Cuidar da saúde é um ato de amor consigo mesmo

No Dia Mundial da Saúde (07 de abril), celebramos muito mais do que a ausência de doenças. Celebramos o direito e a responsabilidade de cada um em buscar qualidade de vida e bem-estar em todas as suas dimensões: física, mental, emocional e social.

A saúde é uma construção cotidiana. Ela exige atenção, escuta ao corpo e escolhas conscientes. A prevenção é, sem dúvida, um dos pilares mais importantes dessa construção. Consultas médicas regulares, check-ups anuais e a realização de exames são essenciais para identificar riscos e potenciais problemas em estágios iniciais e garantir diagnósticos precoces, aumentando as chances de tratamentos menos invasivos e com maiores chances de sucesso.

Mas cuidar da saúde vai muito além do consultório. Envolve a adoção de hábitos alimentares saudáveis no dia a dia, com mais alimentos frescos e naturais e menos alimentos ultraprocessados. Vale a máxima “vamos descascar mais e desembrulhar menos”. Escolha alimentos in natura, como verduras, legumes, frutas, ovos e carnes ou os minimamente processados (leite, farinha e castanhas) nas suas refeições.

Além disso, o abandono de práticas nocivas como o sedentarismo, o tabagismo e o consumo exagerado de bebida alcoólica devem fazer parte da ordem do dia. A inserção de atividades físicas, aeróbicas e de fortalecimento muscular, devem ser regulares na rotina. Aqui vale a máxima, “ande mais e sente menos”.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, 150 a 300 minutos de atividade aeróbica moderada a vigorosa por semana para os adultos e, em média, 60 minutos por dia para crianças e adolescentes, são fundamentais para prevenir e controlar o diabetes tipo 2, câncer, doenças cardiovasculares (hipertensão), depressão, ansiedade e demência. Atitudes diárias como usar mais escadas que elevadores ou descer um ou dois pontos antes do destino, são gestos que transformam a rotina e impactam diretamente na sua saúde.

Mais de 8 milhões de pessoas morrem por ano no mundo por causa do tabaco, cujas folhas são utilizadas na confecção de diferentes produtos que tem como matéria prima a nicotina. O tabagismo é uma doença que contribui para o desenvolvimento de inúmeros tipos de câncer (bexiga, pâncreas, colo de útero, esôfago, rim, laringe, boca, pescoço, estômago, cólon, reto, traqueia, brônquios e pulmão), bem como para o desenvolvimento de infecções respiratórias, úlceras gástricas, impotência sexual, infertilidade em homens e mulheres, osteoporose, dentre outras.

Cerca de 3 milhões de mortes anuais no mundo resultam do uso nocivo do álcool, que é fator causal para mais de 200 doenças, incluindo cirrose hepática, alguns tipos de câncer (boca, estômago, fígado, cólon, reto e mama), gastrite e úlceras, pancreatite, neuropatia periférica, problemas cardíacos e vasculares além de prejuízo nas funções cerebrais (dificuldade de raciocínio, insônia, perda do equilíbrio e coordenação motora, dentre outros), anemia, osteoporose sem contar os prejuízos sociais e lesões resultantes de violência e todos os tipos de acidentes.

É importante ressaltar que segundo a Organização Mundial de Saúde não existe um padrão de consumo de álcool seguro e sem riscos. Outro conceito fundamental é que os efeitos do álcool sobre cada indivíduo são diferentes, dependentes de vários fatores e que nós mulheres somos mais susceptíveis aos danos, mesmo com níveis menores de ingestão. Em geral, por termos menor quantidade de água e maior quantidade de gordura corporal que os homens, as concentrações de álcool são mais altas e persistentes. Além disso, a concentração de enzimas e a ação de hormônios atuam na redução da metabolização do álcool.

Outro aspecto essencial e cada vez mais urgente, é o cuidado com a saúde mental, emocional e social. Vivemos em um mundo acelerado, repleto de pressões, julgamentos e cobranças. Reservar momentos de pausa, conectar-se consigo mesmo, fortalecer vínculos afetivos, dormir bem, buscar apoio quando necessário e encontrar espaços de bem-estar emocional são atitudes fundamentais e devem estar na sua agenda cotidiana. Leia, dance, escute música, cuide de plantas, pesque, pratique meditação, yoga, Tai chi chuan, conecte-se com um pet, celebre pequenas conquistas… encontre o que te dá prazer e coloque-o em sua rotina. O descanso também é produtivo. Aprender a dizer “não” é libertador e trará grandes benefícios mentais, emocionais e sociais. Praticar uma religião, exercitar a fé, é outra forma de cuidar da sua saúde integral.

E, por fim, destaco o poder da conexão com a natureza. Estar ao ar livre, respirar profundamente, sentir o sol e o verde ao redor é terapêutico. O contato com a natureza nos reequilibra, nos reconecta e nos lembra do essencial.

Que possamos refletir sobre o quanto estamos verdadeiramente cuidando de nós mesmos. Que cada escolha em direção ao bem-estar seja um compromisso com a vida. Porque viver com saúde é viver com plenitude, com propósito e com amor.

Natasha Slhessarenko é médica patologista e pediatra, docente da UFMT e diretora da Clínica Vida Diagnóstico e Saúde, em Várzea Grande.