31.10.2025 | 14h04
Divulgação
Semana passada vi uma foto da coleção de discos do Ed Motta. Agora, antes de escrever, dei uma olhadinha no Google e me dei conta de que aquela imagem era somente um pedaço da coleção. Há outros espaços e outras estantes pela casa do músico que, segundo as matérias, tem em torno de 30 mil LPs catalogados. Uma segunda reportagem conta que em 2020, ele separou 417 discos pra vender em grupos especializados no Japão. O exemplar mais caro estava anunciado por R$45 mil. Era "Coisas”de Moacir Santos.
Mas isso não tem nada a ver. Quero falar de outras coisas. Sonhei que na minha casa tinha uma estante igualzinha a do Ed Motta. Não que fosse igualzinha em tudo, mas no formato curvo e na construção feita sob medida para os objetos que comportava. Talvez porque ontem, a caminho do show da Bethânia, de quem tenho 2 LPs, Pássaro da manhã de 1977 e Maria Bethânia de 1969 - que custou R$15 e é meu favorito -, passei por um prédio curvo como a estante. Era espelhado e feio, talvez o prédio mais feio que vi nos últimos tempos (e olha que eu moro em São Paulo).
A estante do meu sonho não era espelhada, era de madeira como a de Ed Motta e nela eu guardava uma coleção de pedras. Cada andar tinha a altura exata da pedra que ali repousava. Inúmeras. Mais de 30 mil. Durante o sonho eu pensava "por que que carrego tanta pedra?". Eu mesma me repreendi, ainda dormindo, "que pergunta clichê pra se fazer em um sonho”. Superego chafurdando no mar morninho do inconsciente.
Aí hoje de manhã, primeira sessão do dia, a analisanda diz bem assim: "preciso colocar uma pedra nesse assunto". Outro clichê. Mas me caiu como uma música boa, preenchendo cada andarzinho da minha estante. Tive um professor de literatura que, como qualquer professor de literatura, tinha horror a clichês, mas gostava de nos lembrar que um clichê não é um clichê à toa. A gente repete as mesmas coisas porque elas fazem sentido. Assim como o inconsciente. O bichinho tenta nos dizer com música, com literatura, arquitetura boa e ruim o que às vezes precisa ser visto. Quando a gente não vê, ele tem que mandar uma “água mole em pedra dura”.
O show foi bonito. Ela não cantou nenhuma dos meus discos, mas teve uma hora que o telão mostrou uma série de imagens de mar, umas ondas, a água indo e vindo de um jeito tão impressionante que me deu vontade de dar uma choradinha. Passou. Mas se der de novo, eu aviso. E vocês? Sonharam com o que? Boa semana, queridos.
Roberta D'Albuquerque é psicanalista, atende em seu consultório em São Paulo e escreve semanalmente no Gazeta Digital e em outros 17 jornais e revistas do Brasil, EUA e Canadá. E-mail: contato@robertadalbuquerque.com.br
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