'A gente ama tanto que entrega para Deus, diz mãe de criança vítima de câncer

A pequena Alice Jaira da Silva (in memoriam), 6, era paciente do hospital de câncer de Mato Grosso (HCanMT) e figura entre as escritoras mirins do livro digital "Estrelas Literárias". O livro tem como autores a menina, que não resistiu à doença, e outas crianças também em tratamento. A obra foi lançada na sexta-feira (29) e os pais prestigiaram o evento, que também homenageia a filha.

Ao , Elizangela da Silva, mãe da pequena e moradora da cidade de Nova Marilândia (392 km a médio norte de Cuiabá), disse que foi uma surpresa saber do livro pronto, pois não sabia da participação da filha. Quando soube, fez questão comparecer ao lançamento, mesmo sabendo que sua filha não estaria presente para ser homenageada. 

"Na hora, para mim, foi uma surpresa. Eu nem imaginava uma coisa dessa. Tanto que a gente veio aqui ontem, no hospital, aí o pessoal falou: vem, eu falei, a gente vai, sim, com certeza a gente vem. Para mim, foi uma surpresa muito grande. Fiquei muito emocionada.  Alice nunca me falou desse livro", conta a mãe.

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"A  Alice era uma criança muito alegre, ela era muito feliz aqui. Ela conhecia todo mundo, fazia amizade com todo mundo. Era uma criança que interagia muito bem com as outras crianças, gostava de brincar, conversar, dançar. E ela sempre foi uma criança muito alegre. Quem a nunca imaginava que ela tinha uma doença tão grave", lembra.  

Alice era paciente do hospital desde agosto de 2023, foi quando apareceram os primeiros sintomas e logo começaram os tratamentos contra neuroblastoma. Um câncer infantil comum, que se desenvolve em partes do sistema nervoso ou nas glândulas adrenais.

"Foi um ano e 3 meses de tratamento, mas há dias eu perdi minha filha", relata a mãe. Ela conta que viajou com a filha por indicação do transplante, mas que não obteve sucesso. A medula não foi liberada e a menina seguiu fazendo tratamento.

"A minha filha nunca reclamava de nada. Eu não fiquei desesperada, porque ela estava sofrendo muito. A gente ama tanto que entrega para Deus. O Senhor, toma conta, porque a gente nunca tem o que fazer. A gente fica menor que um grão de areia diante dessa doença, sabe? A criança chora, ela grita, você vai lá, a única coisa que você vai fazer é acolher com carinho porque você não tem o que fazer", desabafa a mãe.

João Vieira

 

 A professora Alessandra Maciel conversou com # GD e falou um pouco sobre o projeto implantado dentro do Hospital de Câncer para incentivar as crianças a começarem a escrever e vivenciar o que estão sentindo transmitindo de forma literária.

" Às vezes ela fala um pouco dela, mas usando uma flor, um animal, e a gente sabe que tudo ali é dentro dela através da escrita. O livro tem o diferencial e ele é digitalizado para ser mais acessível", explica a professora. 

Ruth Passos também faz parte do projeto e, para ela, a classe hospitalar é o momento dos alunos darem continuidade aos

João Vieira

 

estudos. "Eles não vão para a escola por conta do tratamento. Então, quando eles estão aqui, eles têm esse momento de estudo. E o livro é essa união do estudo com tratamento, este é o momento onde eles contam o que acontece na rotina", relata.

 "Então, a gente tem uma aluna, por exemplo, que usa duas flores como representação da amizade dela e de outra aluna aqui no hospital. Outras não estão aqui, mesmo assim a gente está lançando a história delas, elas não estão mais entre a gente, elas faleceram", destaca a organizadora do projeto.