REGIÃO DE GRANDE FLUXO 22.12.2025 | 17h14

fred.moraes@gazetadigital.com.br
Montagem GD
Um vídeo que circula nas redes sociais há cerca de dois dias, mostra uma extensa rachadura quilométrica no asfalto da Rodovia Estadual MT-251, trecho conhecido como Portão do Inferno, em Chapada dos Guimarães (67 km de Cuiabá). As imagens mostram uma fenda que se estende por boa parte da pista, levantando dúvidas sobre a segurança do local e a eficácia das intervenções realizadas pelo Governo do Estado.
Na filmagem, o autor do vídeo relata que o problema teria surgido ainda durante as obras de retaludamento executadas no morro, iniciadas após os deslizamentos de rochas registrados em dezembro de 2023. Segundo ele, apesar da visibilidade da rachadura e do risco aparente, não houve esclarecimentos públicos sobre a situação, preocupando moradores da região, principalmente diante da chegada das festas de fim de ano, que o fluxo na via é maior.
“Estamos na obra que só come nosso dinheiro e ninguém fala nada. Uma vez, observei trabalhadores fazendo uma medição na área. A via está meio interditada. Tempos atrás vimos essa rachadura. Quem trabalhava aqui apenas media, porque cortava o asfalto. A rachadura pega toda a parte que liga o Portão do Inferno. Parece até que está cedendo. Só que ninguém fala nada, o que está acontecendo, e o dinheiro rolando”, narra o morador.
Por meio de nota, a Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) explicou que as trincas mostradas no chão correspondem às juntas de dilatação, elementos previstos em grandes estruturas de concreto e não indica risco iminente de colapso.
"As juntas de dilatação são espaços projetados nas estruturas para permitir pequenas movimentações naturais causadas por variações de temperatura, peso dos veículos e diferenças de comportamento entre materiais. Elas funcionam como uma folga necessária para que o concreto possa se expandir ou se contrair sem gerar fissuras desordenadas. No caso do Portão do Inferno, as trincas visíveis estão localizadas na transição entre o viaduto, que é uma estrutura rígida de concreto armado, e o pavimento apoiado sobre o solo. Como esses dois elementos se movimentam de forma diferente, é esperado que ocorram pequenas aberturas no asfalto nesta região", diz trecho.
A pasta garantiu que desde o início das intervenções no Portão do Inferno, o local passa por monitoramento técnico contínuo, realizado por equipes especializadas.
Problema antigo
O tráfego de veículos na MT-251 passa por subsequentes interdições parciais desde 2023, quando sucessivos deslizamentos de rochas comprometeram a segurança da rodovia. Como resposta emergencial, o Governo de Mato Grosso optou, no ano seguinte, por obras de retaludamento, técnica que consiste no corte do maciço rochoso para reduzir o risco de novos deslizamentos. A escolha, no entanto, foi alvo de críticas de estudiosos e especialistas, que apontaram riscos geológicos e falhas nos estudos preliminares.
As intervenções tiveram início há cerca de um ano, e o avanço das obras foi limitado e, posteriormente, o próprio governo mudou o rumo do projeto.
Após aprofundamento de estudos técnicos e geotécnicos, viabilizados somente com o início das obras, o Governo do Estado decidiu abandonar o projeto original e adotar a construção de um túnel como solução definitiva para o Portão do Inferno. A Secretaria de Estado de Infraestrutura e Logística (Sinfra-MT) informou que as intervenções já realizadas foram necessárias para estabilizar o talude e remover blocos rochosos que apresentavam alto risco aos usuários da rodovia.
Segundo a Sinfra, a opção pelo túnel representa menor impacto social, ambiental e paisagístico, além de permitir a manutenção do tráfego durante a execução da obra. A mudança de projeto também foi recomendada em pareceres técnicos do ICMBio e do Ibama, embora geólogos já tivessem alertado anteriormente sobre as incertezas do retaludamento sem sondagens completas.
Licitação lançada, mas obra sem data para começar
No fim de novembro, a Sinfra publicou o edital de licitação para a construção do túnel no Portão do Inferno. O projeto prevê um túnel de 170 metros de extensão, em pista de concreto com acostamento, totalizando 513 metros de obra com os acessos. O valor estimado é de R$ 54,8 milhões, e a contratação será integrada, cabendo à empresa vencedora elaborar os projetos e executar a obra.
A abertura da licitação está marcada para 9 de março de 2026, com critério de menor preço. O prazo estimado para execução é de 420 dias após a ordem de serviço, podendo chegar a 510 dias considerando todo o contrato. Apesar do avanço burocrático, ainda não há previsão concreta de quando a obra sairá efetivamente do papel.
Enquanto isso, a região segue convivendo com restrições de tráfego, interdições pontuais e apreensão de moradores e motoristas. Medidas mitigadoras, como barreiras de contenção, instalação de equipamentos de monitoramento e restrição a veículos pesados, foram adotadas para reduzir riscos imediatos.
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