29.11.2016 | 00h00
Você sabe o que é espiritualidade? Decerto, não é religião. Vivemos numa era em que cada um deve encontrar dentro de si mesmo o mestre interior, sem apegos e alienações institucionais. Espiritualidade não é doutrina, nem o que ela preconiza. É antes de tudo consciência e estilo de vida. Um espiritualista é quem trata bem quem estiver ao redor dele. É quem cuida com zelo dos afazeres e dos pertences que manuseia, pois a tudo vê como dádiva.É quem não só prega preceitos. O espiritualista é quem dá um bom dia além da boca, ele perdoa sem interesse, agradece antes de receber e ama sem distinção. Não depende de templo religioso, ele o encontra em si mesmo.
A espiritualidade não funda instituição, ela entrelaça a fé de cada um sem sectarismo, nem distinção de credo, etnia ou classe social. Ela é uma condição que está no cotidiano, no altruísmo, no trabalho, na cultura, na família, na arte, e na interação social, e também na religião. Embora nem sempre religião seja singular como espiritualidade, por isso não são sinônimas. O indivíduo espiritualista não delineia a vida em função de rituais.
Espiritualidade é um caminho autônomo que visa romper limites místicos, convenções, paradigmas limitantes, e não é representada pela institucionalização de crenças, ritos ou dogmas. Ela difere de religiosidade, rótulo religioso, corrente doutrinária ou seita, que defende um dogma ou doutrina. Religião possui temporalidade, enquanto ela se adapta mais a uma época ou a uma cultura específica, a espiritualidade possui princípios mais perenes e se adapta em qualquer época, em quaisquer crenças e expressões culturais.
Religião possui caráter dogmático, liga-se mais a condutas e alimenta-se por crenças, rituais e cerimônias, enquanto espiritualidade desenvolve valores e consciência, e baseia-se na transcendência da transitoriedade como estado de espírito pela liberdade, não pelo temor ou pela punição.
Uma religião pode ser espiritualista à medida que se liberta de dogmas punitivos ou tradições antigas e preceitos moralistas, assim como uma pessoa pode ser espiritualista à medida em que não se prende a uma corrente religiosa com se fosse a única verdade, e deixa de julgar os comportamentos alheios por não condizerem com o estilo de vida que ela julga ser o correto. Se a religião foca salvação sob determinadas condições, a espiritualidade dá vazão ao despertar de consciência e sem apegos. Atrás de um rótulo religioso pode se fixar a presunção que manipula verdades relativas como se fosse um emaranhado absoluto. E isso se torna perigoso quando conduzido por mentes fundamentalistas. Não deve haver sensacionalismo, tampouco exibicionismo numa postura espiritualista.
Ser espiritualista é ser ético e ter flexibilidade nas relações interpessoais. É não alimentar o preconceito, compreender as diferenças, dar atenção à quem estiver em volta sem se preocupar coma crença que possui. Espiritualidade é altruísmo, é caridade no anonimato. Quem a possui expressa os próprios dons, talentos, profissão e vocação para melhorar a vida das pessoas, sem exaltar o que desempenha.
Um dos caminhos da espiritualidade está no holismo, sem apego a divindades. Qualquer um pode ser cristão, budista, hinduísta, xintoísta, brâmane,taoísta ou escolher qualquer outra crença pela via da espiritualidade, até porque os preconizadores de muitas correntes existentes não traçaram preceitos exclusivistas como fizeram as facções administrativas criadas em nome deles, institucionalizando assim, a verdade em porções. Admiração e boa convivência com a pluralidade de crenças é o conduto da espiritualidade.
Quem pode ter maior nobreza? Aquele que reza e impressiona multidões, mas expurga quem não comunga as próprias crenças e manipula mentes ou aquele que apenas trata melhor as pessoas ao redor pela via do anonimato? Só oração não vale a pena se isso não fizer com que os demais se tornem melhores e mais amados. Talvez não haja oração mais poderosa do que um exame de consciência diário, empatia,postura e atos de ajuda mútua. É isso que isenta a todos da vaidade e do orgulho.Para a espiritualidade a unidade está na diversidade e a união vem do respeito às diferenças. Então, torna-se inútil saber a denominação religiosa de alguém quando a moral e a espiritualidade se fazem presentes.
Jair Donato - Jornalista em Cuiabá, escritor, consultor de desenvolvimento de pessoas, professor universitário, escritor, especialista em Gestão de Pessoas e Qualidade de Vida. E-mail: jair@domnato.com.br
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