02.06.2017 | 12h06
(Atualizada às 20h20) Em depoimento prestado à Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp/MT), a delegada Alana Souza Cardoso afirmou que a informação a respeito de supostas ameaças contra a vida do governador Pedro Taques (PSDB) foram repassadas à ex-secretária adjunta de Inteligência, a também delegada Alessandra Saturnino, pelo ex-secretário-chefe da Casa Civil, Paulo Taques. As investigações deste caso resultaram em interceptações em telefones de duas mulheres, que seriam, respectivamente, ex-amante e ex-secretária de Paulo.
Procurado, o ex-secretário Paulo Taques afirmou que não comentaria o caso. “Apenas reitero que, conforme disse a delegada Alana, não lhe pedi que fizesse interceptação telefônica em quer que seja. Aliás, não pedi a ela nem a ninguém”.
As então servidoras alvos das interceptações na modalidade "barriga de aluguel" no bojo de uma operação da Polícia Civil em 2015 foram a publicitária Tatiana Sangalli e Caroline Mariano. O foco das investigações seriam as facções criminosas Primeiro Comando da Capital (PCC) e Comando Vermelho (CV) que estariam planejando uma forma de atentar contra a vida do governador Pedro Taques.
A delegada Alana Cardoso prestou esclarecimentos, no dia 26 de maio, ao secretário de Estado de Segurança Pública Rogers Jarbas para explicar detalhes sobre as investigações e as escutas telefônicas realizadas. Na ocasião, afirmou que o pedido para investigar as 2 mulheres partiu do então secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques. Esclareceu, no entanto, que a opção por escutas telefônicas foi uma decisão interna da Força Tarefa denominada de Forti, montada com integrantes da Polícia Civil, Polícia Militar e Sistema Penitenciário de Mato Grosso (Sispen).
"A missão da FORTI era acompanhar por meio dos organismos de inteligência a movimentação dos presídios no Estado e uma das ferramentas utilizadas foi a interceptação telefônica; para a implantação da interceptação telefônica foi avençado com os promotores de Justiça do Gaeco que a interceptação seria realizada em parceria e que os áudios seriam ouvidos por servidores da PJC, PM e Sispen dada a especificidade dos alvos, sendo montada montada uma estrutura na própria Sesp para tanto", consta no depoimento.
A própria delegada Alana Cardoso ressalta no depoimento que não houve pedido de interceptação telefônica por parte de Paulo Taques. Afirmou que foi uma decisão dela juntamente com a delegada Alessandra Saturnino "diante da urgência e sensibilidade da situação, a qual envolvia supostamente o governador e um secretário de Estado". Garantiu ainda que a decisão foi eminentemente técnica.
Leia também - 'Barriga de aluguel' em escutas telefônicas leva juíza a pedir auditoria
Marcus Vaillant![]() Delegada diz que interceptações surgiram por risco a Taques, que não se confirmou na investigação |
Detalhes das investigações
Conforme consta nos autos do depoimento da delegada, divulgado pelo site RD News, em março de 2015, ela foi chamada pela então secretária-adjunta de inteligência da Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), Alessandra Saturnino. Esta teria lhe contado que havia uma ameaça ao governador Pedro Taques (PSDB) e contra o secretário-chefe da Casa Civil Paulo Taques e que precisava que o caso fosse apurado da maneira mais discreta possível.
Através da secretária-adjunta, a delegada soube que uma ex-amante de Paulo Taques, Tatiana Sangalli, estaria mantendo contato com o ex-bicheiro João Arcanjo Ribeiro e que possivelmente estaria tramando contra a vida do governador, já que Pedro Taques, enquanto procurador da República, foi o responsável pela investigação que levou o “comendador” para a cadeia, no início dos anos 2000.
Consta no termo do depoimento da delegada que, o próprio Paulo Taques havia relatado o fato e que ele pediu providências para a apuração junto à Secretaria-Adjunta de inteligência da Sesp. Alana disse também que foi informada que a secretária direta de Paulo Taques, Caroline Mariano, conhecida como “Carol”, estaria mantendo contato com Tatiana Sangalli e com outras pessoas suspeitas.
Por isso, Paulo Taques temia que a funcionária, conhecendo toda a sua rotina e de sua família, pudesse passar informações que colocassem em risco a segurança dele e do próprio governador, que é seu primo.
A delegada então começou a fazer levantamentos e conseguiu identificar os dois números de telefone que seriam pertencentes à Tatiana Sangalli e à Caroline Mariano. Diante da informação de que Tatiana estaria indo visitar João Arcanjo naqueles dias e como não havia nenhum documento que subsidiasse uma medida cautelar, a delegada, juntamente com a secretária-adjunta de Inteligência decidiram inserir os dois números na Operação Forti.
Reprodução![]() Tatiana Sangalli foi vítima de uma série de interceptações telefônicas irregulares |
Dessa forma, foi pedida a prorrogação dessa operação junto à juíza Selma Arruda, na 7ª Vara Criminal, até que se produzisse o relatório necessário para instaurar o inquérito e representar ao Juízo outro processo específico sobre a ameaça ao governador, o que realmente foi feito no âmbito da Operação Querubim, já divulgada pelo Gazeta Digital.
Após decidir junto à Alessandra Saturnino pelo encaminhamento do caso à Gerência de Combate ao Crime Organizado (GCCO), a delegada Alana conversou pessoalmente com o delegado Flávio Stringueta, relatando a ele o caso e as informações já apuradas na operação Forti.
Já com a operação Querubim instalada, Alana ficou responsável por ouvir os grampos do telefone de Tatiana e Stingueta ouviu os grampos do telefone de Caroline. Porém, nada relevante foi detectado nas conversas, nada que indicasse algum tipo de atentado contra o governador ou contra o então chefe da Casa Civil, motivo pelo qual foi encerrada a operação e pedido o arquivamento do inquérito. Os áudios das interceptações também não foram utilizados, conforme afirma a delegada em seu depoimento.
Reprodução/GazetaDigital![]() Trecho do depoimento de Alana onde ela explica opção pelo método de interceptação telefônica |
Ao secretário Rogers Jarbas, a delegada disse que o caso foi tratado como altamente sigiloso e só foi tratado por ela com Alessandra Saturnino e Flávio Stringueta. Ela atestou que durante as investigações não manteve contato com qualquer magistrado. Afirmou ainda que também não fez contato com Paulo Taques e nem com o então secretário de Segurança Pública Mauro Zaque (autor da denúncia dos grampos).
A delegada ressaltou ainda que não houve uso inadequado dos áudios captados e que ela acredita que cumpriu com seu dever funcional, já que não havia naquele momento medida mais eficiente de garantir a segurança do governador e do secretário da Casa Civil. Segundo ela, a decisão pela interceptação foi estritamente técnica.
Versões dos alvos das investigações
Ao Gazeta Digital, o advogado de Arcanjo, Paulo Fabrinny, já afirmou que o envolvimento do nome de seu cliente nesse caso se tratou de uma "armação" para prejudicá-lo em suas tentativas na Justiça de reduzir a pena que cumpre em prisão e de voltar a uma prisão de Mato Grosso.
Conforme o Gazeta Digital já adiantou, Tatiana Sangalli afirma que manteve relacionamento amoroso com o ex-secretário durante os anos de 2009 a início de 2015. Ela afirma que buscará na Justiça reparação aos danos sofridos com o envolvimento de seu nome em processos que tratam de tráfico de drogas.
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antonio homero - 02/06/2017
Quando dizem não havia tempo decidiram inserir isso é barriga de aluguel (Crime), a autoridade policial deve ter esse conhecimento para agradar superior hierárquico embarcou nessa ilegalidade toda.
1 comentários