Vídeo - Família venezuelana é ameaçada e chamada de 'maldita' por funcionários da Rodoviária de Cuiabá

Vithória Sampaio

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Divulgação

Atualização 12h28 - Família venezuelana, composta pelo marido, esposa grávida e 3 filhos, denunciou que vem sendo vítima de ameaças e xenofobia por funcionários da Rodoviária de Cuiabá, onde aguardam desde a última semana para viajar até Porto Velho (RO). Essa é uma das etapas da viagem de volta para o país de origem. O ônibus sai na manhã de quarta-feira (27). Segundo a família, um dos funcionários os mandou ir embora do país, alegando que eles são "malditos" e que "roubam nossos empregos". Vídeo gravado pelas vítimas mostra trecho da ação.

Casal procurou o para denunciar o caso na manhã desta terça-feira (26). Eles relatam que são hostilizados por uma segurança, um encarregado e por uma funcionária da limpeza. O trio teria exigido que a família deixasse o terminal sob a alegação de que os frequentadores só podem ficar no espaço por até 24 horas.

A família chegou em Cuiabá na sexta-feira (22) e precisou de ajuda da Assistência Social do município para retornar à Venezuela. Com a passagem em mãos, mas sem ter onde ficar, eles decidiram esperar o ônibus - que sai na manhã de quarta -, na rodoviária. As ameaças começaram ainda no final de semana. Segundo o casal, não há diálogo, apenas ameaças e preconceito.

Uma delas veio do funcionário, que eles desconhecem o cargo. Segundo a família, a fala é carregada de preconceito. "Ele disse que não gosta de venezuelanos, um dos motivos, conforme ele, é que tiramos o seu dinheiro e o trabalho dos brasileiros", disse.

O homem teria ainda os chamados de "malditos" e que só estão no Brasil para "roubar oportunidades dos brasileiros". A família chegou no país há 3 anos fugindo das dificuldades que encontravam na Venezuela. Porém, por aqui não foi diferente. Antes de chegar em Mato Grosso, a família morou no Paraná. Na volta para casa eles ainda vão passar - além de Porto Velho -, por Roraima.

Outro lado

Em nota, a SINART Terminal Rodoviário de Cuiabá SPE Ltda., responsável pela administração do Terminal Rodoviário Engenheiro Cássio Veiga de Sá, esclareceu que "desde a chegada da referida família à capital, no dia 20 de agosto, a equipe da SINART acionou a Secretaria Municipal de Assistência Social, que prontamente realizou o atendimento e encaminhamento para acolhimento na Pastoral do Migrant".

Porém, segundo a Sinart, a família optou por não permanecer no local, manifestando o desejo exclusivo de receber as passagens para retorno ao país de origem, permanecendo no Terminal até que o benefício fosse disponibilizado. Veja abaixo trecho da nota:

"Durante esse período, a equipe operacional realizou abordagem orientativa, solicitando que os pertences deixados no saguão fossem recolhidos, conforme as normas internas de segurança e organização do espaço. Os registros de vídeo do Centro de Controle Operacional (CCO), bem como as apurações realizadas, indicam que não houve, em nenhum momento, registro de agressão, ameaça ou qualquer conduta discriminatória por parte dos colaboradores.

A SINART reforça que sua atuação é pautada pelo respeito à dignidade humana, pela inclusão e pelo acolhimento de todos os usuários, independentemente de nacionalidade, origem ou condição social. Em situações de longa permanência, a orientação é sempre acionar os serviços públicos competentes para garantir suporte adequado às pessoas em situação de vulnerabilidade.

Reiteramos nosso compromisso com a verdade, com a transparência e com a promoção de um ambiente seguro e respeitoso para todos".