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Malokero Burger 21.08.2022 | 08h00

Com hamburgueria, amigos levam mais sabor e cultura para a favela

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Reprodução/Instagram

Reprodução/Instagram

Levar opções de hambúrgueres mais saborosos e caprichados para a região onde moram, a comunidade de Paraisópolis, na zona sul da cidade de São Paulo, foi a principal motivação dos amigos Rogério Pereira dos Santos e Tayslan Alves da Silva, os dois com 35 anos, para criar a Malokero Burger, em 2019.

 

Eles começaram seu negócio em uma sala de 5m², mas hoje já administram duas lojas: uma exclusiva para delivery, e a outra com salão para receber cerca de 50 pessoas. Lá são realizados shows de stand-up comedy, apresentações de música ao vivo, eventos com karaokê e lançamentos de novos talentos.   

 

 

"A gente sempre quis empreender. Para quem é morador de comunidade, é muito comum o sonhos de ter seu próprio negócio, de ter um comércio. E a gente já pensava em um projeto de de hambúrguer, eu já sabia que, em algum momento da minha vida, eu ia abrir uma hamburgueria. Eu já fazia hambúrgueres em casa, aos fins de semana, para os meus amigos e a galera daqui curtir", conta Rogério. "Quando eu chamei o Tayslan, ele topou na hora. A gente falou sobre o projeto, começou a pensar no cardápio e a montar tudo do zero", lembra.

 

Os amigos dizem que esse início foi em julho de 2019. Quatro meses depois, no dia 29 de novembro, foi inaugurado o ponto de delivery da Malokeiro Burger. "Era só uma portinha, em um espaço mínimo, com uma cozinha bem pequena, mas com uma proposta inovadora, muito diferente, do que existia aqui dentro", fala Tayslan.

 

Rogério e Tayslan, sócios da Malokero Burger
REPRODUÇÃO DA INTERNET/INSTAGRAM
 
 

Pouco tempo depois da abertura do negócio, foi detectado o primeiro caso de Covid-19 no mundo. "Durante a pandemia, nossa demanda cresceu demais, por isso, ficamos pouco tempo nesse primeiro endreço, só uns quatro ou cinco meses. Tivemos um boom nos pedidos e precisamos mudar às pressas para um espaço maior, com uma cozinha mais equipada", revela.

 

Rogério também diz que, na mudança, já aproveitaram para ir para um local com salão, onde poderiam, posteriormente, fazer o atendimento em mesas. "Na pandemia, a gente ficou aberto todos os dias, trabalhou todos. Muitos estabelecimentos fecharam, mas a gente, ao contrário, cresceu muito nessa fase."

 

Antes de ser empresário, ele trabalhava como gerente em uma casa de comida saudável. "Nós abandonamos nossos empregos para nos dedicarmos ao nosso negócio, que virou a nossa fonte de renda", fala.

 

Do projeto à execução

 

Rogério e Tayslan fazem parte do mesmo grupo de amigos, e dizem que se conhecem desde a infância. Como os dois trabalhavam na área de gastronomia, acabaram se aproximando mais e começaram a compartilhar o sonho de empreender nesse setor.

 

"A ideia, no começo, era gastar bem pouco para abrir o negócio, começar a trabalhar, e ir adequando as necessidades com o tempo. Pensamos em trabalhar com produtos mais acessíveis, em um espaço pequeno, para não precisar gastar muito", diz Rogério. "Pegamos utensílios que a gente tinha em casa, reaproveitamos muita coisa. Foi tudo na cara e na coragem, porque a gente tinha que começar com um investimento inicial pequeno", conta Tayslan. 

 

De julho a novembro, enquanto cuidavam da papelada para a abertura da empresa, eles também montaram o cardápio da Malokero Burger. "Criamos tudo do zero, passamos alguns meses testando molhos, quase diariamente. Outra preocupação foi com as combinações, blends das carnes, para termos hambúrgueres diferentes, e também experimentamos pães, até encontrar o ideal", fala Rogério.

 

A escolha dos "campeões", revela, teve a participação dos amigos, irmãos e pais. "Um desses amigos, inclusive, virou nosso sócio", comenta Tayslan. "Ele foi 'cobaia' no começo do projeto, foi lá em casa ajudar a gente a fazer uns testes, e um ano depois, entrou para a sociedade", completa Rogério.

 

Eles se referem a Igor Antonio Ferreira de Lima, o único dos três que completou o ensino superior. Formado em administração de empresas pela PUC-SP, ele trabalhou muitos anos em banco, e dá todo o suporte financeiro ao negócio. "Costumo dizer que era o braço faltava", comenta Rogério.

 

A hamburgueria

 

Além dos hambúrgueres 'gourmetizados', a Malokero Burger capricha na apresentação e preparo dos acompanhamentos, drinks e sobremesas - o que os sócios acreditam ser um dos motivos do sucesso. "Antes da gente abrir nosso negócio, já tinha hambúrgueres em Paraisópolis, só que não com essa qualidade toda. A gente tinha trabalhado em restaurantes de renome, sabíamos como produtos de qualidade fazem a diferença, e trouxemos isso para cá", diz Rogério. 

 

Milk Shake, sobremesa da Malokero Burger, de Paraisópolis
REPRODUÇÃO DA INTERNET/INSTAGRAM
 
 

Tayslan afirma que existem alguns tipos de produtos que não chegam até a comunidade e, por isso, decidiram investir nesse mercado. "Trouxemos a ideia até como uma forma de inclusão social e econômica, de trazer o que é de fora para dentro da favela".

 

"A gente quer mostrar que a favela não tem só peão, mão de obra. A gente pode produzir e consumir produtos de qualidade. A maioria dos moradores daqui, para conseguir ter algo de qualidade, tem que se deslocar para bairros mais elitizados. Por que não trazer a qualidade para cá?", diz Rogério, explicando sua aposta na produção artesanal. 

 

Ele conta que, para oferecer preço acessível, fazem alguns sacrifícios, como ir até os fornecedores todos os dias e diminuir a margem de lucro. Mesmo assim, o empreendimento dá resultados. No primeiro ano, apenas com delivery, o faturamento foi superior a R$ 200 mil.

 

No ano passado, com as duas unidades os ganhos superaram R$ 900 mil e a projeção deles para o fechamento de 2022 um faturamento de R$ 800 mil para um ponto.

 

"Hoje, no espaço exclusivo para delivery, vendemos uma média de 120 lanches por dia, atendendo cerca de 50, 60 clientes. Nosso perímetro de entrega é de 5km a partir do ponto onde estamos, o que incluir Morumbi, Panambi, não só Paraisópolis", explica Tayslan.

 

O próximo passo, para acontecer na velocidade que os amigos desejam, depende de investimento externo: trabalhar com franquias, para poder levar esse modelo de negócios para outras comunidades do Brasil. 

 

Comida e cultura

 

Na loja com salão, a Malokero Burger tem um espaço para apresentações. "Quem é da comunidade, que canta rap ou faz poesia pode participar de um evento que fazemos, sem receio de não ter plateia", diz Rogério. 

 

Às segundas-feiras, os empresários promovem shows de stand-up comedy, com artistas conhecidos. "Foi algo que a gente quis fazer porque é difícil encontrar stand-up em restaurante, principalmente em favela, né? Desde o começo, pensamos muito nisso, porque a gente consumia muito, uma vez ou outra em teatro, mas a gente via muito nom YouTube", explica Tayslan. 

"A gente falou: cara, é muito difícil um morador daqui sair daqui para ir ver um show desses. Tem que ir para o centro, pegar ônibus e metrô ou Uber, porque eles não vêm para cá", completa o sócio. Eles contratam os comediantes, vendem mesas e cobram ingressos a preços populares, entre R$ 20 e R$ 25.

 

"O morador que está vindo do trabalho, pode vir aqui consumir um pouco de entretenimento, curtir com a gente. Já fizemos muitos shows, graças a Deus, todos com ingressos esgotados, lotados mesmo. Mas com todo mundo sentado, confortável, porque a venda é limitada", conta Rogério. "Desde o início, nos pensamos: vamos trazer coisas diferentes, maior número de dias possível, para poder lotar isso aqui todos os dias", completa.

 

Ele acredita no potencial de crescimento do negócio mesmo dentro de Paraisópolis. "Só aqui vivem 100 mil pessoas, e nós não conseguimos atender 10%, é muita gente. Nossos funcionários são todos da comunidade e temos projetos para qualificar a galera daqui, pessoas sem experiência nenhuma, recém-saídas do ensino médio", diz. 

 
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Comentários

Carlos - 29/03/2023

Acho que é importante destacar que toda a arquitetura e projeto da segunda unidade foi realizada pela arquiteta Sarah Silva. https://www.saraharquitetura.com.br @sarahcristina.arq

1 comentários

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