'Agricultura familiar foi abandonada nos últimos anos no Estado', declara senador

O senador Wellington Fagundes (PL) afirmou, em entrevista na última quinta-feira (21), que a agricultura familiar está abandonada em Mato Grosso nos últimos anos. Ele, que é pré-candidato ao governo estadual nas eleições do próximo ano, disse que quer assumir o Estado para melhorar a distribuição de renda.

"Mato Grosso é o estado que mais produz grão e carne para exportação e nós estamos aqui ainda comprando hortifrutigranjeiros. Quantos caminhões chegam a Mato Grosso? Por quê? Porque a agricultura familiar foi abandonada nos últimos 15, 20 anos", contou.

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Ele pontuou que é necessário reorganizar a cadeia produtiva e dar maior atenção às necessidades dos pequenos produtores.

"O pequeno [produtor] não pode ficar abandonado. O cidadão que está lá, principalmente o trabalhador, precisa comer. Ele paga imposto, mas não pode ter essa concentração que está tendo no Mato Grosso. Nós temos que rever isso", explicou.

Fagundes não especificou que tipo de medidas pretende realizar, mas elogiou a decisão do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade), que suspendeu no início desta semana a Moratória da Soja. 

"Nós vivemos um problema sério com a questão da moratória da soja. Conseguimos vencer uma grande etapa. O Cade tomou uma decisão, e isso foi um trabalho conjunto que eu liderei lá em Brasília. Pela primeira vez, nós conseguimos vencer aquilo que era a maior concentração dos grandes tomando dos pequenos produtores", argumentou o senador.

A moratória da soja, na prática, é um acordo comercial voluntário entre as empresas, que começou em 2008 e proíbe a compra de soja proveniente de lavouras desmatadas na Amazônia desde aquele ano. 

Por outro lado, a suspensão do Cade provocou preocupação entre entidades ligadas ao meio ambiente. O Observatório Socioambiental de Mato Grosso (Observa-MT) avaliou que a medida "pode significar o aumento do desmatamento" no bioma e o "descumprimento das metas climáticas pactuadas pelo Brasil".

O Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA) também se manifestou contra a decisão. “A experiência da Moratória da Soja demonstrou que é possível expandir a produção agrícola de forma competitiva, com ganhos de produtividade, respeito à legislação e proteção dos direitos humanos”, diz trecho da nota do MMA. 

Segundo o governo federal, entre 2006 e 2023, houve expansão da produção de soja na Amazônia de 427%, enquanto no restante do Brasil ela cresceu 115%. A maior parte, 97,6% do desmatamento ocorrido nesse período no bioma não foi associado à soja.

(Com Agência Brasil)