Operação Ragnatela 06.06.2024 | 16h10
redacao@gazetadigital.com.br
Reprodução
Vereador Paulo Henrique (MDB) teria utilizado contas bancárias do Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização de Cuiabá (Sindarf) para uso pessoal, como na compra de uma bolsa no valor de R$ 5,9 mil. É o que aponta as investigações da Operação Ragnatela, que mirou membros do Comando Vermelho envolvidos na realização de shows em uma casa noturna em Cuiabá. Além disso, o parlamentar teria recebido materiais de construção da facção, que foram entregues na sede do sindicato.
O vereador foi um dos alvos da operação deflagrada ontem (5) pela Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT). A ligação dele ao esquema foi considerada devido a sua relação com Rodrigo de Souza Leal.
Rodrigo era o coordenador do cerimonial da Câmara de Cuiabá e foi indicado ao cargo por Paulo Henrique. Ele, com Wilian Aparecido da Costa Pereira, o dono do Dallas Bar, e Elzyo Jardel Xavier Pires foram exonerados da Casa de Leis ainda nessa quarta-feira (5).
O ex-servidor seria o elo entre a facção e agentes públicos que auxiliavam na realização dos shows. Leal estaria diretamente envolvido nos eventos realizados pelo CV, custeados pelo dinheiro obtido com venda de drogas e outros crimes.
As investigações indicam que o vereador Paulo Henrique teria prestado diversos favores a Rodrigo Leal e à facção. Consta no documento que estes favores depois começaram a ser retribuídos. Uma das situações foi o recebimento de materiais de construção na sede do Sindicato dos Agentes de Regulação e Fiscalização de Cuiabá (Sindarf).
“Durante a análise do afastamento de sigilo fiscal da empresa de Wilian Gordão, identificou-se a nota [...] que registra a compra de telhas no valor de R$10.545,00 [...]. Interessante é que durante a compra foi mencionado o endereço do sindicato ao qual Paulo Henrique é o presidente para o local de entrega das telhas. Este fato reforça ainda mais o laço entre Paulo Henrique e a organização criminosa, configurando mais um indício de que ele se utiliza do sindicato para suas operações financeiras ilícitas”, diz trecho.
Outra situação foi referente a diversas imagens de cartões de crédito/débito, em nome de terceiros, encontradas na galeria de fotos do celular de Paulo Henrique, o que a polícia acredita ser indício de contratação de funcionários “fantasmas” na Câmara. Também foi verificada a compra de uma bolsa de R$ 5,9 com dinheiro do sindicato.
“Foi possível identificar que o vereador se utiliza dos recursos do sindicato para pagamento de despesas pessoais. Foi identificado um comprovante da compra de uma bolsa no valor de R$ 5.900,00 [...]. A compra, efetuada com recursos do Sindarf, sugere que o vereador se utiliza das contas bancárias do sindicato para realizar transações pessoais sem que possa identificá-lo como responsável [...] Essa informação torna-se de grande relevância quando analisada em conjunto com o fato de o sindicato ter recebido material de construção pago pelo grupo ora investigado”.
Ainda é apontada outra ligação entre Paulo Henrique e o grupo criminoso. Foi encontrado um comprovante de transferência bancária do dia 25 de março de 2023, no valor de R$ 1 mil, do Dallas Bar à ex-mulher do sobrinho de Paulo Henrique. Com base na análise bancária das contas do vereador, foram verificadas transferências entre ele e a mulher. Também foram verificadas transações bancárias entre o parlamentar e empresas de Rodrigo Leal e Wilian .
Operação Ragnatela
A Força Integrada de Combate ao Crime Organizado de Mato Grosso (FICCO/MT) prendeu na manhã de quarta-feira (5) um total de 8 pessoas e cumpriu 36 mandados de busca e apreensão em Mato Grosso e no Rio de Janeiro contra membros do Comando Vermelho que usavam casas noturnas em Cuiabá para lavar dinheiro do crime.
Ao todo, cerca de 400 policiais cumpre as ordens de prisão e de busca e apreensão. Há ainda sequestro de imóveis e veículos, bloqueio de contas bancárias, afastamento de servidores de cargos públicos e suspensão de atividades comerciais. As ordens judiciais foram expedidas pelo Núcleo de Inquéritos Policiais da Comarca de Cuiabá.
As investigações apontaram, por exemplo, que os criminosos que participavam da gestão das casas noturnas em Cuiabá utilizavam a estrutura para fazer show de cantores conhecidos, custeados pela facção criminosa em conjunto com um grupo de promoters.
Os acusados repassavam ordens para não que não fossem contratados alguns artistas de outros estados, com influência em outras organizações criminosas rivais, sob pena de represálias da facção.
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