18.09.2025 | 14h15
Divulgação
O ipê é, talvez, a árvore que mais me encanta. Sempre que floresce pelas calçadas de Cuiabá, não consigo deixar de contemplar sua beleza. Visto de cima, Mato Grosso, nesta época do ano, parece uma obra de arte: um imenso tapete colorido que cobre o chão desta terra abençoada por seus biomas naturais.
Suas cores são vivas, frondosas e encantadoras. O ipê inspira poetas, pintores, compositores e também a mim, simples observadora de sua grandeza.
Ao vê-los, penso em Van Gogh, quando pintou A Noite Estrelada. Do hospício onde estava internado, em meio à solidão, ele transformou o pouco que via da janela em uma das obras mais famosas da história da arte. Assim como no quadro de Van Gogh, em que as estrelas parecem se multiplicar no céu, os ipês, quando vistos de cima, lembram um chão estrelado. É a mesma essência: beleza, esperança e vida brotando em meio à dor.
Em Cuiabá, carinhosamente chamada de “Jardim de Alá” na música Tardes Morenas de Mato Grosso, de composição de Goiá e Valderi, o ipê reina absoluto. A canção exalta a natureza, os ipês floridos nas calçadas de Cuiabá. Paisagem, amor, despedida, saudade e encantamento se entrelaçam.
E, afinal, o ipê e o amor têm muito em comum. Ambos florescem quando menos se espera. O ipê, em pleno inverno, quando a paisagem parece seca e sem vida, explode em cores que transformam a cidade. O amor também nasce, muitas vezes, em meio às nossas secas interiores, quando acreditamos que nada mais pode florescer e, de repente, tudo se ilumina.
Mas, para o ipê, sempre chega o tempo de se despir. As flores caem, o chão se cobre de beleza passageira, e a árvore se mostra nua, em silêncio.
E, mesmo assim, o ipê ensina que a ausência das flores não significa morte, mas preparo para um novo florescer. É uma lição de resiliência. Todos os anos, sem falhar, ele nos ensina que, mesmo após a aridez, a vida retorna com ainda mais vigor e delicadeza.
Essa árvore nos ensina que a renovação não acontece no conforto da abundância, mas justamente na escassez. Quando tudo parece vazio, quando o chão se cobre de folhas secas, o ipê decide florescer. Ele transforma a aridez em espetáculo, lembrando que é possível reinventar a vida mesmo nas condições mais duras.
O ciclo do ipê é uma lição silenciosa: há tempos de se despir, de perder as folhas, de se mostrar nu. Mas há também o tempo da explosão de cores, da festa da vida que recomeça. Assim deve ser a esperança, a certeza de que, por mais longo que seja o inverno, a primavera sempre chega.
O ipê nos ensina, enfim, a não temer os períodos de silêncio e aparente morte. Eles são apenas o prenúncio de um florescer ainda mais vibrante. É por isso que, quando Mato Grosso se cobre de ipês, não é apenas a beleza que vemos, é a mensagem de que a vida sempre se renova, de que o amanhã pode ser mais colorido do que o ontem.
Que tenhamos fé de que os dias floridos sempre voltarão, trazendo cores vibrantes, encanto e mais um espetáculo para o chão de Mato Grosso e para a nossa vida.
Meu ipê florido, que seja o retrato mais belo das nossas vidas e que sejamos como essas árvores, sempre prontos a explodir de cores e a nos encantar com cada recomeço...
Kaene Almeida é cuiabana, gastróloga, nascida e criada no berço cultural da gastronomia cuiabana
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