Ajuda no tratamento 09.11.2025 | 08h20

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Pesquisas em neurociência e relatos clínicos associam a música à redução da ansiedade, à melhor adesão a procedimentos e ao apoio à regulação emocional em contextos críticos. Em Mato Grosso, o cuiabano por adoção José Carlos Assunção Dias, conhecido como Zé Cantor, transformou a própria rotina em laboratório de música com propósito. Músico e musicoterapeuta com formação acadêmica em Portugal, ele se apresenta no Coco Bambu do Estação Shopping, de segunda a sexta a partir das 18h, e participa com frequência das missas no Santuário Nossa Senhora Auxiliadora, em Cuiabá.
“A música não é milagre, é estímulo. Quando aplicada com critério, ela aciona memória afetiva, organiza a respiração e ajuda a equipe a conduzir o cuidado”, afirma.
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A proposta é técnica, com começo, meio e fim. A seleção musical parte do prontuário e do estado clínico, com objetivos definidos como reduzir agitação, criar vínculo e apoiar a adesão ao cuidado, sempre em integração com a equipe multiprofissional. Relatos internos apontam menos ansiedade em períodos críticos e melhor aceitação de procedimentos. Em um atendimento citado por profissionais, um idoso que insistia em retirar o dreno torácico se acalmou após ouvir uma canção marcante. Em outro, um paciente em coma reconheceu a voz do musicoterapeuta ao despertar.
“É intervenção breve, desenhada caso a caso. Primeiro eu escuto o paciente e a equipe. Depois, escolho a música certa para a meta clínica daquele momento. Não é show. É cuidado com método”, diz Zé.
Nascido em Belém do Pará e ex-militar, José Carlos chegou a Cuiabá aos 20 anos. Passou por colégios salesianos e exerceu funções de gestão, treinamento e pastoral. Essa vivência com equipes ajuda a explicar a naturalidade com que transita entre palco, sala de aula, empresa e hospital. “Mesmo em funções de liderança, eu nunca abandonei a música. Ela sempre serviu para abrir conversas difíceis e reorganizar o ambiente”, pontua.
A literatura científica sustenta a prática. Estudos da Universidade McGill (Canadá) e da Universidade Federal de Goiás indicam que intervenções musicais reduzem a percepção de dor quando ritmo e respiração estão alinhados. Pesquisas da Anglia Ruskin (Reino Unido) mostram benefícios em quadros de demência, com menor agitação e sofrimento. As evidências apontam a música como recurso complementar, sem substituir tratamentos médicos. “Musicoterapia é graduação e prática técnica. Trabalhamos com objetivos, registro e integração multiprofissional. A diferença entre cantar no corredor e fazer musicoterapia está no método e no propósito”, resume Zé.
Fora do hospital, Zé Cantor leva a mesma régua para o palco. Em casamentos, eventos corporativos e no circuito cultural, entrega versatilidade que vai de MPB a lambadão rearmonizado, além de repertórios religiosos sob encomenda. A regra central se mantém. “Se o paciente está acordado, você canta o que ele quer ouvir. Ele se reconhece, regula a emoção e participa. No palco, troque paciente por público e a equação continua funcionando.”
A experiência virou ferramenta para empresas. Zé conduz encontros curtos de escuta ativa e regulação emocional para reduzir tensão entre turnos, abrir conversas difíceis e recolocar o foco em metas. O protocolo padrão tem silêncio guiado de um a dois minutos, uma música alinhada ao objetivo do dia e dois combinados operacionais. “Cinco minutos de silêncio e a canção certa podem mudar como as pessoas batem o ponto às 18h”, afirma.
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