A Expedição Roosevelt - Rondon - II

A entrada do ex-Presidente americano Theodore Roosevelt em Mato Grosso se deu pelo rio Paraguai, na foz do rio Apa (hoje MS) em 12 de dezembro de 1913, após navegar por rios platinos, atravessando a Argentina e o Paraguai.
Em território Mato-Grossense a 1ª etapa da viagem foi fluvial, a bordo de um vapor de baixo calado denominado Nyoac, e o trecho percorrido foi de Corumbá a Cáceres em seguida atingiram Tapirapuan, posto telegráfico que servia de base para penetração do noroeste brasileiro.Nesse deslocamento a comitiva esteve na Fazenda São João, de propriedade da família Costa Marques, em Leverger, onde foi recepcionada pelo Governador do Estado Joaquim Augusto da Costa Marques, parlamentares e outra autoridades.
 A 2ª etapa, entre Tapirapuan e o Rio da Dúvida, foi terrestre, passando pelo belíssima cachoeira de Utiariti. Nesse trecho começaram os problemas, como a deserção de homens; a malária; morte da maioria da tropa(110 mulas e 70 bois de carga) e o abandono de parte considerável dos alimentos e equipamentos pelo caminho.
Em Utiariti ‘caiu a ficha’ de Roosevelt, tomou consciência exata das enormes dificuldades que teriam pela frente, sabia que vários dos seus amigos americanos não estavam preparadas para tamanho sacrifício e decidiu excluir o padre Zahm, o naturalista Miler e o fotógrafo Fiala da Expedição, logo eles, que haviam sonhado e planejado desde o início essa aventura e como prêmio de consolo, deu a eles as missões de descerem o rio Ji-Paraná e o Papagaio.
Dois meses e meio depois de se encontrar com Rondon na foz do rio Apa, rio Paraguai, a Expedição Científica Roosevelt - Rondon chega ao Rio da Dúvida, com 22 homens; 7 canoas toscas compradas dos Nhambiquaras(as canoas canadenses foram abandonadas); 2 balsas de madeira e alimentos em quantidade limitada. Estava a Expedição exposta, sem limites, a sua má preparação e iniciava a descida do rio tão duvidoso e tão distante de tudo.
Na selva foram 59 dias, na maioria, de horror! Roosevelt era conhecido nos E.U.A. como ‘Alce’, era destemido, adorava perigos e desafios cada vez maiores. Havia passado um ano na África caçando leões, rinocerontes e leopardos, além de ter explorado as regiões mais inóspitas do oeste americano, porém ao conhecer a Amazônia declarou em seu diário: ‘O mito muito patético da ‘natureza pródiga’ não poderia enganar nem mesmo o menos esperto dos seres, se alguma vez ele visse com os próprios olhos a crueldade férrea da vida nos trópicos’.
Um mês de descida do Rio da Dúvida, já batizado por Rondon de Rio Roosevelt, o ‘Alce’ americano sofreu um acidente no rio e machucou gravemente sua perna esquerda, ficando impossibilitado de caminhar e ainda atacado pela malária que elevava sua febre a 40º C, inando sua saúde ao extremo, resolveu suicidar se! Comunicou ao filho Kermit e ao amigo Cherrie: ‘Rapazes, percebo que alguns de nós não vão concluir esta viagem. Eu vou parar por aqui’. Roosevelt trazia um frasco contendo uma dose letal de morfina.

 Wilson Santos é professor e ex-prefeito de Cuiabá