01.08.2010 | 03h00
Fazer novela das oito nunca foi prioridade para Daniel de Oliveira. Mas depois de passar por todos os horários da Globo, participar de novela na Manchete e interpretar até o ídolo Cazuza nos cinemas, o ator reconhece que estava na hora de experimentar. E se deu bem. O intérprete do italiano Agnello de Passione, faturou um papel de destaque na história de Sílvio de Abreu e ainda pôde, pela primeira vez, gravar no exterior. Tudo isso sem o peso de protagonista que vinha carregando em seus últimos trabalhos. Na trama, Agnello se apaixona por Stela, de Maitê Proença, esposa de seu tio Saulo, de Werner Schünemann. Mas acaba namorando a filha do casal, Lorena, de Tammy Di Calafiori. "Gravei apenas uns oito dos quase 40 dias que fiquei na Itália. Consegui observar bastante o comportamento das pessoas e aproveitei para prestar atenção no idioma, já que sabia que seria importante para o papel", explica.
É exatamente a língua italiana que justifica a satisfação em poder desfrutar de um coadjuvante no horário nobre. Daniel confessa que estaria atrapalhado se tivesse de decorar as falas que costumava receber quando encarnava os mocinhos ou os vilões dos folhetins em vocabulário estrangeiro. "Precisamos ficar ainda mais atentos por se tratar de um idioma diferente", justifica o ator, que não dispensa aulas particulares para se sentir mais seguro no ar.
Você começou a ter aulas de italiano antes de começar os trabalhos em Passione. Foi uma coincidência ou já estava se preparando para interpretar um italiano?
Foi por pura coincidência. Minha professora de inglês também dá aulas de italiano e um dia, do nada, começou a insistir para que eu tentasse aprender o idioma. Eu não queria mexer com isso, mas combinamos de experimentar 20 minutos um dia, 40 no outro... e fui me interessando. Fazia uma hora e 20 minutos de inglês e 40 de italiano. Mais ou menos quatro meses depois rolou o convite. Aí, sim, aumentei para uma hora de aula a cada dois ou três dias.
Foi difícil começar a decorar os textos em italiano?
- Não é um personagem que eu grave incessantemente, o que é ótimo para mim. Acho que se tivesse de gravar muito um papel que fala meio português, meio italiano, ia ser difícil decorar. Calculo que, pela questão do sotaque, levo o mesmo tempo estudando as minhas falas que levava quando fiz protagonistas e antagonistas em novelas passadas. O idioma requer mais cuidado e dificulta na hora de improvisar. Por isso continuo com as minhas aulas particulares, que já têm me ajudado nesses momentos.
As falas em italiano vêm recebendo várias críticas em Passione. Isso dificulta na hora de improvisar alguma reação do Agnello?
Claro que a gente precisa ter mais atenção. O Tony Ramos, que eu brinco que já interpretou gregos e troianos, já tinha avisado que isso iria acontecer. Ele tem muita experiência com sotaques, é um cara que sabe o que fala e sempre disse que isso era comum, mesmo antes de estrearmos. Até quando se trata de um sotaque de uma região brasileira diferente pode acontecer um estranhamento de crítica e público. Mas acho que a gente não precisa entender tudo literalmente. Numa cena, dentro do contexto, dá para captar a mensagem. E muitas vezes a gente fala uma palavra e, em seguida, traduz para o público. Aos poucos, isso vai deixar de ser apontado como um problema e as expressões vão começar a cair para valer no gosto das pessoas.
Seu personagem se envolve com mãe e filha na novela. O que o público tem comentado a respeito disso? Ouve muitas piadas por ter cenas de beijo com a Maitê Proença e com a Tammy Di Calafiori?
Não tem jeito, o pessoal sempre brinca muito com isso. Ouço bastante que sou um cara de sorte! Pela mãe e também pela filha! Uma coisa que achei muito legal foi ver um personagem meu no Casseta & Planeta, Urgente! Ri muito com o Lazagnello. Esse tipo de repercussão é novo para mim.
Essa é a primeira vez que você atua em uma novela das oito. Há diferenças em relação aos outros horários?
Muita gente fala da questão da responsabilidade, mas isso para mim é igual. O que muda é o alcance. Fico impressionado, parece que todo mundo vê. Não fico escolhendo e nem diferencio novela das seis, sete ou oito. Mas era algo que faltava no meu currículo, já que estreei na Globo em Malhação e já tinha feito todos os outros horários de dramaturgia. Até os de séries.
Você ganhou muito prestígio no cinema e tenta sempre equilibrar sua vida entre os filmes e a tevê. O que determina suas escolhas profissionais?
- Acho que qualquer decisão tem de ser bem pensada e pesada. Eu sou contratado da Globo, mas criei um vínculo com o cinema. E ele me deu uma oportunidade que talvez a televisão levasse mais tempo para me dar. Não posso abandonar os filmes e nem quero isso. Mas também adoro fazer novela. Ainda mais com um papel tão bacana quanto o Agnello. São tantos atores por aí precisando trabalhar, querendo trabalhar, doidos por uma vaga na novela das oito que não teria o menor sentido desvalorizar uma posição como essa.
Desde quando você começou a direcionar sua vida para as artes cênicas?
- Aos seis anos, fiz o coelho de Alice no País das Maravilhas em uma peça no colégio Santo Agostinho, onde estudei, em Belo Horizonte. Minha mãe fez o figurino para mim, coisa de fim de ano. Lembro que no meio daquela escuridão toda do palco eu consegui achar a minha mãe e dei o texto para ela, nervosão. Mas tenho um tio que é veterinário e ator, o Fernando Ernesto, então comecei a observar mais ele e, aos 14 anos, decidi ser ator. Mas não foi tão fácil.
Por quê?
- Decidi passar para o turno da noite no colégio onde estava estudando e quis trabalhar. Procurei emprego e comecei a fazer teatro nos fins de semana. Meu primeiro trabalho, na verdade, foi aos 12 anos, como vendedor de balas na loja de um tio. Depois, trabalhei para valer na Appel Embalagens, onde vendia plástico e papel. Aí fui para a RB Informática, que na minha cabeça, era a Rhythm and Blues (risos). Trabalhava no almoxarifado, carregava caixas.
Quando você começou a ganhar dinheiro como ator?
O início foi inusitado. Fui enganado por um cara que buscava atores para um filme. Tinha de pagar R$ 50 para fazer o teste e eu paguei. Mas como ele falou que fui aprovado, fiz o cálculo em cima do que supostamente eu ia receber e me programei para passar um tempo sem trabalhar, tentando impulsionar minha carreira de ator. Eu tinha uns 18 anos já. Era uma mistura de ingenuidade e, ao mesmo tempo, vontade de pagar para ver. Só que o teste era uma mentira, uma armação. Aproveitei meu seguro desemprego para rodar em Belo Horizonte e entrei num grupo com o qual encenei A Bela e a Fera e Lucrécia, O Veneno dos Bórgias no teatro. Ganhava menos do que recebia na loja. Só depois rolou um comercial que acabou me levando para o elenco de Brida, na Manchete. Ali, as coisas começaram a acontecer. Na verdade, a não acontecer, porque a novela não se saiu bem (risos).
Como você foi parar no elenco de Malhação?
Eu morava no apartamento 808 de um prédio no Catete (Zona Sul do Rio de Janeiro) e o Chiquinho Nery, que é produtor de teatro, morava no 109. O porteiro ficava falando de um para o outro, que os dois mexiam com teatro. Um dia nos esbarramos e eu disse que ia mostrar uma fita. Fiz uma edição e a capa, era tosca para caramba, mas tinha sido feita com carinho. O Chiquinho viu, elogiou e me indicou para uma produtora de elenco que fazia o seriado Mulher. Fui fazer o teste e, no mesmo dia, me disseram que tinham um papel que era a minha cara em Malhação. Fiz outro teste e fui aprovado.
Passione
Globo, de segunda a sábado, às 21 h.
Publicidade
Publicidade
Milho Disponível
R$ 66,90
0,75%
Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
0,14%
Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
Publicidade
Publicidade
O Grupo Gazeta reúne veículos de comunicação em Mato Grosso. Foi fundado em 1990 com o lançamento de A Gazeta, jornal de maior circulação e influência no Estado. Integram o Grupo as emissoras Gazeta FM, FM Alta Floresta, FM Barra do Garças, FM Poxoréu, Cultura FM, Vila Real FM, TV Vila Real 10.1, TV Pantanal 22.1, o Instituto de Pesquisa Gazeta Dados e o Portal Gazeta Digital.
É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem a devida citação da fonte.