Em documentário, filho de Nilson Pimenta exalta criatividade do pintor autodidata

O pintor Nilson Pimenta era observado pelo olhar curioso do filho, também artista plástico, Valques Pimenta, que começava a descobrir o universo da arte em que o pai sempre esteve imerso. Para Valques, o talento de Nilson era único. No documentário Trajetória de Nilson Pimenta, as histórias que pai e filho viveram são parte importante da narrativa que compõe a vida do pintor.  

Desde pequeno, Valques começou a frequentar o Ateliê Livre da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), onde Nilson dava aulas de pintura. Para ele foi natural quando começou a fazer “os primeiros rabiscos”.  

Valques conta que a naturalidade também fez parte da jornada do pai como pintor. No tempo em que morou na zona rural, Nilson ganhava gorjetas para abrir as porteiras das fazendas e, entre um carro e outro, desenhava com carvão nas porteiras.  

Assim como o filho, fazia “os primeiros rabiscos” de forma despretensiosa. Na visão de Valques, a criatividade era um dos maiores dons do pai, que mais tarde se tornaria reconhecido internacionalmente na arte naïf.  

“Ele dizia que retratava muito a vida que viveu no campo. Os pais e os irmãos que trabalhavam naquela vida sofrida, mas não tiveram outras oportunidades. As festas de santo, cavaleiros e o Pantanal, tudo faz parte da tradição da zona rural que ele viveu”.  

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Orgulhoso, Valques conta que Nilson nunca fez aulas. Na tela em branco, deixava sua criatividade fluir e contava as histórias que imaginava. A viagem a Paris quando o pai foi escolhido como um dos 40 melhores pintores do mundo na arte popular, é uma das lembranças felizes do pai.  

“Tive essa possibilidade de passar dias muito felizes com meu pai em Paris. Acompanhamos a exposição de arte popular e ele estava muito feliz. Fomos muito bem tratados”.  

Foi com muita luta que Nilson deixou para trás os trabalhos que fazia como vigilante, sendo um deles na UFMT, e se tornou referência na arte. Valques comemora que a maior herança deixada pelo pai é o dom artístico, que ele levará “por toda a vida”.