14.03.2004 | 03h00
Mesmo para os que não entendem muito de carnaval, é fácil lembrar uma imagem estampada na capa de dezenas de publicações brasileiras e estrangeiras em março de 1978. Uma mulata de mais de 1,80 de altura, cabeça raspada, na ocasião, sambava para um embasbacado príncipe Charles e se tornava a figura brasileira mais comentada do momento.
Exatamente 16 anos depois, a sambista Pinah Ayoub, idade não revelada, faz a correção. "Eu não dancei com o príncipe; ele veio dançar comigo", conta, às gargalhadas. Na época, ela nem fazia idéia de quem era o gringo que vinha em sua direção com passos de charleston. "Só no dia seguinte fiquei sabendo que era o futuro rei da Inglaterra. E nem reparei direito nele, meu rei sempre foi o Elias, meu marido", desconversa, bem humorada.
Este foi apenas um dos muitos momentos emocionantes da trajetória da "cinderela negra", cuja marca registrada é a careca que mantém desde meados da década de 1970. "Um carnavalesco, Luiz Carlos Ribeiro, sugeriu que eu raspasse para encarnar melhor uma fantasia chamada Odetá, escrava de Xangô. Se não gostasse do resultado, colocaria uma peruca. Como você pode ver, não foi o caso", conta.
Outro episódio memorável ocorreu em 1983, na Sapucaí, com o enredo "A Grande Constelação de Estrelas Negras". O refrão, algo como "Pinah, a cinderela negra que ao príncipe encantou com seu esplendor", foi cantado por todo o público presente na avenida.
Pinah, que é formada em Contabilidade e já foi modelo, nunca abandonou o carnaval. Na verdade, ela deixou de ser destaque para dar oportunidade às nova gerações. Sua filha Cláudia, de seu casamento com o empresário Elias Ayoub tem apenas 12 anos e já desfila como composição de destaque na escola. Além de ser requisitada intensamente durante o carnaval, Pinah é responsável pela divulgação da loja do marido, o Palácio das Plumas.
"Muitas pessoas pensam que o carnaval é uma festa louca, mas ele demanda muita organização e está para mim como uma cirurgia cardíaca está para um médico", explica, com a segurança de quem tem 30 anos de festa, 28 deles na Beija Flor de Nilópolis.
O Palácio é um supermercado de fantasias de 450 m2 que funciona o ano todo em dois endereços: no bairro da Aclimação e na rua 25 de março. Este ano, o negócio pode gerar mais duas filiais: uma no Rio e outra na Inglaterra. "O inglês têm aquele jeito sério, mas é só dar corda e ele se revela".
Mas nem só de carnaval carioca vive Pinah, uma mineira cuja imagem está diretamente vinculada à cidade do Rio de Janeiro. Ela samba também em São Paulo, cujo espetáculo classifica como bastante diferente do carioca, mas igualmente glamouroso. "Na verdade, não gosto de comparar. Cada um tem sua beleza e o paulistano têm evoluído bastante e rapidamente", considera.
A musa não nega que sente saudades da época em que era destaque na Beija Flor, bicampeã do carnaval carioca deste ano. No entanto, o que poderia ser uma mágoa, é apenas um sentimento saudável. "Viajei pelo mundo todo e coleciono histórias muito divertidas. Mas minha vida agora é outra e me realiza tanto quanto a que eu tive no passado".
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