30.10.2015 | 00h27
A América Latina continua marginal como sempre foi. A sensação que se tem é que os governos e povos latino-americanos fracassaram em seus projetos políticos na construção de Estados desenvolvidos e funcionais. Para quase todo lado que se olha, os cenários são desoladores.
O Brasil é o maior país, conta com a maior população e com a economia mais desenvolvida e somos o que somos. Um Estado semidesenvolvido, que não conseguiu, apesar dos seus quase duzentos anos de independência, resolver questões básicas com relação ao bem estar de sua sociedade.
E não há que culpar apenas esse ou aquele governo. O problema é bem maior. Nossa história começou torta e não se endireitou desde então. Pelo menos se tomarmos como referência os países mais desenvolvidos, que contam com economias que funcionam, com sociedades mais estáveis e menos desiguais.
Nossas elites falharam e nosso povo é, de alguma forma, cúmplice desse estado de coisas. Os nossos presidentes, governadores, prefeitos, senadores, deputados e vereadores são todos eleitos pelo povo. Eles são a nossa elite política e os responsáveis pela condução dos negócios do Estado. São eles que decidem o quanto gastar, como e com o que gastar. E gastamos mal, muito mal os nossos recursos.
Esse cenário se repete, com pequenas mudanças, na maior parte dos países da América Latina. Para todo lado que se olha é quase a mesma coisa: insignificância em termos de política internacional, economias subdesenvolvidas, estados fracos, desigualdade social, corrupção. Pouco se aproveita de positivo quando se faz um balanço histórico dos países latino-americanos.
É uma triste realidade constatar a marginalização dos países latino-americanos no quadro geral mundial. À exceção da África, continente ainda mais marginalizado, estamos, como latino-americanos, fora das regiões mais dinâmicas do planeta.
Por um lado, as elites políticas locais devem ser responsabilizadas por esse fracasso. Por outro, há que se refletir sobre o papel mais amplo das sociedades latino-americanas, que por sua vez também falharam. Nesse sentido, o problema maior não é o imperialismo de poderosas nações como a Inglaterra e os Estados Unidos que deve ser responsabilizado por nossas deficiências. Nós é que não fizemos o que deveríamos ter feito e continuamos a não fazer o que deve ser feito.
Os países latino-americanos, no geral, são ricos. O problema é que essa riqueza foi e continua sendo massivamente apropriada por uns poucos, por uma elite que pauta sua vida por um sentimento egoísta e desumano. Em raros momentos na história as nossas elites políticas pensaram e executaram projetos com vistas ao desenvolvimento do Estado e da sociedade.
Não fosse isso já teríamos feito reformas importantes, com redistribuição de terras, com políticas educacionais sérias e voltadas para ampla educação da população e com a saúde pública eficiente e de qualidade. Mas nada disso acontece ou acontece apenas de forma superficial e sem continuidade. Esses são os nossos pontos de estrangulamento.
É triste concluir que os Estados latino-americanos fracassaram, mas essa é a pura verdade. Constituímos países que ficaram, no máximo, pela metade do caminho. Somos quase insignificantes no mundo atual e nada sinaliza para transformações substanciais dessa realidade.
Pio Penna Filho é professor do Instituto de Relações Internacionais da Universidade de Brasília (UnB) e pesquisador do CNPq E-mail: piopenna@gmail.com
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