foi um processo difícil. Ao se mudar, alguns dos hábitos que ela tinha no Brasil precisaram ser reaprendidos e mudados. Ela comparou seus primeiros meses a um bebê em processo de aprendizado, desde a forma de falar e entender a cultura do local em que estava inserida.

“Quando imigramos, levamos uma história para viver outra realidade. Carregamos nossas memórias e estamos a todo tempo comparando com nossa cultura. Já entrei e saí de vários lugares chorando”, relembrou ela.

Mesmo que tivesse o inglês básico, o sotaque, e as particularidades da região trouxeram dificuldades. Ela relatou um episódio em que sua filha sofreu bullying na escola e não sabia como contar.

Mesmo com os anos de vivência fora, a jornalista ainda pensa em retornar ao Brasil, porém, com algumas condições. Ela percebe que os problemas nos dois países são parecidos, e pesa constantemente os prós e contra da decisão.

“Eu não vim para Londres para construir bens no Brasil, mas sim para viver um tempo de mãe, aprender e aproveitar o melhor daqui. Hoje minha filha não deseja voltar e eu precisaria ter um bom motivo além da minha família que tanto amo e sinto falta para voltar ao Brasil”, finalizou.