jovens de brasnorte 03.05.2025 | 18h00
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Divulgação
Filmes criados por um povo, para que ele conte sua própria história, por meio de uma perspectiva individual, impossível de ser retratada por pessoas de fora da comunidade indígena. Foi por meio dessa ideia que o Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Mỹky foi criado. O projeto traz produções de jovens indígenas de Brasnorte (579 km a noroeste de Cuiabá) e já chegou a festivais de cinema ao redor do mundo, conquistando prêmios.
A última produção do coletivo, o documentário “Anfitriões há Meio Século”, apresenta a versão dos jovens sobre a história Mỹky, sobre as lutas pelo território. O idealizador do Coletivo e cineasta da obra, Typju Mỹky foi até Nova Iorque para o pré-lançamento nessa sexta-feira (25), na 5ª Mostra Indígena da CLACPI, evento complementar ao 24º Fórum Permanente de Assuntos Indígenas da Organização das Nações Unidas (ONU).
O lançamento oficial da obra no Brasil ocorre no mês de maio, no CineSesc, em São Paulo.
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Mesmo o coletivo sendo fruto de jovens mato-grossenses, com o estado sendo a casa das produções, um lançamento no
estado ainda não foi organizado, mas é um desejo dos participantes do coletivo, que esperam financiamento de parceiros que possam viabilizar a transmissão do documentário em Cuiabá. O coletivo que ultrapassou as barreiras do Brasil ainda encontra dificuldades em seu próprio estado.
“Esperamos que em breve possamos ter apoio para exibir esse trabalho em Cuiabá também, mas para isso precisamos de parceiros que possam financiar algum evento na cidade, e isso seria super importante também”, revelou Typju.
A história através da perspectiva de quem vive
O Coletivo Ijã Mytyli de Cinema Manoki e Mỹky foi fundado oficialmente em 2016, como um projeto que reúne e incentiva jovens indígenas cineastas a produzirem filmes sobre sua realidade. A história do nome vem da própria língua dos participantes. Ijã, significa história ou caminho, enquanto Mytyli significa novo ou jovem e é essa a proposta do coletivo, mostrar, na visão dos jovens cineastas a forma como a cultura é entendida por quem cresceu nela. As histórias são retratadas pelas pessoas, com o respeito de cada uma delas.
O fundador do projeto é Typju Myky. O jovem teve seu primeiro contato com o audiovisual em 2015 quando o antropólogo André Tupxi Lopes realizou uma oficina de vídeo na aldeia japuíra Mỹky para os jovens.
“Durante a oficina vimos a importância de registros de imagens que podem ajudar a guardar as histórias dos mais velhos através dos vídeos documentários. Para mim, tudo começou ali porque comecei a ter curiosidade e aprender a fazer as gravações de vídeo”, relembrou Typju.
Foi um ano depois, quando a cultura em registro de vídeo efetivamente tomou forma, quando Typju foi escolhido como anfitrião em uma festa cultural da aldeia. Ele foi o responsável por acompanhar os processos de caçada, pescaria, recepção dos convidados e de levar alimentos para os espíritos sagrados. Nessa festa, ele teve a ideia de registrar uma parte da cultura de seu povo e, com alguns amigos, veio o resultado.
Esse evento o aproximou ainda mais do audiovisual, trazendo uma motivação para que ele seguisse o caminho. Hoje, além de cineasta, ele é graduando em pedagogia intercultural indigena na Universidade do Estado de Mato Grosso (Unemat) em Barra do Bugres (168 km a Médio-Norte).
Com 9 anos de existência, o Coletivo Ijã Mytyli tem a participação de 15 jovens ativos, que dividem as produções e atuam diretamente com o audiovisual.
“Através do coletivo podemos mostras as nossas lutas contínuas do nosso povo. Após a criação do coletivo é gratificante poder ver alguns documentários, produzidos pelos jovens cineastas indígenas, sendo reconhecidos pelo mundo envolvente”, refletiu o cineasta.
As produções do coletivo acumulam premiações com diferentes produções de integrantes do coletivo, como no 10° Cine Kurumin, com uma produção vencedora de melhor longa-metragem (2021). Na Mostra de Audiovisual Universitário e Independente da América Latina (Maual), duas produções foram premiadas, como melhor curta brasiliero independente experimental e como roteiro híbrido, ambos em 2023.
Dentre as principais dificuldades, a maior enfrentada pelo coletivo é a financeira. Equipamentos como câmeras, softwares para edição têm custo elevado, mas, ainda com as dificuldades, os jovens permanecem.
Conheça o projeto, produções e premiações do Coletivo no site e nas redes sociais.
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Milho Disponível
R$ 66,90
0,75%
Algodão
R$ 164,95
1,41%
Boi à vista
R$ 285,25
0,14%
Soja Disponível
R$ 153,20
1,06%
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