DADOS ALARMANTES 30.12.2025 | 07h00

redacao@gazetadigital.com.br
Reprodução
Uma mulher foi morta a cada 7 dias em Mato Grosso, aponta a média de dados do Observatório Caliandra. Ao todo, 52 mulheres foram mortas entre janeiro e a primeira semana de dezembro de 25. Os crimes são brutais e foram cometidos por homens com quem as vítimas tinham ou tiveram um relacionamento amoroso.
Consta no relatório que a maioria dos crimes ocorreram dentro de casa, principalmente no período noturno e, com maior frequência, às quintas-feiras. O perfil das vítimas são mulheres entre 25 e 29 anos.
Entre os municípios, Sinop aparece como a cidade com maior número de registros, seguida por Cuiabá, Várzea Grande e Lucas do Rio Verde. Do total de vítimas, 24 mulheres foram mortas com faca, 18 por arma de fogo, 5 por asfixia, uma por instrumento contundente e uma teve o corpo queimado.
A predominância do uso de armas brancas evidencia o caráter íntimo e doméstico da maioria dos feminicídios, muitas vezes cometidos por parceiros ou ex-companheiros, que estão tomados por ódio por acharem que essas mulheres são suas propriedades.
Em entrevista ao
, a delegada Judá Marcondes destacou que os crimes, em sua maioria, são motivados por ciúmes, cultura de posse e pela manutenção do ciclo contínuo da violência doméstica.
“O aumento dos casos de feminicídio não reflete a ausência de políticas públicas, mas o aprofundamento das dinâmicas sociais que sustentam a violência de gênero. O feminicídio representa a etapa mais extrema de um ciclo contínuo de agressões. Ainda convivemos com uma cultura que legitima a posse, o ciúme e o domínio masculino como se fossem demonstrações de afeto”, pontuou.
O levantamento aponta ainda que maio, junho e outubro foram os meses com maior incidência de feminicídios ao longo de 2025. Apesar da existência de instrumentos legais de proteção, apenas 7 dessas 52 vítimas possuíam medidas protetivas vigentes contra os agressores no momento do crime.
“Enquanto essa lógica cultural não for transformada, continuaremos a registrar números alarmantes, mesmo com toda a estrutura legal e institucional em funcionamento”, acrescentou a delegada.
Os dados oficiais mostram que as mulheres têm buscado cada vez mais apoio do Estado. Em 2024, foram solicitadas 17.910 medidas protetivas em Mato Grosso, indicando maior acesso à rede de proteção e confiança nas instituições. Atualmente, o Estado conta com nove Delegacias Especializadas de Defesa da Mulher e 28 Núcleos de Atendimento, com previsão de expansão para 46 unidades, conforme informações da coordenação de Enfrentamento à Violência contra a Mulher.
Cerca de 80% das medidas protetivas são respeitadas, o que comprova sua eficácia. No entanto, o feminicídio, a forma mais extrema da violência de gênero, ocorre, em muitos casos, justamente quando a vítima não procura o Estado ou interrompe o acompanhamento por medo, dependência emocional ou dependência econômica.
O feminicídio é o desfecho de agressões silenciosas, ameaças ignoradas e relações marcadas pelo controle. Os números de 2025 demonstram famílias destruídas, crianças ficando órfãs e o ciclo que continua a se repetir mesmo diante de tantas informações.
Relembre alguns casos:
A primeira do ano
Bruna Ferreira da Silva, 39, morreu na madrugada de segunda-feira, 27 de janeiro, em Aripuanã (1.002 km ao noroeste de Cuiabá). Vítima tinha hematomas no pescoço, costas e braço. O namorado dela, de 29 anos, foi preso em flagrante.
Segundo uma médica, vítima tinha lesões no pescoço, o que chamou a atenção. Logo em seguida, a filha da mulher, de 20 anos, chegou na unidade de saúde falando que o namorado da mãe a matou.
Conforme os profissionais da saúde, na última semana, Bruna esteve na unidade com um corte no supercílio. Afirmou que tinha sido agredida, mas não denunciou o agressor.
27ª vítima
Andreia Ferreira de Souza, 31, foi a 27ª vítima do ano em Mato Grosso. A mulher foi morta pelo ex-namorado, que ficou com ciúmes ao vê-la na companhia de outro homem e a esfaqueou. O crime ocorreu em Jaciara, na sexta-feira, 27 de junho, e Wanderson da Silva Ferreira, 32, foi preso horas depois na BR-364, entre Alto Garças e Alto Araguaia.
De acordo com a Polícia Civil, o homem que estava com Andreia também foi esfaqueado, mas sofreu apenas ferimentos leves. A mulher deu entrada com vida em uma unidade de saúde, mas com diversas perfurações na região do tórax, abdômen, braços e pernas. Ela não resistiu aos ferimentos.
Facadas em casa
Ednamara da Silva Pereira, 28, morreu esfaqueada pelo marido, na noite de domingo, 20 de julho, em Poxoréu (251 km ao sul de Cuiabá). A vítima foi atingida por um golpe na axila após bebedeira e o suspeito, Warley Sousa de Araujo, se entregou à Polícia Militar depois de horas de negociações via WhatsApp.
Conforme o boletim de ocorrência, a Polícia Militar foi acionada por volta das 17h por uma equipe médica, informando que uma vítima de feminicídio havia sido atendida no local.
Ao chegar na unidade de saúde, os policiais conseguiram confirmar que o autor do crime seria o companheiro da vítima. Familiares do suspeito informaram que ele se entregaria.
Em bar de MT
Sabrina Soares da Silva, 26, foi assassinada com um golpe de faca na região do peito, na noite de sexta-feira, 12 de setembro, em um bar de Apiacás (1.010 km ao norte de Cuiabá). Caso é investigado pela Polícia Civil.
De acordo com as informações apuradas pelo
, Polícia Militar foi acionada por volta das 21h08 para atender uma ocorrência de homicídio em um bar localizado na avenida Gov. Dante Martins de Oliveira.
Quando a equipe chegou, encontrou a vítima caída no solo com uma perfuração no peito, do lado esquerdo, perto do pescoço. Ela já não tinha mais sinais vitais. O suspeito do crime seria companheiro da vítima. Eles moravam juntos há pouco mais de um ano.
Tiros na cabeça
Maria Silveira Pereira, 63, foi morta com tiros na cabeça na sala de sua casa na noite dessa quinta-feira, 18 de setembro, em Jangada (80 km ao norte de Cuiabá). O responsável pelo crime foi identificado como Odiney Paes da Silva de 54 anos, ele é ex-marido da vítima e não aceitava o término do relacionamento.
Conforme apurado pelo
, a Polícia Civil foi acionada às 22h30 para atender uma denúncia de feminicídio no bairro Nova Jangada.
Ao chegar no local, o filho da vítima relatou que ao chegar em casa, encontrou sua mãe morta na sala. Ele disse, ainda, que o ex-marido da mãe esteve na residência no período da tarde e que há dias vinha a perseguindo por não aceitar o fim da relação.
Feminicídio seguido de suicídio
Jthessica Barbosa Lima, 24, foi encontrada morta com golpes de faca, dentro de casa, no bairro Maria Vindilina, em Sinop (500 km ao norte de Cuiabá), por volta das 8h de quinta-feira, 6 de novembro. Nos fundos da residência, o companheiro dela foi encontrado enforcado. Polícia investiga feminicídio seguido de suicídio.
Conforme as informações apuradas pelo
, a polícia foi acionada para a ocorrência assim que o corpo do casal foi encontrado dentro da casa. A porta estava tomada por populares.
Corpo de Jthessica, que é natural de Vitorino Freire, no Maranhão, estava caído em um dos cômodos com lesões de faca e o corpo de Sebastião Goiabeira Miranda, que completaria 35 anos na sexta-feira (7) e que também é natural da mesma cidade da vítima, estava enforcado em outro local.
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