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Cuiabá, Terça-feira 14/10/2025

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em 20 cidades de MT 14.10.2025 | 11h30

Raspadinha da facção prometia R$ 50 mil, mas só premiava R$ 100

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Maria Klara Duque - Especial para o GD

maria.klara@gazetadigital.com.br

Divulgação

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Circulando desde março deste ano, a 'Raspa Brasil', jogo ilegal de raspadinhas do Comando Vermelho, prometia prêmios de até R$ 50 mil. Porém, a Polícia Civil constatou que a premiação máxima ia só até R$ 100, apontando a fraude do jogo. Durante a operação, os policiais apreenderam centenas de bilhetes e, ao revelarem os prêmios, o valor mais alto encontrado foi de R$ 100. O jogo era comercializado ilegalmente por R$ 5. 

“Raspamos e não encontramos nenhum prêmio acima de R$ 100. Fizemos amostralmente ali, centenas de raspadinhas, e a maior tinha esse valor. Mas quem compra uma coisa que é ilegal não pode esperar que seja honesta”, afirmou o delegado Antenor Pimentel, da Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), responsável pelas investigações.

Em uma gráfica localizada em Várzea Grande, mais de 200 mil unidades da Raspa Brasil foram confeccionadas. “Só nessa gráfica, que a gente acredita não ser a única envolvida, encontramos registros de 8 lotes de impressão, totalizando mais de 200 mil bilhetes”, completou Pimentel.

Leia também - Faccionado preso na praia do RJ comandava 'raspadinhas' do CV, diz polícia

 

Segundo o delegado titular da GCCO, Gustavo Belão, a facção se aproveitava da empatia popular pelos jogos de azar para lucrar. No esquema, o comerciante que vendia os bilhetes ficava com 10%, o distribuidor com outros 10%, e os 80% restantes iam para o Comando Vermelho.

 

“A Raspa Brasil é um jogo de azar ilegal. Apenas a Caixa Econômica Federal tem autorização para esse tipo de modalidade. A facção usou algo que as pessoas veem como inofensivo para movimentar dinheiro e se fortalecer. Já identificamos a atuação desse jogo em pelo menos 20 cidades de Mato Grosso”, afirmou Belão.

 

Faccionado do Comando Vermelho, Ederson Xavier de Lima, o Boré, 43, é apontado como líder do esquema. Ele foi preso no final de setembro, ao ser flagrado curtindo uma praia em Niterói, no Rio de Janeiro. Na operação desta terça, a Polícia Civil cumpriu um mandado de prisão contra ele.

 

Pimentel destacou que Boré estava ligado à remessa de valores e o pagamento. “Ele fazia a movimentação do dinheiro. A raspadinha, como é uma coisa ilegal, ela não tinha um portal, não tinha nada. Era feito pelo WhatsApp”, lembra.

 

Segundo o delegado, assim que recebia o contato por telefone, lá do Rio de Janeiro. “Ele pagava alguns prêmios por conta de laranjas. Notadamente a conte do nome era falso”, explicou.

 

Operação Raspadinha do Crime

Conforme as informações divulgadas pelo órgão, ao todo, estão sendo cumpridos 21 mandados de prisão preventiva, 54 de busca e apreensão, além de 11 bloqueios judiciais e 25 ordens de quebra de sigilo bancário e telemático, com sequestro de valores que ultrapassam R$ 1,1 milhão.

 

A operação é conduzida pela Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO) e pela Delegacia de Repressão ao Crime Organizado (Draco), em conjunto com a Força Integrada de Combate ao Crime Organizado (FICCO).

 

As ordens foram expedidas pelo juiz Anderson Clayton Dias Batista, da 5ª Vara Criminal de Sinop. A Justiça também autorizou a apreensão e o descarte do material de raspadinhas, que incluía centenas de bilhetes e banners de propaganda apreendidos durante as diligências.

 

Os mandados são cumpridos em mais de 30 cidades, sendo elas: Cuiabá, Várzea Grande, Alta Floresta, Aripuanã, Brasnorte, Campo Novo do Parecis, Campo Verde, Castanheira, Colíder, Colniza, Confresa,Guarantã do Norte, Juara, Juína, Juruena, Lucas do Rio Verde, Matupá, Novo Horizonte do Norte, Novo Mundo, Nova Mutum, Pontes e Lacerda, Poxoréu, Primavera do Leste, Rondonópolis, Santa Carmem, Santiago do Norte, São José do Rio Claro, Sinop, Sorriso, Tangará da Serra, Tapurah, Terra Nova do Norte e União do Sul.

 

Esquema com estrutura empresarial

A investigação começou a partir da análise de materiais apreendidos em uma operação deflagrada em maio deste ano, que revelou a existência de uma rede organizada responsável por um falso empreendimento de raspadinhas instantâneas. Em apenas seis meses, o grupo teria movimentado mais de R$ 3 milhões com o esquema.

 

Por trás da aparência de legalidade, os investigadores descobriram uma estrutura empresarial com planejamento, hierarquia e divisão de funções. O jogo servia de fachada para lavagem de dinheiro e financiamento das atividades da facção, que buscava novas fontes de arrecadação além do tráfico de drogas e da extorsão.

 

Segundo a Polícia Civil, a empresa criminosa era dividida em três níveis operacionais. No topo, o núcleo estratégico, sediado em Cuiabá, coordenava as ações financeiras e definia diretrizes. O núcleo financeiro gerenciava contas bancárias de fachada e distribuía os recursos para diferentes regiões. Já o núcleo operacional, espalhado por mais de vinte cidades, cuidava da distribuição dos bilhetes, recolhimento do dinheiro e controle da contabilidade.

 

O delegado Antenor Pimentel, responsável pela investigação, afirmou que o esquema usava uma fachada de empresa para dar aparência de legalidade ao crime. “A operação representou um golpe direto no braço econômico da facção, desmantelando uma rede que unia tecnologia, manipulação social e engenharia financeira. A investigação segue em andamento, com foco na recuperação dos valores desviados e na identificação de possíveis ramificações interestaduais”

 

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