25.09.2009 | 03h00
Jainismo é uma das religiões mais antigas da Índia, cuja origem é contemporânea ao budismo, caracterizou-se por não aceitar os ensinamentos védicos e pela oposição ao sistema de castas, imposto pela cultura brâmane. Surgiu por volta do século V a.C., sendo que no primeiro século d.C. se dividiu em dois principais grupos, com vários subgrupos. O jainismo surgiu como um movimento de reforma do hinduísmo, teve como fundador Vardhamana Mahavira, pertencente a uma casta de guerreiros, que viveu na opulência no início da vida, vindo a desfazer-se das paixões mundanas e inconformado com as posições religiosas da época, estabeleceu uma dissidência que mais tarde se tornou uma nova religião. Mahavira dedicou-se à pregação de uma vida de ascetismo, desapegada ao luxo, em conexão com o mundo natural.
Atualmente, os jains estão espalhados pela Índia e uma pequena parte na América do Norte e na Europa, com pouco mais de nove milhões de adeptos. Não está dentre as maiores religiões, mas é um ensinamento que se traduz numa profunda ligação de respeito com o meio ambiente natural, embora tida como radical pela forma como alguns seguidores se propuseram a viver no cotidiano. Os jains não acreditam num único deus criador, mas sim que o tempo é eterno e cíclico. Segundo o estudioso sobre jainismo, o escritor, diretor e produtor, Michael Tobias, os seguidores dessa religião não cultuam Deus porque isso é visto como uma forma de interferência que se contradiz à natureza. A prática deles é a reverência ao ambiente natural, acreditam que o amor consciente é o instinto da natureza que evolui, que alimenta a alma e tem uma finalidade, diz Tobias.
O estudioso apresenta que existem pouco mais de meia centena de monges jains na Índia que vivem nus, consomem puramente comida vegetariana, como frutas, verduras, grãos e nozes. Mesmo após período de jejum eles comem uma refeição por dia apenas. Os adeptos praticam a redução do consumo, se devotam a minimizar a violência, e se alimentam apenas dos alimentos que possuem um sentido, resguardando os demais que possuem os cinco sentidos, como os animais. Eles renunciam também as profissões que possam prejudicar os animais, seres que são cuidados por eles, sendo conduzidos para que tenham morte sempre de forma natural, consideram que toda alma de cada organismo é um indivíduo, que possui sonho, vontade e esperança, todos sentem dor e ninguém deseja sofrer. O autor comenta que os jains interagem com a natureza de tal forma que são capazes de irem até o mercado para comprar animais, por alto preço, como carneiros e cabritos, para livrarem dos matadouros, e cuidam deles para que voltem ao convívio na natureza.
Os médicos jainistas, segundo Tobias, não prescrevem remédios derivados de produtos de origem animal ou que tenham sido testados em animais. Os advogados são rigorosamente contrários a qualquer tipo de violência física como punição. Embora indianos, os adeptos não fazem uso dos saris de seda, vestimenta feminina, pelo fato que para fabricação de cada peça desse tecido, é necessário que aproximadamente dez mil bichos da seda sejam mortos, pois são cozidos vivos. Eles renunciam também aos veículos, por matarem insetos na locomoção. E ainda, a ejaculação para eles deve ser controlada, pois são milhões de espermatozóides que morrem a cada vez que se ejacula, e isso não é auspicioso, pois causa destruição e confusão no equilíbrio bacterial da genitália feminina.
Os adeptos dessa religião valorizam a prática da meditação, seguem um padrão mínimo de consumo para provocarem menos impacto na terra. Dessa forma acreditam que conseguem proteger o mundo natural e ligar novamente a natureza ao todo, e com total não-violência. Algo interessante é que dois milênios antes da descoberta do átomo, que foi em 1805, por Dalton, o ensinamento jainista já era atomista, pois ensinava que os átomos desse mundo material eram indivisíveis, semelhantes e dotados de movimento, tangibilidade, sabor, odor e cor, que se combinavam, formando agregações, constituindo assim o mundo material, assunto fomentado pelos filósofos socráticos e hoje permeado de estudos científicos.
A abordagem sobre essa religião não é nenhuma apologia a esse modo de viver, que, segundo muitos críticos, é caracterizado como radical. Mas, apenas para mostrar as diferentes formas de respeito que existem, como a reverência à natureza através da crença e do estilo de vida de vários povos, através dos séculos. No próximo artigo, a visão da Seicho-No-Ie sobre o meio ambiente, a primeira entidade do segmento religioso no mundo a receber ISO 14001.
Jair Donato é jornalista em Cuiabá, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida. E-mail: jair@domnato.com.br
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