DEU EM A GAZETA 12.12.2025 | 08h24

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João Vieira
Morando há cerca de três anos no Lula Brasil 1, uma área de ocupação no entorno da avenida Contorno Leste, em Cuiabá, a vida de Thalita Pereira dos Santos, 28, se desenrola entre incertezas e pequenas conquistas. Ela mora com o marido e mais quatro filhas, a mais nova com apenas um mês de vida, em um local marcado por disputas judiciais e constantes ameaças de desocupação.
Entre as pequenas, Iohanna Cristina, de um mês, Isabely Cristina, 10, Dhaienny Cristina, 6, a pequena Ághata Cristina, de 4 anos se destaca. Ao ver a equipe de A Gazeta chegar, sentada junto com uma amiguinha, brincando, ela logo inicia uma conversa. O que vocês estão fazendo aqui? Eu mora nessa casa, aponta ela para o pequeno barraco onde mora com a família.
Na porta, desconfiada está Thalita observando a filha. Ághata, sossega e vem aqui, chama com carinho e cuidado.
Na pequena casa de um cômodo, que é separado apenas com um compensado, as dificuldades são muitas, mas como acontece com a maioria das famílias em situação de vulnerabilidade social, a maior preocupação de Thalita é garantir o alimento diário para suas filhas. Têm dias que não sei se consigo colocar comida suficiente na mesa para todas.
Ela se recorda que na noite anterior a única coisa que tinha em casa era um resto de arroz. Falei com minha irmã que mora aqui perto e ela tinha três pêras e três lambaris que o marido dela tinha pescado, só. Daí juntamos o meu arroz com os peixes deles para fazer uma comida para todos.
Ainda assim, mesmo com a união, o sufoco não terminou. Juntamos as coisas para fazer, eu só tinha um restinho de óleo, não dava. Minha irmã tinha mais um restinho e juntamos para fazer. Começamos a fazer e o gás acabou, conta rindo da situação. Tapa um buraco e descobre outro, é assim nossa vida, afirma. Para terminar a comida, ela precisou pegar o gás emprestado do vizinho e, inclusive, ainda não havia devolvido.
Ela conta que com tantas crianças, cada refeição se transforma em desafio e sobra pouco para comprar o básico. As doações são recebidas com gratidão e esperança. Quando alguém ajuda com arroz, leite ou fraldas, é uma bênção, conta Thalita.
Apesar da dificuldade, a mãe jovem tenta manter rotina, cuidado e alegria para as meninas, mesmo sabendo que cada dia pode trazer mais desafios. A gente sempre tem que ter otimismo, agradecer, porque sempre Deus ampara.
Na casa, a mãe mostra a geladeira vazia, apenas com algumas panelas com gelo e na porta um resto de leite que sobrou após complementar o café da manhã com bolachas. O almoço seria o que sobrou da janta conjunta e, se dessem sorte, o que o seu marido conseguisse trazer mais tarde.
Atualmente, a única renda da família são os bicos que o marido de Thalita faz. Ele está desempregado, então sempre pega uma coisa aqui, ali e a gente vai remediando e contando uns com os outros.
Na metade do mês, sua família, assim como outras na área de ocupação, passaram por momentos difíceis. Uma chuva com fortes ventos derrubou muitas casas e a sua teve parte do telhado improvisado arrancado. Foi muito difícil, eu com as meninas e ainda uma criança de poucos dias de nascida, recorda.
Com toda a situação, ela precisou ficar uns dias com a mãe, que também mora na ocupação, até que seu marido conseguisse organizar tudo.
Sonhos de Natal
Neste Natal, o maior desejo de Thalita é ter a garantia de que a família não precisará deixar o barraco onde mora. Sem aquele espaço, não teria para onde ir com tantas crianças. Acho que esse é sonho de todos os pais, ter essa segurança que os filhos têm um teto para dormir.
Em seguida, o sonho é simples, mas essencial: uma mesa farta e boa alimentação para as filhas. Elas gostam muito de danone, leite, suco, frutas, são coisas que não conseguimos garantir com frequência e só queria poder dar isso para elas, diz.
Para as crianças, os sonhos são mais leves e divertidos, sem peso de responsabilidade: bicicletas e bonecas. A gente gosta muito de brincar de boneca, de passear de bicicleta e seria legal ganhar isso do papai noel, afirma Ághata, com o entusiasmo típico da infância.
Mesmo diante de tantos desafios, Thalita mantém a fé e a esperança de que dias melhores virão. A família vive em vulnerabilidade e cada gesto de ajuda, cada doação de alimento, fraldas ou brinquedos, representa mais do que um alívio momentâneo, é a certeza de que não estão sozinhos nessa luta diária. Sei que a vida não está fácil, mas com união, carinho e ajuda da comunidade a gente consegue seguir, afirma.
Para Thalita, o Natal não é apenas sobre presentes ou festas, mas sobre a possibilidade de oferecer segurança, comida e sorrisos às filhas. Quero que elas sintam que têm um lar, que não vão passar fome e que podem brincar, sonhar e crescer com dignidade.
Ajuda
Para ajudar a família de Thalita o contato é (65) 99295-5342 (Thalita) ou (65) 99638-2291 (Cristina mãe de Thalita).
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Milho Disponível
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