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câncer de cabeça e pescoço 03.08.2025 | 17h57

Estrutura, nível de estudo e cuidados são decisivos para cura da doença

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Ana Clara Abalém - Especial para o GD

redacao@gazetadigital

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Criada para concentrar ações de conscientização do câncer de cabeça e pescoço, a campanha Julho Verde terminou na última semana, mas os cuidados com a saúde permanecem todos os dias. Com números crescentes de casos, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima mais de 15 mil novos registros de tumores desenvolvidos na cavidade oral (lábios, gengivas, bochechas, céu da boca ou na língua) e orofaringe em todo o Brasil em 2025. Apesar do número significativo, a doença ainda tem um diagnóstico tardio, o que dificulta o seu tratamento.

 

Aspectos socioeconômicos, nível de estudo, cuidados e estrutura médica são aspectos importantes para determinar diagnóstico e cura da doença.


O médico de cabeça-pescoço, Francisco Pereira, afirma que os pacientes não costumam ter o hábito de fazer exames preventivos, o que deveria ser um compromisso anual a partir dos 40 anos. Parte da baixa procura pode ser explicada pela maneira silenciosa com que o câncer progressivamente ocupa o corpo humano.


“O câncer no começo quase não dá sintoma. Quando é pequeno não causa dor, não causa quase nada. Isso que passa despercebido, esse é o problema do câncer. Quando começa a crescer, começa infiltrar a terminação nervosa, aí começa o primeiro sintoma dele: a dor constante, que não desaparece com o uso de medicamento. O segundo, que as pessoas não prestam muito atenção, é a ferida na face que não se cura em 30 dias, você já tem que procurar o médico”, explica o especialista.


Outra parte para a problemática, entretanto, o médico atribui a lacunas do sistema de saúde brasileiro, em especial no atendimento público e no interior. Somado a isso há o despreparo dos médicos não especializados na doença.


“É um problema estrutural, o que leva ao óbito é o diagnóstico tardio dele (câncer). A mortalidade é altíssima, de cada 10 pacientes que chegam até você, 8 estão com estágio avançado. Então, o diagnóstico ainda é muito ruim no nosso estado, principalmente no interior”, avalia. 


“Deveria existir um curso de capacitação porque são eles (médicos gerais) que pegam a primeira vez o paciente, mas se ele não souber desconfiar da formação do tumor, vai só passar uma medicação. Depois o paciente volta com 2 meses e só chega a um especialista quando a doença já cresceu, isso é gravíssimo”, acrescenta o oncologista.


A Secretaria de Estado de Saúde (SES-MT) aponta que, entre janeiro a março deste ano, 350 pessoas passaram por tratamento com um médico de cabeça e pescoço em Mato Grosso. No momento, 77 pacientes aguardam a consultas com um especialista.

 

Faltam especialistas
Apenas 4 unidades de saúde pública contam com esse atendimento específico no estado, sendo duas delas em Cuiabá: o Hospital de Câncer de Mato Grosso e Hospital Geral e Maternidade. No interior, a Santa Casa de Rondonópolis (225 km ao Sul) e o Hospital Santo Antônio/Fundação de Saúde de Sinop (480 km de Cuiabá) atendem a estes casos.


“O paciente de cabeça e pescoço que passar por 6 ou 8, 10 consultas para chegar em um especialista está praticamente condenado. Você vê a diferença dos pacientes atendidos na rede privada. Normalmente, eles chegam até mim após 1 ou 2 consultas, o que significa um prazo de 15 dias. O que é diferente dos pacientes do SUS, que demoram cerca de 6 meses a 1 ano para uma consulta”, complementa.

 

Doença e vulnerabilidade
Um estudo feito pelo INCA, publicado em março deste ano, revela que 80% dos tumores de cabeça e pescoço diagnosticados no Brasil, entre 2000 e 2017, foram identificados em estágios avançados. A pesquisa ainda correlaciona a descoberta tardia aos aspectos socioeconômicos.


Um dado do estudo expõe que pessoas sem ensino básico ou educação incompleta têm risco 17% maior de diagnóstico em estágio avançado em comparação aos que têm ensino superior.


Em 2023, foram registrados 103 óbitos por câncer na boca e na orofaringe em Mato Grosso. No Brasil, foram 7.172 mortes por esse tipo de tumor. O dado foi levantado pelo INCA e são os mais recentes referentes a mortalidade pela doença.


Causas e tratamento
Além da cavidade oral e a orofaringe, o câncer de cabeça e pescoço também pode ser encontrado na laringe (onde estão as cordas vocais), tireoide, olhos e melanomas que podem atingir a pele do rosto e pescoço. A doença também é mais comum entre os homens. O INCA estima 10,9 mil novos casos de pacientes do sexo masculino, contra 4.200 em relação às mulheres no país.


Entre as principais causas para o desenvolvimento da doença está o uso de cigarro, o consumo de bebidas alcoólicas e a má higiene bocal. O médico Francisco Pereira ainda alerta para o Papilomavírus Humano (HPV), um vírus sexualmente transmissível.


“Durante muito tempo se acreditava que a principal causa do câncer de boca e da orofaringe era cigarro, álcool e má higiene oral. Mas, depois, os novos estudos e descobriram que também poderia ser por HPV. Hoje, 60% dos cânceres de boca e orofaringe são causados por HPV e as pessoas não tomam tanto cuidado com a HPV”, explica o médico.


O tratamento para o câncer é feito com cirurgias, quimioterapia e radioterapia.


“São 3 tipos de tratamento, normalmente a gente associa os tratamentos. Hoje, em boa partes dos tumores, você faz a cirurgia, e depois encaminha para fazer a radioterapia, associada com a quimioterapia. Essas são as 3 armas de tratamento para os cânceres de cabeça e pescoço”, acrescenta.


O diagnóstico precoce, entretanto, é a melhor forma para se combater o câncer.


“Todas essas causas de formação de câncer na cabeça e pescoço precisam de tempo para formar. O câncer que dá mais em pacientes jovens, normalmente são cânceres mais agressivos e raros, como o sarcoma. Os cânceres que dão em crianças e jovens, normalmente são genéticos”, finaliza.

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