09.09.2017 | 00h00
A notícia de que a menor vila da Suíça, com apenas 16 habitantes, luta para permanecer viva e de como um projeto de turismo pode salvá-la desse fim trágico, pelo menos para os moradores do lugar, revela que há sempre oportunidades que podem ser exploradas, basta um olhar mais aberto, a vontade e a disposição de colocar em prática ideias que a princípio podem parecer "absurdas".
A história de Corippo, uma comunidade encravada nos Alpes suíços e que existe há mais de 600 anos, é, no mínimo curiosa. Como outras pequenas localidades da região, a vila tinha 300 habitantes no século 19, nas últimas décadas foi "perdendo" seus moradores para cidades maiores do entorno e capitais. A migração de jovens ocorreu motivada pela busca de trabalho, estudo e uma vida social, digamos, mais movimentada.
A vila está a apenas 30 minutos de carro da movimentada Locarno.
O incremento do turismo às margens dos lagos em Locarno e Lucano, a chamada "Riviera suíça", com a implantação de inúmeros resorts, aliado ao processo de inviabilidade econômica do tradicional cultivo agrícola nas montanhas, acabou por decretar o fim do estilo de vida da comunidade.
Corippo não tem escola, não tem mercado, não tem emprego. Dos 16 moradores do lugar, apenas o prefeito trabalha, os demais são aposentados. Um conjunto de mais de 60 casas de pedra tradicionais, com telhados de pedra seca, muitas com lareiras, piso de madeira e afrescos originais, está abandonado e à mercê dos desgastes do tempo.
No entanto, o diretor de turismo do cantão de Ticino, Elia Frapolli, vê esse estado das coisas como uma oportunidade. A ideia é aproveitar a "autenticidade" do lugar para fazer dela um atrativo turístico, possibilitando que os turistas possam se transportar para outro século. Assim, com o apoio de uma fundação dedicada a preservar Corippo, um plano foi desenvolvido: transformar algumas das casas vazias em quartos de hotel. Esse conceito, conhecido como albergo difuso (ou "hotel difuso"), já foi testado em algumas vilas em montanhas na Itália.
Por mais absurdo que pareça, a ideia, que ainda vai levar ao menos um ano para se concretizar, a novidade se espalhou e os pedidos de reservas já começaram.
Muita gente pode alegar que essa experiência só está dando certo porque é na Suíça. No Brasil, seria impossível. Porque não?
O turismo de experiência ganha cada vez mais força e adeptos. Porque não fazer dele uma alternativa de desenvolvimento local? Já existem algumas iniciativas nesse sentido, embora ainda tímidas e pontuais.
A verdade é que podemos sim usar o caso da vila de Corippo como exemplo e inspiração para implementar iniciativas do gênero. Se não temos um conjunto de imóveis tombado pelo patrimônio cultural, como lá, temos história, cultura, especialmente a popular, saberes, gastronomia, lugares únicos e autênticos que podem muito bem ser utilizados como ativos turísticos. O que precisamos é implementar essas ideias e transformá-las em realidade, tendo muito claro que, nem sempre é preciso grandes investimentos ou tecnologias. Ideias simples podem trazer retorno econômico consistente. A tão decantada criatividade brasileira é um trunfo que temos e deve ser usada a nosso favor de forma mais produtiva.
É "fazer do limão" uma limonada, ou várias.
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