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violência vicária 04.05.2025 | 17h50

'Mais devastadora que se mães fossem atingidas diretamente', diz psicanalista

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“A violência vicária é ainda mais devastadora do que se as mães fossem atingidas diretamente. Ela carrega uma perversidade muito expressiva, porque instrumentaliza a maternidade. O agressor sabe exatamente onde ferir e faz isso de forma calculada”, é como psicanalista define os crimes cometidos por parte de pais, padrastos e cônjuges contra filhos de suas companheiras. O termo tem sido utilizado de forma recorrente após o assassinato da adolescente Heloysa Maria de Alencastro Souza, 16, morta a mando do ex-padrasto.

 

Ao , a psicanalista doutora em psicanálise contemporânea e pós graduanda em educação sexual, emocional e prevenção ao abuso sexual, Maria de Fátima dos Santos, afirma que para a mulher, ver um filho sofrer e ser ameaçado por alguém que deveria proteger, só para lhe atingir, é uma violência que ultrapassa o corpo.

 

“Este é um dos tipos de violência mais cruel no ápice das violências física, psicológica e financeira. É cometida a outra pessoa em forma de poder e vingança em todos os sentidos da vida. Atinge a alma, a subjetividade, o lugar simbólico de mãe. É um ataque à estrutura psíquica mais sensível da mulher e à integridade”, afirma a especialista.

 

De acordo com Fátima, na psicanálise, compreende-se que o vínculo entre mãe não é apenas afetivo, mas simbólico e parte da identidade psíquica da mulher. Para ela, o filho não é só alguém que ela ama, ele representa continuidade, proteção, desejo de vida.

 

A palavra vicária no contexto jurídico e criminal deriva do latim vicarius que significa substituto ou representante. Trata-se de uma forma de violência de gênero em que o agressor agride os filhos para atingir indiretamente a mãe.

 

Ela explica que estes atos violentos ocorrem geralmente nos contextos familiares, separações, quando um dos casais deseja separar e o outro não aceita, disputas de guarda ou como parte de um contexto contínuo de violência doméstica.

 

“Para muitas mulheres é uma dádiva gerir dentro dela uma vida. O fim desta vida causa uma dor emocional e estruturante devastadora. Essa violência parte de figuras próximas: pais, padrastos ou ex-companheiros. Essa é uma forma extrema de violência narcisista, em que o outro não importa, só o desejo de destruir emocionalmente quem ousou se separar ou se libertar. Este tipo de agressor é extremamente frio, calculista, não sente remorso e muito menos arrependimento. Para ele o ato é uma forma de gozo ou prazer”, descreve.

 

Segundo a psicanalista, a melhor forma de diminuir esse tipo de violência é sempre procurar ajuda psicológica e jurídica. “A violência vicária é real, é grave e precisa ser denunciada. Como sociedade, precisamos olhar para isso com mais seriedade. É primordial proteger mães e filhos. O futuro emocional de toda uma geração.

 

Conceito de violência vicária

A formulação do conceito de violência vicária, tem origem na Espanha e passou a ter debates mais consistentes devido aos números de crimes de forma indireta, mas com intenção direta de ferir emocionalmente o alvo principal, no caso a mãe.

 

A partir dos anos 2000, em consequência dos casos chocantes de pais que mataram ou feriram seus próprios filhos para se vingar de suas ex-companheiras. O termo foi teorizado e sistematizado pela psicóloga espanhola Sonia Vaccaro. Que passou a usar a expressão “violência vicária” como forma de nomear esse tipo específico de agressão.

Caso Heloysa Maria

Conforme noticiado pelo Heloysa Maria de Alencastro Souza, 16, foi sequestrada e morta, no final da tarde do dia 22 de abril deste ano em Cuiabá. Ela estava em casa, no bairro Morada do Ouro, quando foi levada por criminosos em um HB20 branco da família. O corpo foi encontrado dentro de um poço, na região da avenida Dubai, no Ribeirão do Lipa. 

 

A princípio o caso foi registrado como roubo seguido de sequestro, contudo no decorrer das investigações revelou-se um crime ainda mais cruel. Com base nas imagens das câmeras de segurança do programa VigiaMais MT, as equipes de segurança descobriram que o veículo e chegaram até os autores do crime.

  

O mandante e autor intelectual do crime é apontado pela polícia como sendo o padrasto de Heloysa, Benedito Anunciação Santana, 40. Participaram da tortura e execução da adolescente o seu filho, Gustavo Benedito Junior Lara de Santana, de 18 anos, e os menores J.V.P.B. e J.L.F.G., de 16 e 17 anos. Eles ainda torturaram e agrediram fisicamente a mãe da jovem, que chegou na residência horas depois em companhia de uma parente e um bebê de colo.

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