Autoridades da Alemanha e Reino Unido conhecem projetos com povos indígenas e comunidades tradicionais

Visita fortalece parcerias entre governos europeus e Mato Grosso na proteção das florestas e no apoio a povos tradicionais

Mato Grosso recebeu, entre os dias 18 e 23 de setembro, a visita de representantes dos Governos da Alemanha e Reino Unido, financiadores do Programa REM MT por meio do banco alemão KfW. Desde 2018, os países destinam recursos ao Estado para impulsionar as ações de proteção das florestas, combate ao desmatamento ilegal e fortalecimento dos povos que vivem, conservam e se sustentam por meio delas.

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A visita anual tem como objetivo acompanhar a execução das ações do Programa REM MT, realizar reuniões estratégicas com o poder público e conhecer os projetos apoiados. A delegação internacional foi composta por Ingo Baum e Soeren Schopferer do Banco KfW, Rita Walraf da Embaixada da Alemanha e Louise Hill, Felipe Augusto Morales e Tamanna Sidika da Embaixada do Reino Unido.

Divulgação

 

O grupo iniciou as visitas conhecendo a iniciativa da Associação Rede de Sementes do Xingu, que fortalece a produção comunitária de sementes florestais e fomenta a restauração ecológica e produtiva em territórios indígenas, assentamentos e áreas urbanas. A ação mobiliza 24 grupos de coletores, envolvendo seis povos indígenas, agricultores familiares de 11 assentamentos, dois Projetos de Desenvolvimento Sustentável (PDS) e grupos urbanos, alcançando ao total 17 municípios.

Durante a visita, a delegação conheceu a sede da associação e a propriedade do casal Mariozam Ferreira e Maria Angela Lira, em Nova Xavantina. Por meio do projeto, eles receberam capacitação e apoio técnico, além de restaurarem 1 hectare de sua propriedade utilizando a técnica de muvuca, com semeadura de 767 mil sementes nativas de 161 espécies. O plantio tem potencial para formar uma floresta com cerca de 119 mil árvores.

“O projeto foi muito bom, tivemos todo o acompanhamento, do início até o fim, dos técnicos. Pelo projeto eu soube o que era manejo de pastagem, que no passado eu fazia errado e não sabia, hoje eu tenho seis vacas e tiro mais leite do que quando eu tinha 12, por causa desse tipo de manejo e escolha de matrizes. Quem participou do projeto desenvolveu mais consciência em relação a preservar o meio ambiente”, conta Mariozam Ferreira.

O segundo projeto visitado foi o do Centro de Desenvolvimento Agroecológico do Cerrado (CEDAC), que está estruturando em Pontal do Araguaia uma base sociobioprodutiva em 28 municípios, com potencial para beneficiar cerca de 10 mil famílias. A iniciativa prevê também a implementação de uma plataforma industrial para a produção de óleos, álcool, biocarvão e outros produtos derivados de espécies como pequi, babaçu e baru. O encontro contou com a presença do prefeito, Adelcino Lopo, e membros da comunidade local.

“O projeto vai gerar uma riqueza econômica, social e também terá impacto na conservação da sociobiodiversidade desses territórios comunitários”, conta Alessandra Karla da Silva, coordenadora técnica do CEDAC.

Os representantes internacionais também conheceram um projeto de segurança hídrica e alimentar desenvolvido pelo Instituto Flor de Ibez, na Aldeia São Brás, Território Indígenas São Marcos. A iniciativa beneficiou diretamente 147 indígenas, contribuiu para a recuperação de nascentes e do Cerrado, ampliou a disponibilidade de água durante todo o ano, garantiu alimentos mais saudáveis e fortaleceu a autonomia alimentar das comunidades.

Para encerrar o ciclo de monitoramento, a delegação visitou o Grupo Jovens Vivendo no Campo, na Comunidade Batatais (Chapada dos Guimarães), que junto com a COOPERNOSSASENHORA, participou do projeto ‘Cumbarusando Mato Grosso”. A comunidade se reuniu para receber a comitiva e compartilhar os resultados da iniciativa na região.

Além das visitas aos projetos no campo, os representantes internacionais também se reuniram com a equipe do Programa REM MT, com o secretário executivo da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Alex Marega, com os atores envolvidos na implementação do Pacto PCI em Barra do Garças e com outras autoridades.

Conheça o Rem MT

O Programa REM MT é uma premiação dos governos da Alemanha e do Reino Unido, por meio do Banco Alemão de Desenvolvimento (KfW), ao Estado de Mato Grosso pelos resultados na redução do desmatamento.

Na fase I do Programa REM MT, foram apoiados 155 projetos, beneficiando 131 organizações sociais, entre elas, 104 associações ou cooperativas. Os projetos abrangem os três biomas de Mato Grosso: Amazônia, Cerrado e Pantanal.

Dentre os resultados alcançados pelo programa, se destacam as mais de 500 aldeias atendidas, onde vivem 43 povos indígenas, os 108 municípios mato-grossenses beneficiados, as mais de 44 mil pessoas atendidas e os 160 mil hectares de desmatamento evitados em Mato Grosso por meio da atuação do REM MT, nos anos de 2021 e 2022.

O Programa REM MT é coordenado pelo Governo do Estado de Mato Grosso, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (SEMA), e tem como gestores financeiros o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (FUNBIO) e a Fundação Amazônia Sustentável (FAS). Para sugestões, reclamações ou esclarecimentos, fale com a ouvidoria da SEMA pelo telefone: 0800 065 3838 ou (65) 99321-9997 (WhatsApp).