13.07.2009 | 03h00
Mostrar possibilidades de incremento de renda, respeitando e valorizando as raízes culturais de comunidades rurais tradicionais é o foco do projeto Sistemas Produtivos de Povos Indígenas e Quilombolas, que o Sebrae está desenvolvendo junto a uma rede de parceiros Universidade Estadual de Mato Grosso (Unemat), Eletronorte e prefeituras de Poconé e Livramento -, em 12 comunidades, incluindo 08 de quilombolas, instaladas ao longo da BR-070 (no trecho que liga Cuiabá a Cáceres), para facilitar o escoamento dos produtos. "O principal pilar do projeto é estimular a produção do que já é cultivado nas propriedades, respeitando a tradição, a cultura, as práticas tradicionais, os valores, bem como viabilizar o escoamento e a comercialização desses produtos, um dos principais gargalos existentes", explica Iane Thé, da Unidade de Agronegócios do Sebrae em Mato Grosso e gestora do projeto.
Os pequenos agricultores plantam, sobretudo, banana, cana-de-açúcar e hortaliças. Muitas comunidades possuem pequenas agroindústrias onde fabricam melado, rapadura, cachaça, doces, banana chip. "Em uma pesquisa inicial, foram detectados grupos de dança, confecção de instrumentos musicais, tecelagem, curtimento artesanal de couro", conta Iane adiantando que a intenção é fortalecer a cultura para criar, no futuro, uma rota turística.
Como as comunidades estão localizadas na região do Pantanal, a preservação ambiental e a produção sustentável é uma necessidade. Por isso está sendo ministrado o curso de agroecologia para 29 pessoas de comunidades de Poconé. O secretário municipal de Desenvolvimento Agropecuário, Urbano Ramos, ressalta que a intenção é ter novos técnicos com habilidade para trabalhar no campo sem o uso de agrotóxicos, uma produção menos agressiva ao meio ambiente. "O curso desperta para a questão ambiental e esse conhecimento vai ajudar esses pequenos agricultores a pensar de forma conjunta, fazer planejamento e ter uma nova visão, incluindo aspectos do empreendedorismo como o estabelecimento de metas", destaca.
Laurinei Vicente de Arruda, de 30 anos, da comunidade Rodeio, com cerca de 30 famílias, que sempre usou agrotóxico na produção de banana, abóbora, pepino, pimentão, e outros, disse que a agroecologia visa a preservação da vida. Rita Madalena da Costa, de 29 anos, da comunidade Forquilha, lembra que sua irmã foi intoxicada por agrotóxico. Ela aponta ainda que o plantio agroecológico, além de ser bom para a qualidade de vida e evitar doenças, permite a produção de produtos com um preço melhor no mercado. "Com esse curso, vamos apreender também a vender melhor nosso produto", constata, referindo-se ao módulo sobre empreendedorismo ministrado por um consultor do Sebrae.
Já Welson de Arruda, de 18 anos, da comunidade Capão Verde, vê no projeto a oportunidade de permanência no campo. "Os jovens agora vão pensar em ficar na terra e não vão mais precisar ir para a cidade em busca de emprego", diz esperançoso com a implantação de uma agroindústria de beneficiamento de banana. Welson, que tem mais três irmãos, de 20, 16 e 10 anos, ressalta que está aprendendo muito com o curso. Ele reconhece que não sabia o que era empreendedorismo, embora praticasse sem saber.
A comunidade onde mora é uma das mais tradicionais no cultivo da fruta, utilizada no fabrico de chip (salgadinho), doce, bala, farinha, produtos comercializados em Cuiabá.
Como já fez em outras experiências, o Sebrae vai criar a marca e a logo para esses produtos, adianta Iane Thé.
Uma das professoras do curso de agroecologia, Eurenice da Glória Silva, de 33 anos, também moradora de uma das comunidades (Forquilha), destaca que a preocupação é em melhorar a vida das pessoas e da comunidade de cada aluno. "Esperamos que eles aprendam a gostar do lugar onde vivem e que desenvolvam uma nova forma de produzir, mais saudável".
Mato Grosso tem mais de 61 comunidades quilombolas em nove municípios, sendo que 26 estão localizadas no município Poconé (104 km de Cuiabá) e seis em Nossa Senhora do Livramento (42 km).
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Algodão
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