06.08.2007 | 03h00
A vida presenteou-me com um casal de filhos e um neto. De acordo com o dito popular, avó é mãe duas vezes ou mãe com açúcar. Gosto de dizer que avó é mãe com mel. Eu mesma fui alvo desse carinho feito de mel por parte da minha avó materna, Bárbara, a ponto de ela, antes de partir, pedir aos meus pais, firmemente, para que me tratassem sempre com muito amor. Essa foi uma das suas últimas recomendações. Hoje, compreendo perfeitamente os seus sentimentos.
Meu neto desperta em mim sentimentos incrivelmente ternos e doces. Todas as vezes em que olho para a sua pequena e adorável figura sinto um jorrar de puro amor sair do meu coração, que se transborda em bênçãos pelos meus olhos, que se estendem a todos os meus. O amor é uma proteção espiritual natural e poderosa que uma mãe dá à sua prole.
O nascimento dos filhos e netos é determinante na expansão do nosso potencial afetivo. Entretanto, quando os filhos nascem, geralmente, ainda somos bem jovens e imaturos, como um fruto verde. Os netos por sua vez, ao chegarem, já nos encontram, quase sempre, mais amadurecidos emocionalmente e prontos para o amor. Então, nós, avós, ofertamos aos netos o vinho do afeto de uma safra mais velha e nobre, sedoso, de qualidade superior e que os nossos próprios filhos ajudaram a elaborar.
Ao lado do meu querido netinho sinto a vida ser intensificada dentro e ao meu redor. Suas risadas, sua voz, suas conversas, suas perguntas inocentes, seu jeito de olhar e de falar, suas diversas e inesperadas expressões faciais têm o poder de sempre me encantar, momento a momento. Muitas de suas expressões fisionômicas estão fotografadas na minha memória, naquela parte em que o tempo não apaga.
Fico a indagar-me como uma criatura de tão pouca idade pode deixar-me duplamente feliz em sua companhia. Quando ele chega em minha casa parece um arco-íris que entra pela porta da sala e vai pintando cada cômodo de vida e de graça. Junto do meu "Pingo Dourado", "Pinguinho de Ouro" ou "Pequeno Buda", forma como às vezes costumo chamá-lo, as pequenas coisas têm um sabor de paraíso - contar-lhe as histórias infantis, observá-lo brincar com a bola e dar seus incríveis e certeiros chutes, passear no Parque Mãe Bonifácia, caminhar pelo bairro onde moro.
São coisas simples, mas que me dão uma grande satisfação interna. Uma agradável e abençoada sensação de sentir-me inteira presente no momento, conectada com a vida, feliz e em paz, sem nada a pedir, sem nada a desejar. Bendigo a Existência e abraço com infinita gratidão a harmonia e o silêncio desses instantes.
Quando brincamos, corremos e gargalhamos juntos, sinto-me tão alegre e jovial que, de repente, procuro a avó e não a encontro. Vejo apenas um ser humano sem nenhuma identificação com a idade cronológica, que renasce em cada encontro com esta criança desde o seu nascimento.
Fico cada vez mais consciente de que viver com aceitação e acolhida da Vida, interna e externa, permite-nos a todo momento caminhar na terra encantada do Shangri-lá. E as pequenas coisas do cotidiano estão cheias de potencialidades de plenitude e celebração, podendo ser portas pelas quais, inesperadamente, o Shangri-lá descortina-se diante de nós, desde que estejamos relaxados, inteiros e motivados em cada ato nosso.
Estar presente e total na convivência com o meu neto, Eduardo Augusto, me tem propiciado conhecer o doce sabor de ser avó. Torço para que as novas gerações tenham a graça de conseguir viver em sintonia e comunhão com a vida. Um desejo profundo de que convivam num mundo mais amoroso que o atual. Que cumpram a grandiosa e simples missão de revelar a presença do amor e da harmonia em suas existências.
Rendo a minha homenagem a todas as avós mato-grossenses, em especial, à avó Cleuza de Albuquerque Garcia, a qual deixou o corpo no dia 24 de julho de 2007, levando em sua alma o amor que dedicou aos seus filhos, netos e bisnetos. O amor nos acompanha em qualquer dimensão.
Benedita Enildes de Campos Corrêa é administradora e terapeuta corporal Ayurveda. Professora de Yoga. E-mail: omsaraas@terra.com.br
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