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Pesquisadores de MT e 1,3 mil voluntários testaram vacina contra a dengue

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Aline Costa - Especial para o GD

redacao@gazetadigital

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Pesquisadores da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), vinculados ao Hospital Universitário Julio Muller (HUJM-UFMT) participaram do desenvolvimento e teste da vacina da dengue, aprovada pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Cerca de 1300 pessoas da região metropolitana foram acompanhadas durante 5 anos para os estudos, que provaram que o imunizante é seguro e eficaz na redução de mortes e casos graves da doença.

 

A UFMT foi parceira na condução de uma etapa do ensaio clínico, que investiga a eficácia da substância. A vacina foi desenvolvida pelo Instituto Butantan, mas teve parceiros que realizaram testes em 16 centros no país. Cuiabá foi escolhida por ser área de alta transmissão da dengue há cerca de duas décadas. A presença do grupo de pesquisas liderado pelo professor Cor Jesus Fernandes Fontes, investigador principal do estudo, viabilizou os testes.

 

De acordo com o painel do Ministério da Saúde, somente em 2025 Mato Grosso registrou cerca de 35 mil casos da doença.

 

Além disso, 21 pessoas morreram em decorrência da virose e outros 15 óbitos estão em investigação, com dados coletados de janeiro a novembro. No ano passado, 2024, o número de contaminações foi ainda maior, com 41.167 doentes e 32 mortes no mesmo período.

 

“O estado de Mato Grosso tem sido, nas duas últimas décadas, cenário de relevante carga de doença provocada pelo vírus da dengue, que acarreta intensa incapacidade funcional dos indivíduos acometidos e considerável letalidade de grupos vulneráveis. A vacina tetravalente do Instituto Butantan chega em hora oportuna e, certamente, contribuirá muito para o enfrentamento desse importante agravo da saúde pública brasileira”, afirmou o pesquisador Cor Jesus.

 

No Centro-Oeste, apenas Cuiabá e Campo Grande integraram o estudo. A UFMT contribuiu com estrutura física, hospital e equipe, enquanto a parte financeira veio do Instituto Butantan. Na capital mato-grossense, além do professor Cor Jesus, o doutor em Ciências da Saúde e professor da UFMT, Luciano Teixeira Gomes, participou como coordenador no Centro de Pesquisa de Cuiabá.

 

Ele explicou que os estudos começaram em 2016 e foram realizados até 2025, com cerca de 1300 voluntários durante todo o período. Cada uma dessas pessoas foi acompanhada durante 5 anos para identificar qualquer tipo de alteração ou possíveis efeitos colaterais que a vacina pudesse ter. A equipe responsável chegou a ter 30 pesquisadores trabalhando simultaneamente.

 

“A gente acompanhou qualquer tipo de manifestação que o imunizante pudesse dar. A gente observava ali, principalmente, os primeiros 21 dias após a aplicação da substância para ver se tinha efeitos colaterais ou, o que a gente chama na pesquisa, de eventos adversos,” explicou Teixeira ao .

 

Entre as 1300 pessoas, algumas receberam o imunizante, enquanto outras receberam apenas uma dose de soro fisiológico, o que é chamado de grupo controle. Tanto os pesquisadores que acompanham o estudo quanto os voluntários não foram informados sobre o que foi aplicado até o fim do estudo. Essa desinformação é necessária para que os resultados não sejam manipulados ou até mesmo influenciados pelos participantes ou estudiosos durante as avaliações e do acompanhamento.

 

“A alocação do voluntário em um desses grupos é por sorteio. Nem o participante e nem os membros da equipe local tomam conhecimento de qual grupo ele pertence. Esse segredo só é revelado ao final do estudo. O cegamento é essencial para evitar tendenciosidades e outras interferências”, detalhou o coordenador do estudo, Cor Jesus.

 

Após os anos de estudo e acompanhamento, a vacina foi comprovada como segura e eficaz. No Brasil, foram cerca de 20 mil voluntários, que mostraram que a vacina atingiu o objetivo de proteção sem efeitos colaterais.

 

A partir de agora, o Ministério da Saúde iniciará o processo de inclusão do imunizante no calendário nacional do Sistema Único de Saúde (SUS). A vacina brasileira é a primeira desenvolvida de dose única no mundo e isso é um ponto benéfico para a eficácia na imunização, conforme explicou Luciano Teixeira.

 

“Para nós, é uma vitória ter essa pesquisa concluída e ter isso servindo hoje à sociedade de uma forma bem efetiva, principalmente porque é uma vacina de dose única. Isso é importante, pois as pessoas vão aderir mais. Quando você tem mais de uma dose, muitos tomam a primeira e não voltam para concluir o cronograma. Então a vacina de dose única é uma vacina muito melhor para campanhas”, afirmou.

 

Distribuição e aplicação

O Ministério da Saúde comunicou, na terça-feira (9), que as primeiras 1,3 milhão de doses já fabricadas serão destinadas aos profissionais da Atenção Primária, que atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e em visitas domiciliares, seguindo a recomendação da Câmara Técnica de Assessoramento de Imunização (CTAI). A previsão é de que o lote inicial esteja disponível até o fim de janeiro de 2026.

Com a ampliação da capacidade produtiva, o ministério pretende estender a vacinação ao público geral. A campanha deverá começar pelos adultos de 59 anos e avançar gradualmente até atingir a faixa dos 15 anos.

Eficácia
A vacina desenvolvida pelo Butantan demonstrou eficácia de 74,7% contra a dengue sintomática em pessoas de 12 a 59 anos e de 89% contra formas graves e com sinais de alarme.


O Sistema Único de Saúde (SUS) já oferece uma outra vacina contra a dengue, fabricada por um laboratório japonês e aplicada em duas doses, destinada a adolescentes de 10 a 14 anos.

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