Sem água, empresária soma prejuízos com salão fechado

Os últimos dias em Várzea Grande, região metropolitana de Cuiabá, tem sido marcados por protestos devido ao agravamento da crise de abastecimento de água no município. Durante a semana, moradores dos bairros São Mateus e Paiaguás fecharam avenidas e queimaram pneus como manifestação diante da crise.

A goiana Katia Peres, 61, mora no bairro Cohab Cristo Rei há 30 anos. Ela é proprietária de um salão de beleza e está sem abrir as portas desde terça-feira (11) por conta da falta de água. A crise hídrica já manteve o estabelecimento fechado por 10 dias neste mês. Ela estima um prejuízo de aproximadamente R$ 3 mil até aqui.

O salão é a única fonte de renda de Katia, que mora com o esposo, Marilson Corrêa, 51, motorista de caminhão de coleta de lixo.

“Dependo do meu trabalho. Ele [Marilson] não pode arcar com a prestação da casa e do carro sozinho. Tem custo que ele não consegue suprir. Eu não vou aguentar mais um mês”, exclamou.

O salão de Katia fica no mesmo imóvel que sua residência. Ela e o marido estão se virando para suprir a falta de água em casa.

“Estamos comendo marmita. Eu trouxe uns galões de água da casa da minha sogra, que mora em Cuiabá. Meu marido toma banho no serviço”, explicou.

A reportagem entrou em contato com o Departamento de Água e Esgoto (DAE-VG), responsável pelo abastecimento no município. De acordo com a companhia, a região do Cohab Cristo Rei foi abastecida na quarta-feira (12) e o Sistema III, do qual o bairro faz parte, está estabilizado.

Segundo Katia, a água que chegou foi insuficiente, mas ela espera voltar aos trabalhos no salão ainda nesta semana.

Atos criminosos?
A crise no abastecimento de água em Várzea Grande é um assunto antigo e causa dor de cabeça nas primeiras semanas de mandato da prefeita Flávia Moretti (PL). Na última quarta-feira (12), a prefeitura decretou situação de emergência e calamidade pública por conta da crise, com duração de 180 dias e podendo ser prorrogado.

Nesta quinta-feira (13), deputados mato-grossenses disseram que a crise no abastecimento é motivada por ataques de natureza criminosa para sabotar a gestão da prefeita.

“A administração da prefeita está sendo sabotada e nós já vamos solicitar à polícia que descubra quem está sabotando os poços artesianos”, afirmou o deputado federal José Medeiros (PL).

O senador Jayme Campos (UB), em reunião com o prefeito de Cuiabá Abilio Brunini (PL), reforçou a teoria de que a falta de água é ocasionada por atos criminosos e vândalos.

Confira a nota do DAE-VG na íntegra

O Departamento de Água e Esgoto de Várzea Grande (DAE-VG) informa que o bairro Cohab Cristo Rei está recebendo água regularmente. No último domingo (9) e novamente na quarta-feira (12), o abastecimento foi realizado conforme o cronograma estabelecido.

Entendemos que algumas residências podem enfrentar dificuldades devido a questões de pressão na rede, que estão condicionadas a diversos fatores. Um dos problemas mais comuns é o uso indevido de bombas de sucção diretamente na rede, prática que compromete a distribuição de água e prejudica todos os moradores da região.

Para avaliar a situação específica relatada, uma equipe técnica do DAE será enviada até o endereço para verificar o que está acontecendo e buscar uma solução.

Além disso, recebemos o número do protocolo referente à solicitação de caminhão-pipa e vamos verificar os motivos da não entrega. Destacamos que, devido à alta demanda, as entregas não são feitas no mesmo dia da solicitação, mas ocorrem em um prazo médio de três dias. O caso será analisado e garantiremos que a água chegue ao local.

O DAE segue empenhado em solucionar as demandas da população e reforça que qualquer irregularidade no abastecimento deve ser comunicada por meio dos canais oficiais da autarquia.