18.09.2005 | 03h00
Sol, quem diria, acabou em Boiadeiros. O sonho da personagem de Deborah Secco em América, de ganhar a vida nos Estados Unidos, virou pesadelo. Escorraçada da terra do Tio Sam, a moça teve de engolir em seco a amarga volta para casa. A autora Glória Perez carregou nas tintas ao separar a moça de seu segundo amor eterno o certinho Ed de Caco Ciocler e deixou um clima de quem morreu? no ar. A separação do casal, porém, ainda vai render: nos próximos capítulos, América vai girar em torno da questão da paternidade. Inconformado com a atitude de Sol, Ed vem atrás da moça no Brasil para brigar pelo filho. A discussão que a autora pretende levantar é se vale a pena para a mãe mentir sobre a paternidade da criança para manter a guarda. Se for o caso, Sol voltaria a adquirir ares de vilã e Ed ganha mais espaço na trama. Mais até do que Murilo Benício, que interpreta o ainda empacado Tião.
Outros personagens que integram o núcleo de Miami poderiam aproveitar a vinda de Sol para o Brasil para pegar carona com ela. Helô, interpretada por Simone Spoladore, criou o precedente. Cansada de ser menosprezada pelo marido Neto, interpretado por Rodrigo Faro, decidiu retomar a carreira de advogada. E já não era sem tempo. Spoladore tinha de ter, pelo menos, uma esperança de que sua personagem pudesse melhorar a moça tem sido tratada como figurante de luxo, apesar do inegável talento. Nem mesmo quando o filho Rique, vivido por Matheus Costa, foi assediado por um pedófilo ou, mais recentemente, tornou-se alvo de um processo por dar uma bitoca em uma coleguinha de turma. Esse, aliás, foi um ponto positivo de América, que mostrou uma diferença cultural fundamental entre os dois países. O que no Brasil é interpretado como um ato inocente, de pura curiosidade, pode ser encarado em terras ianques como uma prova da tara do moleque incipiente, porém inexorável. Outro ponto que Glória resolveu trabalhar para movimentar a apagada Helô foi o ciúme de Neto. Ele, que sempre relegou a mulher para segundo plano, pois também está embriagado pelo sonho americano, ficou chocado com a amizade entre ela e Tony, personagem de Floriano Peixoto. Demorou para se dar conta do mulherão que tinha em casa...
A dúvida que fica é quanto ao destino do núcleo Miami, que vai se concentrando na pensão de Consuelo, vivida por Cláudia Jimenez nítida economia de cenário. Mesmo com grandes atores, o núcleo cucaracha de América ainda não emplacou uma historinha sequer sem que Sol estivesse envolvida. Nem mesmo a tão esperada chegada de Rosário, personagem de Fernanda Paes Leme, promete grandes agitos. Ela, que pode ajudar no processo de Sol, deve continuar apagada pela autora. Com destino incerto, alguns personagens, como Mercedes e Waldomiro, personagens de Rosi Campos e Eri Johnson, poderiam tentar mesmo a sorte no Brasil. Outra solução seria eles saírem para comprar cigarro e nunca mais voltarem.
Personagens que não têm nada a acrescentar à novela, porém, não são privilégio do núcleo de Miami. No núcleo carioca de Vila Isabel há quem não faça falta alguma. O aspirante a sambista Gabrielzinho do Irajá, ao contrário, sobra. Com uma participação pontual no início, o garoto acabou ficando, ficando, e, para dar suporte a ele, os músicos convidados para o Tutu do Gomes, festa promovida pelo personagem de Walter Breda, têm transformado o local numa espécie de reedição do Bar da Dona Jura. Mas ao contrário do ponto de pagode de O Clone, o Tutu do Gomes só recebe gente desconhecida algumas, merecidamente. O papel dado a Eduarda Emerick foi melhor desenvolvido, já que ela, ao menos, ajuda na educação de Flor.
A experiente Glória Perez poderia contextualizar melhor a participação do Gabrielzinho, além de simplesmente só fazê-lo cantar o que faz muito mal e bater ponto no programa do Dudu Braga. O programa É Preciso Saber Viver, aliás, é um tanto enfadonho agravado pelas constantes e quase sempre desnecessárias participações de Jatobá, personagem de Marcos Frota. Além do mais, se é para ser apenas uma falação sem fim, seria muito mais crível que fosse um programa de rádio. Do jeito que está, o que deveria ser um merchandising social se arrisca a ser uma forma de queimar a imagem de quem batalha pelos direitos dos deficientes. De boas intenções...
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