Presos acusam policiais bêbados e tiros em presídio de MT

Presos da Penitenciária Dr. Osvaldo Florentino Leite Ferreira, conhecida como Ferrugem, em Sinop (500 km ao Norte), denunciaram agressões físicas, disparos de armas de fogo e a atuação de policiais penais supostamente embriagados durante procedimentos realizados na unidade.

Um dos detentos relatou que foi atingido por disparos de arma de fogo, sofrendo lesão atrás do braço esquerdo e na perna. Segundo ele, as agressões ocorreram após uma visita do desembargador Orlando Perri, quando policiais entraram nos raios atirando com espingarda calibre 12. “A polícia entrou na quadra atirando”, afirmou.

De acordo com o depoimento, um disparo atingiu a boca de um preso da cela 12 e outro acertou o rosto de um detento da cela 6. O próprio depoente disse ter sido atingido de raspão no braço e na perna. Em outro momento, ele afirma que houve disparos nas celas. “Abriram a boqueta das celas e começaram a atirar. Foram 4 presos baleados”, relatou.

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Reprodução

 

O preso afirmou ainda que, durante a ação, policiais sacaram detentos das celas 27, 29 e 31, levando-os para a quadra e, posteriormente, para o isolamento. Ele disse que o diretor da unidade estava sobre as celas observando a movimentação e que, ao ser solicitado diálogo para cessar as agressões, teria ocorrido um disparo de arma de fogo com munição letal em direção à quadra.

Há também denúncia de que policiais penais estariam atuando alcoolizados. Um dos presos afirmou que questionou a presença de um agente embriagado armado dentro do raio. “Se ele tivesse disparado uma arma letal naquele dia, poderia ter matado vários presos”, disse.

Outro relato aponta que um interno, que passava mal e precisava de atendimento médico, teve socorro negado. Segundo o depoimento, um policial teria afirmado que “o remédio dele era a 12”, em referência à arma utilizada pelos agentes.

Os presos relataram ainda que agressões se intensificam após reivindicações ou pedidos de transferência para outras unidades. Um dos detentos afirmou que já solicitou transferência, mas teve o pedido negado e, em resposta, sofreu agressões.

As denúncias constam em relatórios de inspeção em 2025 que revelou uma situação crítica. O documento aponta muitos problemas dentro da unidade, que desafia o Judiciário e desrespeita determinações do Tribunal de Justiça de Mato Grosso e do Grupo de Monitoramento e Fiscalização do Sistema Prisional (GMF).

A Secretaria de Estado de Justiça informou por meio de nota que instaurou, no mês de novembro, procedimento administrativo de apuração, conduzido pela Corregedoria-Geral da instituição, com a finalidade de examinar de forma minuciosa e imparcial dos fatos ocorridos.