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Luiz Henrique Lima - A | + A

11.02.2017 | 00h00

Ombros de gigantes

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Um dos maiores gênios da humanidade, Isaac Newton, admitiu certa vez em carta a um amigo: ‘Se vi mais longe, foi por estar de pé sobre os ombros de gigantes‘. Os grandes homens têm como característica a humildade e o reconhecimento e a gratidão em relação aos que os precederam e mesmo aos seus contemporâneos.
Às vezes recordo essa lição de Newton, quando observo nos mais diversos ramos de atividade figuras públicas que pretendem se elevar diminuindo os demais e agindo como se o universo fosse outro, muito melhor, a partir de sua presença.
Quem desmerece as realizações das gerações anteriores expressa arrogância, insegurança e/ou ignorância. Somente espíritos menores se ressentem de um brilho que não é seu. Airton Senna nunca subestimou Emerson Fittipaldi; Zico jamais rebaixou Dida; em nenhum momento Pavarotti pretendeu ser superior a Caruso; e Guimarães Rosa não se julgava melhor que Machado de Assis.
Os verdadeiramente grandes não se incomodam com a grandeza alheia, nem temem que ela possa fazer-lhes sombra. Ao contrário, aquele que possui efetiva luz própria aprecia a companhia de seus semelhantes, admira-os com sinceridade, regozija-se com seu sucesso e sabe valorizar as suas conquistas porque conhece o quanto elas exigem de dedicação, esforço, sacrifício e renúncia.
Infelizmente, na política houve muitos gigantes que, em vez de serem reconhecidos e reverenciados por quem lhes sucedeu e terem sua obra como fonte de inspiração e plataforma para novos empreendimentos, foram implacavelmente combatidos. É como se houvesse um manual maléfico que ensinaaos líderes ocasionais que eles só conseguirão se estabelecerse destruírem a memória, a imagem e até as obras de seus antecessores. Fizeram isso com Willy Brandt na Alemanha, com Juscelino Kubitschek no Brasil e com Leonel Brizola no Rio de Janeiro e no Rio Grande do Sul, entre tantos exemplos. E depois, suprema hipocrisia, quando esses gigantes morreram, muitos dos que os pisotearam em vida, se acotovelaram para aparecerem compungidos nas fotos do velório e do enterro.
Lembro que quando Darcy Ribeiro faleceu a Voz do Brasil foi inundada de pronunciamentos laudatórios, tanto mais emocionados quanto maior tinha sido a participação dos oradores na destruição dos Centros Integrados de Educação Pública pelos quais ele tanto lutara. Se tais falas fossem inspiradas pelo remorso, seria menos mal, porém o tempo revelou que foi apenas um espetáculo de oportunismo vulgar.
Esse tipo de comportamento caracteriza uma espécie de mentalidade de Luís XV às avessas. Como se sabe, aquele monarca francês governou de forma perdulária e irresponsável, baseando-se na máxima ‘Depois de mim, o dilúvio‘, ou seja, lixando-se para o futuro. Já esses parecem agir como se antes deles e do seu exercício transitório de poder nada houvesse ocorrido que merecesse algum crédito, desmerecendo assim completamente o passado.
Claro que as mentiras não têm vida longa, assim como as carreiras daqueles que delas se alimentam. Todavia, o estrago que causam é considerável, o prejuízo é de toda a coletividade e a reparação dos danos é demorada e trabalhosa. É o que estamos constatando na tentativa de recuperação da crise econômica brasileira, provocada, ou pelo menos agravada, em boa medida, pelos que quiseram reinventar a roda na gestão fiscal.
Por isso, é muito valiosa a lição de Isaac Newton. Se temos a ambição de representar uma diferença positiva no ambiente em que vivemos, tenhamos a modéstia de reconhecer que somos apenas elos passageiros de uma cadeia evolutiva. Se pretendemos convencer alguém de nossas ideias, tenhamos a paciência de ouvir quem pensa de outro modo. Se imaginamoster algo a ensinar, tenhamos a certeza que muito mais temos a aprender. E se quisermos enxergar mais longe, valorizemos os gigantes sobre cujos ombros nos apoiaremos.

Luiz Henrique Lima é conselheiro substituto do TCE-MT

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